O que esperar de Battlefield 1?

A Primeira Guerra Mundial é um tema que muitos gamers gostariam de ver em uma grande franquia de tiro há algum tempo, mas que parecia esquecida pelos desenvolvedores até que a EA confirmou que o próximo Battlefield será justamente no meio do confronto entre Tríplice Aliança e Tríplice Entente. Mas por que tanta gente queria ver um jogo do período? E por que até hoje não foi feito? Afinal, quais são os atrativos que um jogo de uma batalha que ocorreu entre 1914 e 1918 pode ter?

Ainda faltam cinco meses até o lançamento de Battlefield 1, em 21 de outubro deste ano, mas o Meu PS4 fez uma análise para tentar responder estas perguntas neste momento de tanta hype em torno do jogo.

Vamos começar do começo. Primeiro, fizemos um rápido panorama do cenário político da Guerra e apresentamos os armamentos e veículos utilizados pelos exércitos da época. Assim, você pode ter uma imersão maior no clima que Battlefield 1 deve ter, além dos possíveis atrativos das batalhas no game. Mas vale lembrar que é este é um pequeno resumo da temática, que é tão rica que poderia render diversos posts sobre o assunto.

I Guerra Mundial

A I Guerra Mundial ocorreu entre 1914 e 1918 e remodelou toda a Europa. Impérios ruíram, novos países surgiram e uma grande redivisão territorial aconteceu no Velho Continente. De um lado estava a Tríplice Aliança, o Império Alemão, o Império Áustro-Húngaro e o Reino de Itália. Do outro, a Tríplice Entente, com Reino Unido, França e o Império Russo. O combate se iniciou, de fato, em 28 de julho de 1914, mas as tensões políticas já eram “antigas”.

Em junho, um estudante sérvio-bósnio assassinou o herdeiro do trono austro-húngaro, o que deu início a uma série de manobras políticas entre os países da região. O Império Austro-Húngaro fez uma série de exigências à Sérvia, que recusou-se a cumprir uma delas: abrir o país para a presença de agentes austro-húngaros. Ao invés de um acordo, houve um bombardeio austro-húngaro a Belgrado, capital sérvia, que foi o estopim do confronto.

A Rússia “defendeu” a Sérvia, e a Alemanha entrou ao lado da Austro-Hungria. Os alemães, então, declararam guerra à Rússia, invadiram Luxemburgo depois partiram para a Bélgica – com o intuito de chegar, enfim, à França. A Grã-Bretanha, aliada dos franceses, então saiu da neutralidade e juntou-se a eles e aos russos no combate para evitar a expansão alemã, que visava criar um grande império germânico.

No fim, a Tríplice Entente, com grande auxílio dos Estados Unidos e após longas batalhas que tiveram cerca de 19 milhões de mortos, não só venceu a guerra como fez ruir os impérios adversários. Após o conflito, porém, pouco durou a paz. O nacionalismo, a separação dos impérios, as repercussões da derrota da Alemanha e os problemas com o Tratado de Versalhes contribuíram muito para o início da Segunda Guerra Mundial, em 1939.

– A Primeira Guerra foi marcante por diversos motivos. Desde o fim dos Impérios na Europa até a nova forma de combate com armas de fogo mais potentes. Além disso, o final dela foi conturbado e foi o que abriu caminho para a Segunda Guerra, onde se definiu muito do que é o continente europeu atual. É um período riquíssimo de histórias, que teve batalhas bastante significativas e que, no fim das contas, acabou sendo considerado um grande erro de todos os envolvidos, porque durou mais do que se esperava e deu mais prejuízo do que lucro – explica a professora de história Maria Eugênia do Nascimento, em entrevista ao Meu PS4.

Metralhadoras, rifles e trincheiras

A Guerra das Guerras ficou marcada pelo uso de armas mais avançadas, e letais, do que as do Século XIX. A metralhadora era pesada e grande, mas muito eficaz contra a infantaria inimiga, para abater rapidamente um grande número de inimigos nos conflitos. O rifle, presente em qualquer infataria, era a arma básica dos soldados, assim como revólveres e pistolas, como a alemã Luger e a britânica Webley, eram portadas por oficiais e policiais militares. Sem falar nas baionetas, que eram rifles com uma espécie de punhal na ponta.

Mas o que marcou mesmo a I Guerra foi a chamada “Guerra das Trincheiras”, que fazia com que o confronto fosse muito mais de paciência e estratégia do que um combate intenso. Os soldados cavavam espaços no chão para se esconder e planejar os ataques: as trincheiras. O arame farpado era muito utilizado, assim como granadas e morteiro. Como a guerra foi, basicamente, a investida dos alemães em outros países, tudo era sobre conquistar/defender territórios. Mesmo que isso significasse viver no inferno.

