PlayStation VR2 faz 2 anos de vida — mas alguém ainda lembra disso?
Após aniversário de dois anos do headset passar batido, seu futuro é cada vez mais incerto
No último final de semana, o PlayStation VR2 completou dois anos desde seu lançamento em 22 de fevereiro de 2023. Anunciado como o futuro da realidade virtual, o headset do PS5 prometia muito, mas não demorou a ser “abandonado” pela Sony.
Com tecnologia de ponta, o acessório trouxe recursos inovadores, como telas OLED 4K, feedback háptico e rastreamento ocular. No entanto, ao soprar suas duas velinhas, o dispositivo parece estar mais perto de ser esquecido do que celebrado.
Entre polêmicas, rumores de descontinuação, críticas da comunidade e um marketing tímido da Sony, o PlayStation VR2 chega a esse marco envolto em incertezas. Mas o que aconteceu com aquele que já foi chamado de “o próximo passo do VR”?
O lançamento promissor e a queda silenciosa
Quando chegou às lojas, o PlayStation VR2 impressionou pela qualidade do hardware. Com resolução de 2000×2040 por olho, controles Sense com gatilhos adaptáveis e um design mais ergonômico que seu antecessor, o headset parecia pronto para brilhar.
O preço, no entanto, já acendeu um alerta: R$ 4.499,90, mais caro que o próprio PlayStation 5 necessário para utilizá-lo. Apesar disso, a Sony divulgou que vendeu quase 600 mil unidades nas primeiras seis semanas, superando o ritmo inicial do PS VR original.
Mas, desde então, os números oficiais sumiram, e o silêncio da empresa começou a levantar suspeitas. Em março de 2024, um relatório da Bloomberg apontou que a Sony havia pausado a produção do PlayStation VR2 devido a um excesso de estoque não vendido, com “mais de 2 milhões de unidades” produzidas e uma queda progressiva nas vendas trimestre após trimestre.

Embora a Sony não tenha confirmado oficialmente a descontinuação, os rumores ganharam força com o fechamento do PlayStation London Studio, focado em jogos VR, e cortes em outros departamentos relacionados à tecnologia em fevereiro de 2024. Para muitos, foi o primeiro sinal claro de que a fabricante estava jogando a toalha.
Polêmicas e críticas: a falta de suporte que irritou a comunidade
Se o hardware do PlayStation foi elogiado, o mesmo não pode ser dito do suporte pós-lançamento. A comunidade não poupou críticas à escassez de jogos originais e à ausência de títulos first-party de peso.
Horizon Call of the Mountain, lançado junto ao headset, foi um destaque inicial, mostrando o potencial da realidade virtual com gráficos impressionantes e mecânicas imersivas. Outros como Gran Turismo 7 e os modos VR de Resident Evil Village e Resident Evil 4 também receberam aplausos, mas a lista de exclusivos parou por aí.

“Faltam jogos que justifiquem o investimento”, é uma reclamação recorrente em fóruns e redes sociais. Enquanto o PS VR original teve sucessos como Astro Bot: Rescue Mission e Blood & Truth, o PlayStation VR2 parece ter sido deixado de lado pelos estúdios internos da Sony.
Títulos third-party exclusivos como The Dark Pictures: Switchback VR e Synapse e ports como Moss e Moss: Book II mantêm o catálogo vivo, mas a falta de novos IPs exclusivos ou adaptações de franquias icônicas decepcionou os fãs.
Outra polêmica foi a incompatibilidade com jogos do PS VR original, uma decisão técnica explicada pela Sony devido às diferenças de hardware, mas que pegou mal entre os novatos na tecnologia. A falta de retrocompatibilidade, aliada ao alto custo, afastou muitos potenciais compradores.
Marketing fraco: o elefante na sala
Se o PlayStation VR2 já sofria com a falta de conteúdo, o marketing da Sony não ajudou a reverter essa percepção. Diferente da agressiva campanha do PS5 ou mesmo da concorrente Meta com seus headsets Quest, a divulgação do PS VR2 foi tímida.
Após o lançamento, os anúncios rarearam, e eventos como o State of Play de 2024 mal mencionaram o dispositivo. Enquanto isso, a Meta dominou o mercado VR com o Quest 3, oferecendo um dispositivo standalone mais acessível e uma biblioteca robusta, incluindo exclusivos como Asgard’s Wrath 2.
A Sony tentou reagir em agosto de 2024 com um adaptador de US$ 60 para conectar o PlayStation VR2 a PCs, permitindo acesso a jogos do Steam como Half-Life: Alyx. Porém, a iniciativa foi recebida com críticas: recursos como rastreamento ocular e HDR foram desativados no modo PC, e o custo extra do adaptador irritou os consumidores.
O futuro incerto do PlayStation VR2
Aos dois anos, o PlayStation VR2 é um paradoxo: um hardware excepcional que parece preso em um buraco estratégico. Rumores de negociações para integrar os controles Sense ao Apple Vision Pro, reportados pela Bloomberg em dezembro de 2024, sugerem que a Sony ainda busca formas de lucrar com a tecnologia, mas não necessariamente no PlayStation.
Enquanto isso, analistas como Yijia Zhai, da Macquarie, apontam que o alto custo e a falta de conteúdo são barreiras difíceis de superar em um mercado dominado por opções mais acessíveis.
Para os entusiastas, o PlayStation VR2 segue vivo graças aos desenvolvedores independentes e à paixão da comunidade. Mas, como disseram inúmeros internautas, o aniversário de dois anos passou batido pela Sony.
No último sábado, a fabricante sequer postou algo em suas redes oficiais. Blogs ou lançamentos de jogos? Nem pensar. Para quem estava com altas expectativas, especialmente pelo aniversário de dois anos do PS VR ter Borderlands VR, a celebração pareceu mais um enterro.

Sem um esforço significativo da empresa — seja em jogos exclusivos, marketing agressivo ou uma queda de preço —, o PlayStation VR2 corre o risco de repetir o destino do Vita: um dispositivo adorado por poucos, mas abandonado por quem o criou.
Vale lembrar que isso, de fato, ainda não é o fim. O ano de 2025 já está programado para trazer grandes lançamentos, como Firmament, The Midnight Walk, Aces of Thunder, Zombie Army VR, Hitman: World of Assassination, Slender: The Arrival VR, Wanderer: The Fragments of Fate, The House of Da Vinci e outros. Mas se isso será o suficiente, apenas o tempo dirá.
Parabéns, headset do PS5, mas será que alguém ainda vai lembrar do seu terceiro aniversário? Compartilhe sua opinião nos comentários.