ONRUSH: Vale a Pena?
ONRUSH oferece aos jogadores um jogo com veículos, mas que não é uma corrida.
ONRUSH é a reunião de vários elementos de jogos de sucesso. Tem aquela pegada destrutiva de Burnout, incentivo competitivo à la Overwatch e a insanidade de MotorStorm. É divertido, afinado em jogabilidade, com ótima trilha sonora, mas não tem uma identidade própria. Falta-lhe carisma.
A ausência de personalidade faz com que o jogo não se decida em qual sua verdadeira missão e propósito. É uma pena, já que algumas ideias foram até que bem executadas e proporcionam bons momentos de jogatina.
Mas ainda assim falta algo ao jogo. Que, definitivamente, não é ruim.
Talvez, pelo bom retrospecto dos desenvolvedores – os mesmos de DriveClub – , o game possa ganhar aditivos mais únicos no futuro. Quem não se lembra dos massivos DLCs do jogo de corridas exclusivo do PS4?
Vencer não importa
É bem estranho uma primeira partida. Em ONRUSH não há disputas por posições. Não há pódio ou recompensas por chegar em primeiro. Na verdade, não existe “primeiro”, “segundo” ou “terceiro”. ONRUSH é um jogo de equipes contra outras equipes.
O seu objetivo é, trabalhando em conjunto, vencer a equipe adversária. E você o faz nocauteando os adversários, somando pontos, usando boosts, ganhando mais tempo através da passagem por portais, etc.
Aqui ele se parece com Overwatch por contar com classes de carros específicas, habilidades únicas bem singulares e até um sistema de premiações (medalhas de prata, ouro). Se você já experimentou o multiplayer da Blizzard, rapidamente vai perceber as inspirações. É uma sensação de “já vi isto antes”.
E da mesma forma, os modos se rotacionam: passar por portões de tempo, conquistar a área, dar um ‘takedown’ nos adversários, conquistar pontos com uso extensivo de tubos. Funciona do mesmo jeitinho.
E claro, isso implica em sincronia da equipe. Não adianta você conquistar segundos preciosos para o time, quando alguns só se preocupam com o ‘takedown’. É necessário foco no objetivo da missão.
O que peca um pouco é no HUD. Frequentemente você vai vencer ou perder sem nem ao menos saber como está o desempenho da sua equipe. A disposição das informações é confusa e não ajuda em deixar claro como estão indo as coisas.
Por outro lado, o visual é bem bacana. Embora não esteja no mesmo nível de DriveClub, ainda assim é bonito. O desenho dos carros e dos ambientes está a altura. Destaque para os cenários com nevascas, onde a visibilidade é baixíssima, o que deixa o jogador apreensivo a cada a metro percorrido.
Já os cenários não são tão criativos. As pistas são largas, em sua maioria, e oferecem bons pontos para barbeiragens, mas se repetem muito e não se destacam tanto. As vezes, mesmo sabendo que o cenário é diferente, tem-se a impressão que é igual aos demais.
Um ponto bem positivo é a jogabilidade precisa e saborosa. Os controles são fáceis e extremamente funcionais, deixando a experiência arcade no ponto ideal para diversão. Diversão, por sinal que acontece sim. É muito legal estar no caos de corredores disputando um ponto ou quando você é o motivo daquele acidente monumental. Tudo isso embalado por uma playlist de muito bom gosto. Tem baladinhas, batidas mais pesadas e algo mais animado.
Destaque ainda para localização. O título está todo localizado para nosso idioma e o trabalho ficou muito bom. Os fãs de Goku (Dragon Ball Z) reconhecerão, imediatamente, a icônica voz de Wendel Bezerra. Tem até umas interpretações engraçadas como: “o mensageiro do caos”, bordão do divertido Rômulo Mendonça da ESPN.
Só não ajuda muito o tempo de respawn. Por ser um jogo bem veloz e dinâmico, frequentemente você será arremessado fora da pista ou mesmo por inabilidade deverá reiniciar. E neste ponto se sentirá frustrado com a enorme demora para um reposicionamento. Leva-se muitos, mas muitos segundos até que você esteja de volta a ação.
Um jogo veloz
ONRUSH é bem assertivo em sua entrega. Existe o single-player que na verdade é apenas um treino, com todos os modos e possibilidades. O evidente foco está no multiplayer online. E ele é muito acessível. Você seleciona e pronto, já entra em uma partida com pouquíssimos segundos! Tanta competência em encontrar adversários tem uma explicação: o jogo preenche os espaços vazios com IA. E, na medida que a partida se desenvolve, outros jogadores vão compondo os esquadrões.
E você não precisa ser um jogador que domina as pistas ou jogos do gênero. A proposta é bem receptiva para todos os perfis, mesmo aqueles que não são fãs de corridas. Este é um outro ponto em comum com Overwatch, que também não exige, a priori, habilidades avantajadas em FPS.
É entrar, jogar e se divertir. Simples e fácil.
É RUSH, mas até quando?
ONRUSH é um jogo bem divertido em suas primeiras horas. Mas você logo começa a ficar extenuado da ideia e começa a perceber que está fazendo sempre a mesma coisa (alô, Trivago). As pistas se repetem (com variações de horário-clima), os modos também e a ideia acaba ficando um pouco maçante.
É por aqui que a falta de tempero próprio começa a pesar no conjunto da obra. Falta-lhe mesmo um “algo a mais” que possa lhe assegurar longevidade. Talvez se houvesse algum modo mais tradicional, com a competição por lugares, houvesse mais espaços para que o jogo conquistasse uma fatia de jogadores e entusiastas.
Vale lembrar ainda que as microtransações e caixas de loot estão presentes por aqui. O que certamente não é fator que contribui para imagem do game.
ONRUSH chegou ao PlayStation 4, Xbox One e PC em 05 de junho. O review foi feito em um PS4 ‘padrão’ com uma cópia do jogo cedida gratuitamente pela Codemasters.