“O odor fétido nos penetra garganta adentro ao chegarmos a nossa nova trincheira, a direita dos Éparges. Chove torrencialmente e nos protegemos com o que tem de lonas e tendas de campanha afiançadas nos muros da trincheira. Ao amanhecer do dia seguinte constatamos estarrecidos que nossas trincheiras estavam feitas sobre um montão de cadáveres e que as lonas que nossos predecessores haviam colocado estavam para ocultar da vista os corpos e restos humanos que ali haviam”. A frase pertence a uma coletânea de memórias de um veterano chamado Raymond Naegelen, que lutou na região de Champagne, na França.

Tanques, aviões e armas químicas

Os veículos e armas químicas tiveram um papel fundamental na I Guerra Mundial. O tanque, por exemplo, foi uma das vantagens dos franceses. A França apostou nos tanques Renault, blindados e com alto poder de fogo e eles foram cruciais. Assim como os 3.700 aviões que eram para observação e, posteriormente, para confronto, como na histórica Batalha de Verdun, com quase 1 milhão de mortos, que teve a vitória francesa.

Se na terra e no céu a França levou a melhor, no mar a Alemanha usou 350 submarinos para surpreender a Grã-Bretanha no mar. E os germânicos também apostaram nas armas químicas. Em 1915, na Bélgica, introduziu o gás cloro, para os inimigos passarem mal quase instaneamente com problemas respiratórios. Depois, veio o Gás Mostarda. Difícil de detectar e quase inodoro, causava vômitos, problemas de pele e respiratórios e cegueira temporária.

“A primeira Grande Guerra Mundial inaugurou uma nova forma de matar. Armas químicas e aviões foram usados para acabar com o maior numero possível de pessoas ao mesmo tempo”, explica o artigo “Os horrores do dia a dia da Primeira Guerra Mundial”, publicado pelo site Causas Perdidas.

Por quê e por quê não?

Após esta introdução longa, assista novamente ao trailer de Battlefield 1 e procure elementos que citamos aqui. Os aviões, os tanques, as trincheiras, os gases letais… Está tudo lá. E são modelos reais, como aviões Fokker Dr.I e tanques Mark V, além de combate com gás de mostarda, cavalos e zeppelins. O que é um dos pontos mais animadores da produção: parece haver uma preocupação com ser fiel ao período da Primeira Guerra.

– Após uma geração de FPS que tentou imaginar como serão as guerras do futuro, é gratificante saber que poderemos contar com gráficos de ponta para viajar ao passado. Visitar lugares onde grandes batalhas aconteceram é só um aperitivo desde jogo, que além da diversão deve nos proporcionar uma proveitosa aula da história – opina Renato Carvalho, jornalista e CEO da empresa de produção de vídeos 2Oaks, em entrevista ao Meu PS4.

Agora, como tanta gente sempre quis um jogo da Primeira Guerra e variadas empresas já fizeram FPS em épocas históricas, mas nunca houve um título AAA com esta temática? Com a Segunda Guerra, por exemplo, houve vários, como na série Medal of Honor e no começo de CoD. Mas e da Primeira? Só “Verdun”, que fez sucesso no Steam, mas não é uma franquia e sim um título único do tema – muito bom, por sinal.

“As guerras que até então eram no combate corpo a corpo, mudaram para a chamada guerra estática ou guerra de trincheiras. Foram 640 quilômetros de trincheiras escavadas, onde os soldados viviam, morriam e lutavam de ambos os lados”.

A descrição, de Patrick Wesolowski, é um dos possíveis motivos. A Primeira Guerra, é claro, teve seus momentos “altos” de ação e conflitos, mas foi, majoritariamente, uma longa batalha de estratégia e resistência. E não é de tão fácil compreensão quanto a Segunda, por exemplo, se levarmos em consideração o grande público. Talvez isso tenha feito com que ela não se tornasse tão atrativa, a princípio, para as desenvolvedoras de games.

Afinal, o que esperar de Battlefield 1?

A expectativa é enorme. Ainda não sabemos como será desenvolvido o enredo do jogo, só que ele será na I Guerra Mundial. A tendência é de que seja algo adaptado, com algum tipo de protagonista em uma série de missões, por exemplo. Mas pelo que vimos no trailer oficial de divulgação do jogo, não devemos esperar um jogo de paciência. A ação foi bem explorada nas cenas exibidas, e promete ser um dos grandes atrativos do game.

O outro, que é impossível não notar, é o fato de haver uma grande preocupação em manter a coerência histórica em termos de veículos e armamento. Tudo parece ter sido bem estudado e estar sendo reproduzido fielmente, de acordo com o que era usado à época. Como se pode ver com este pequeno resumo e um estudo mais aprofundado, background não falta para um jogo na Primeira Guerra. O próprio site oficial de Battlefield dá pequenos detalhes dele:

“Batalhe da costa italiana até os desertos árabes, com gameplay clássico na campanha cheia de aventura ou em batalhas épicas de até 64 jogadores”, “Deixe sua marca com destruição, seja abrindo crateras no chão ou destruindo paredes”, “Vivencie a origem das armas modernas, onde o novo mundo foi destruído e deu lugar a um novo” e “Use os veículos e armas da Primeira Guerra para batalhar em terra, céu e mar” são algumas frases usadas para descrever Battlefield 1, que tem toda a cara de ter um grande protagonista.

