Dragon Quest Builders: Vale a pena?
Com uma ideia diferente de todos os outros títulos da saga, Dragon Quest Builders chega como uma nova aposta da Square Enix.
O jogo, lançado em janeiro deste ano no Japão, chegou neste mês de outubro ao ocidente com intuitos claros: explorar a criatividade dos jogadores e cativá-los pelo fator nostálgico.
Com mecânicas de crafting semelhantes ao Minecraft, o jogo ainda cultiva as características da série e consegue, mesmo frente a tantos nomes de peso, um momento de destaque.
História
Sim, Dragon Quest Builders é um jogo de construir. Mas tem história. E embora seja um tanto clichê, os desenvolvedores conseguiram subverter a linha tradicional em um enredo bem carismático.
A introdução é direta. O protagonista simplesmente acorda em uma caverna sem recordações de como ou quando chegou ao local. Guiado pela luz “O Espírito da Terra”, o tutorial guia os primeiros passos e tudo começa.
O Espírito da Terra explica que o mundo, Alefgard, já foi um local próspero até que Dragonlord, um temível vilão, conquistou o mundo e caberá a você jogador, o Lendário Construtor, colocar ordem nas coisas através das suas habilidades de construção.
Construindo e vivendo
Dragon Quest Builders é um sandbox com muitas características de RPG de ação. Assim visto nas primeiras imagens do jogo, é impossível não imaginar uma fusão de Zelda com Minecraft.
As mecânicas de construção e criação de itens são básicas. Para construir uma cidade são necessários materiais básicos e matérias primas localizadas em diversos locais do mapa.
O mesmo funciona para os utilizáveis. Conforme progressão, itens devem ser encontrados para cura e alimentação. Para descansar inclusive, é necessário uma casa adequada com portas, entrada de luz, etc.
Basicamente é isso. Procurar materiais e comida, construir e viver. Mas, em questão de jogabilidade, Dragon Quest: Builders peca em alguns detalhes.
Como descomplicar o complicado?
Como exposto na imagem acima, o menu inferior exibe os materiais coletados. Eles são exibidos na ordem em que foram coletados e a única maneira de organizá-los é por um botão específico que os organiza por tipo.
Com tantos itens no inventário, a gerência fica mais complexa. O ideal seria a implementação de filtros.
Conforme avanço, existe a possibilidade de criação de baús onde os itens são armazenados. Obviamente isso também é limitado e, como pode-se imaginar, o mundo é repleto de materiais.
O problema é a organização desse baú. Para retirar e colocar qualquer item, é necessário ir de um em um, selecionar as abas disponíveis e, como dito anteriormente, não existe filtro. O que nos faz perder horas só na sua organização.
Outro problema que também incomoda, porém menos, é a câmera. Principalmente em ambientes fechados.
A maneira como colocamos os objetos onde queremos construir também é um pouco complicada. Não é possível girar os objetos para que eles se encaixem em determinadas posições.
Viver para lutar e lutar para viver
A batalha não é o principal foco do jogo, embora ela também esteja presente. O mais legal é conseguir materiais para construir nossas próprias armas e equipamentos.
No melhor estilo Zelda de ser, temos apenas que chegar perto dos inimigos e bater. simples. Algumas batalhas de chefe também estão presentes e trazem mecânicas diferentes como construir muretas de proteção e bombas, por exemplo, fazendo com que cada batalha tenha um aspecto singular.
Uma outra forma de batalha é algo que se baseia um pouco nas mecânicas do tower defense. Construímos nossa base, levantamos muros, criamos armadilhas e temos que protegê-la dos ataques dos monstros. Não chega a ser um tower defense completo em si, mas é um aspecto que condiz com a temática do jogo e não compromete.
A parte RPG de Dragon Quest Builders
Como dito no início, Dragon Quest Builders não é só um jogo de construir, embora este seja o foco.
Ele amarra muito bem as mecânicas de construções com um aspecto de RPG já conhecido dos outros games da franquia. Esse é um detalhe que visa prender os jogadores que não são muito habituados aos jogos estilo sandbox, mas que irão gostar de construir suas próprias coisas.
Conforme nossa cidade vai crescendo, novos habitantes chegam para enriquecê-la. Cada NPC traz suas quests, geralmente focadas em encontrar alguém ou construir algo.
Existem também algumas side-quests. Estas estão espalhadas em NPCs ao longo dos mapas e, dependendo do modo como jogamos, podem até passar desapercebidas.
Embora a mecânica RPG seja bem implementada, ela também peca em alguns pequenos detalhes.
Algumas quests são marcadas no mapa e na nossa bússola com um enorme “Q”. Bem fácil de localizar. No entanto, para a maioria delas e para todas as side quests, não temos como saber quais estão ativas e se quisermos saber o que precisamos fazer, temos que ir de encontro ao NPC que ativou a mesma.
O problema seria resolvido rapidamente com o uso de um quest log simples, que inexplicavelmente não existe no jogo. Ou seja, não é possível visualizar as quests realizadas ou as ativas. Então, se por ventura nos esquecermos de algo, simplesmente ficará pra trás.
Uma outra coisa que também facilitaria muito em questão de gameplay seria a marcação dos materiais necessários. Por exemplo: se precisamos construir algo que precise de cobre e madeira e, por ventura não temos estes materiais, bastaria marca-los como prioridade e ir em busca de locais onde conseguiríamos.
Marcas registradas da franquia Dragon Quest
É difícil acharmos um jogo da série Dragon Quest que peque em elementos técnicos como aspecto visual e sonoro. A trilha sonora é muito bonita, tranquila e resgata o sentimento de qualquer fã de JRPG e da própria franquia.
É comum nos pegar cantarolando os temas das cidades e até dos mapas, que funcionam muito bem para nos passar o verdadeiro sentimento da situação atual de Alefgard.
O design dos personagens é tão carismático quanto os mesmos e o próprio enredo do jogo. Os traços já conhecidos de Akira Toriyama, responsável pela arte dos personagens dos jogos da franquia e também de animês como Dragon Ball, são perceptíveis de longe. Os olhos dos personagens são tão cativantes que é impossível não se encantar.
A geografia dos mapas é muito bem distribuída e torna simples a localização dos recursos necessários para criar o que quer que precisemos. Os mesmos possuem o aspecto “minecraftzesco”, todo divido em blocos, o que facilita para o nosso Lendário Construtor.
Vale a pena?
Com um estilo diferente do proposto pela franquia, mas mantendo características que chamam os fãs da série e do gênero JRPG, Dragon Quest Builders é um jogo viciante e muito divertido.
Construir sua própria cidade, focar nos seus próprios objetivos pessoais ou ir de acordo com o rumo da história seguindo as quests, consegue trazer um sentimento muito gratificante e horas de diversão. Nem que seja só para se exibir com tudo o que construiu.
A história do jogo, embora clichê, é bem envolvente e cumpre o seu objetivo de entreter o jogador. Estamos criando nossa própria cidade, mas não precisamos ser egoístas e deixarmos os humanos de lado nesta briga contra os monstros.
Os pontos fora da curva, basicamente são relacionados à implementações básicas no gameplay, podem comprometer um pouco da diversão e fazer com que o jogo se torne um pouco cansativo. O que deixa mais triste é que são coisas básicas e simples de serem resolvidas.
Por isso, mesmo em meio a tantos grandes lançamentos, se o que você procura é horas e horas de diversão em um mundo simples porém muito carismático e cativante, com um estilo de Jogabilidade viciante, Dragon Quest Builders é recomendado.