Ex-chefe da PlayStation diz que atual modelo de games AAA é insustentável

O ex-presidente da PlayStation Worldwide Studios, Shawn Layden, não está muito satisfeito com o atual modelo de desenvolvimento de games AAA. De acordo com ele, os jogos estão ficando maiores e, consequentemente, mais caros. Por conta disso, eventualmente “não serão sustentáveis“.

Em entrevista concedida à GameLab Live, Layden falou sobre The Last of Us Part II e seu enorme sucesso. Apesar de sentir orgulhoso por ter feito parte da produção, o ex-executivo também comentou a respeito de uma nova tendência na indústria: a criação de títulos longos.

Em The Last of Us (2013), a maioria dos jogadores conseguia finalizar a campanha com uma jogatina de 15 horas. Na sequência, os gamers têm de aventurarem por pelo menos 25 horas para completarem a história. A Naughty Dog precisou de três anos e meio para fazer o primeiro jogo, enquanto gastou seis no segundo.

Layden relembrou que antigamente, as grandes produções chegavam a custar “apenas” US$ 1 milhão. Entretanto, esse valor cresceu exponencialmente na atual geração (com o desenvolvimento de games AAAs ficando entre US$ 80 mi e US$ 150 mi).

O problema é que não é sustentável. Eu não acho que na next-gen você pode pegar esses números, multiplicá-los e achar que você vai continuar crescendo. É difícil para cada jogo de aventura ter entre 50 e 60 horas de gameplay porque vai ser muito mais caro fazê-lo. E no fim, você pode acabar fechando às portas de criadores interessantes.

Entretanto, ainda há outra razão para tornar o modelo de games AAA insustentável: o preço-base continuar o mesmo no mercado. Layden cita que desde o início de sua carreira, os lançamentos sempre chegam a US$ 59,99. Tal valor jamais encareceu, ou seja, se torna difícil arcar com os custos dos projetos.

É US$ 59,99 desde que comecei na indústria, mas o custo (de produção) dos games aumentou em dez vezes. Se você não tem elasticidade no preço, mas tem uma grande volatilidade na linha de custo, o modelo se torna mais difícil. Creio que esta geração vai ver esses dois imperativos colidirem.

Por fim, o ex-presidente da Worldwide Studios recomenda uma volta a modelos antigos: jogos com duração de 15 horas.

Ao invés de gastar cinco anos em um jogo de 80 horas, o que um título de três anos com 15 horas iria oferecer? Qual seria seu custo? É uma experiência completa? Pessoalmente, como um velho gamer, eu recomendaria um retorno ao modelo de games AAA entre 12 a 15 horas.

A tendência citada por Layden pode ser confirmada nos próximos anos. O PS5 e o Xbox Series X possuem janela de lançamento para o fim de 2020.