O que mais os usuários esperam é que seja desenvolvido um modo história envolvente, que valha a pena zerar, e um modo online com bons servidores. E a aposta em algo diferente dos jogos de tiro futuristas, que estão virando tradição atualmente, como o próximo Call of Duty, inclusive, foi aprovada pela maioria dos jogadores. Afinal, a própria fanbase dos FPS já vinha pedindo um jogo sobre a Primeira Guerra há algum tempo.

– Acho muito legal a temática, porque está começando a ficar repetitiva essa história de guerra futurista. Só acho que eles vão ter que ser bem criativos, não insistirem muito nessa parte das trincheiras, que na verdade foi algo mais lento na Primeira Guerra, mas mesmo assim dá pra pensar em algo diferente dentro do jogo, até tornando essa parte interessante e fazendo um game muito legal no geral – destaca o professor de geografia Italo Rocha, que é jogador das séries Battlefield e Call of Duty, em entrevista ao Meu PS4.

Ao que tudo indica, Battlefield 1 será um grande jogo. Pela ousadia de arriscar voltar ao passado em uma era onde todos só pensam no futuro. Pelo atrevimento de falar de uma época histórica nunca antes retratada por um game tão grande. Por tudo o que quem produz o jogo promete. E, claro, pelo que os fãs esperam. Até 21 de outubro, novos detalhes de Battlefield 1 serão revelados. Nós estaremos de olho e  prontos para trazer tudo para vocês!

Opiniões dos leitores do Meu PS4

A publicação da notícia do lançamento de Battlefield 1 no Meu PS4 foi um sucesso. No post dela no nosso Facebook oficial, até o fechamento desta matéria, foram quase 7 mil curtidas, mais de 740 comentários e aproximadamente 1,2 mil compartilhamentos. No site, foram mais de 20 mil acessos e dezenas de comentários. Na matéria do primeiro teaser do jogo, foram mais de 20 mil. Confira abaixo algumas das opiniões dos leitores sobre o game.

[Facebook] David Oliveira – Agora sim… Call of Duty c/ essas histórias futuristicas é ruim demais, na minha opinião tem que ser assim como no Batlefield, seguir o passado ou atualmente, seja baseado em fatos ou histórias fictícias, mas não envolvendo futuro.

[Facebook] Bruno Barros Barreira – Meus olhos não conseguem acreditar no que viram….. é absurdamente bom demais.

[Facebook] Marcelo Machado – Isso que queremos! E não ficar pra lá e pra cá que nem o Zoboomafoo se matando.

[Site] Alex dos Santos – Olha, se o objetivo era humilhar o CoD, creio que houve sucesso!

[Site] Adriano Dias de Sousa – Excelente, um trabalho muito bem feito neste trailer, sempre gostei de FPS, jogo desde o Medal Of Honor para PS1 onde a temática sempre foi a 2 guerra mundial, ansioso para chegar outubro.

Opiniões da redação do Meu PS4

A redação do Meu PS4 também se posicionou. Battlefield 1 foi o grande assunto do nosso bate-papo na sexta-feira, e por isso trazemos a vocês o que alguns de nossos integrantes acham sobre Battlefield 1 se passar na Primeira Guerra Mundial.

Daniel Donizetti – Eu acho que acertaram em cheio tanto na temática quanto no momento de anúncio, mas ainda tenho duvidas de como vai funcionar a dinâmica, especialmente por conta das armas da época, até porque a maioria não era automática. Talvez o jogo perca em dinamismo, por exemplo.

Tatiane Inês – A EA e a DICE acertaram em cheio em ambientar seu próximo título de Battlefield na Primeira Guerra Mundial. Além do contexto histórico que enriquece o jogo, há ainda no jogador a sensação de ser ouvido pelas produtoras, pois faz um tempo que clamam por jogos com físicas mais realistas e menos futuristas. Resta-nos aguardar pelos resultados que prometem ser muito bons!

Thiago Barros – Acredito que a escolha foi super acertada. Eu, como fã de história, sempre quis ver um jogo sobre a Primeira Guerra. Joguei muito Medal of Honor, na Segunda Guerra, e achava sensacional. Estou muito curioso para ver a jogabilidade, como vão abordar as trincheiras, as armas mais antigas, mas acredito que é um risco válido de se correr neste momento – especialmente por ir totalmente contra o futurismo do novo Call of Duty, super criticado pelos fãs, e usará uma temática que muita gente quer ver.

Referências sobre a I Guerra Mundial:

https://pt.wikipedia.org/wiki/Primeira_Guerra_Mundial
http://noticias.terra.com.br/mundo/primeira-guerra-mundial-armas/
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2014/06/26/tanques-avioes-e-gases-as-inovacoes-da-primeira-guerra-mundial.htm
http://causasperdidas.literatortura.com/2014/07/03/os-horrores-do-dia-a-dia-da-primeira-guerra-mundial/