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Battlefield 1: Vale a pena?

por Daniel dos Reis
Battlefield 1: Vale a pena?

Eu nunca fui à uma guerra. O mais próximo disso que cheguei foi em dois momentos: ao prestar o serviço militar obrigatório e ao assistir a mini-série Band of Brothers, incontáveis vezes, e ao filme O Resgate do Soldado Ryan. Contudo, com Battlefield 1 eu tive um pequeno vislumbre do que possa ser um conflito bélico em grandes proporções.

2 - Selo de Ouro

O game produzido pela DICE entrega exatamente aquilo que se espera de um Battlefield: Intensidade. Battlefield 1 é o melhor jogo de guerra dos último anos e ele se constrói com um tripé: campanha, multiplayer e ambientação.

Confira nossa avaliação do game que está disponível nas prateleiras a partir de hoje (21).

 

Cada soldado luta sua própria guerra

“Numa guerra não há vencedores, todos somos perdedores”.

Em um movimento que promete agradar a maioria dos jogadores, a DICE decidiu deixar um pouco de lado os conflitos contemporâneos e se enveredou pela Primeira Grande Guerra, até então pouco explorada nos videogames.

Ao invés de contar uma única história, o estúdio optou por narrar vários pequenos contos. Desde um chofer inglês que se tornou condutor de blindados, até corajosos australianos que devem enfrentar Otomanos na sangrenta Batalha dos Dardanelos, o enredo explora diferentes “Histórias de Guerra”.

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As narrativas são bem interessantes e tentam explicar que cada soldado encarou a guerra à sua própria maneira. Muitos simplesmente enlouqueciam nas trincheiras, já outros entravam no conflito somente pelas glórias (medalhas), existiam aqueles que lutavam pela família e entes queridos e por fim, os que foram forçados, por meio de uma convocação.

Ao todo são seis micro-campanhas. Cada um conta uma história diferente.

O estúdio acerta ao oferecer distintas experiências. Ao contrário da maioria dos jogos de FPS, onde controla-se somente um personagem que exclusivamente atira com armas portáteis de emprego individual, em BF1 a campanha oportuniza a utilização de blindados, aviões, obuseiros e metralhadoras. Vivencia-se uma guerra por completo.

A campanha também passa por diversos Teatros de Operações. França, Itália, Oriente Médio, etc. Cada um com suas características singulares.

A tão falada “Guerra de Trincheiras” também é apresentada e de forma bastante incisiva. Nas extensas linhas de combate da Frente Oriental, com bombas caindo a todo instante, soldados correndo de peito aberto para morte, gritos, desespero…está tudo presente.

Por sinal, o começo da campanha de BF1 nos faz lembrar os áureos tempos da série Medal of Honor, principalmente do capítulo Frontline, mais precisamente no desembarque do Dia-D.

Mas a escolha de mini-histórias tem seu preço.

Pesa em desfavor da campanha a sua duração. O single-player é curto e leva de 6h a 8h para ser concluído. Este formato impede que os jogadores se identifiquem mais profundamente com os protagonistas. Não cria-se vínculos e uma ou outra morte não causa tanto impacto.

A versão nacional é totalmente localizada. Entretanto, esperava-se muito mais da dublagem, principalmente por se tratar de um Battlefield em um conflito que mudou os rumos do mundo.

O problema fica por conta da entonação das vozes. Às vezes a missão está em um momento sensacional, com tiros, explosões, ataques de artilharia, enfim, o mundo está, literalmente, desabando e os atores falam como se fosse um diálogo normal.

No multiplayer também persiste a falta de motivação. Quando se está atrás na partida, geralmente uma voz tenta incentivar o avanço, mas a narradora não coloca tanta emoção no script.

Não chega a ser uma falha igual a escalação do “cantor” Roger Moreira, quando o artista foi um dos dubladores de Battlefield: Hardline, mas poderia ser melhor.

Do tripé que sustenta o game, a campanha é o mais frágil deles. Na verdade, o correto seria, o “menos bom”.

A campanha de Battlefield 1 é curta e pode ser comparada a uma paixão avassaladora – agrega sentimentos que mexem com nossos sentidos, tira nosso equilíbrio e acaba abruptamente. A parte boa é que não gera o terrível vazio de um fim de romance. Afinal o melhor ainda está por vir.

O verdadeiro campo de batalha

Battlefield é o que é em virtude do seu multiplayer. A campanha na verdade serve apenas como aperitivo, um tira gosto.

Neste ponto, toda expertise da DICE começa a despontar. Aproveitando toda experiência obtida em Battlefield 3, 4 e Star Wars: Battlefront, o estúdio implementa modos consistentes, divertidos e até muito bem balanceados, algo surpreendente. Geralmente, o equilíbrio só era atingido após algumas semanas.

O estúdio é inteligente o suficiente para saber que não poderia usar exatamente a mesma fórmula empregada em Battlefield 4. Afinal, são contextos díspares.

Mas, as mudanças não foram bruscas. A essência do game continua a mesma. As adições e ajustes serviram como um refinamento da receita de sucesso, como nas classes.

Em BF1 temos: Assalto, Suporte, Médico e Batedor. Não existe mais a classe de Engenheiro, esta foi diluída entre todas as anteriores. Caberá aos médicos reparar veículos, já a Assalto conta com os recursos ofensivos para destruir os blindados e por fim, o Suporte ficou com o encargo de distribuir munições. Todas elas estão muito bem balanceadas .

BF1 não conta com a vasta quantidade de armas presentes no BF4. Neste aspecto, os desenvolvedores optaram por concentrar esforços na qualidade.

Mas ainda sim elas são bem variadas – pistolas, rifles, fuzis, metralhadoras, etc – são diversas as opções. E, como sempre, existem as personalizações: adições de mira, kits e desbloqueios.

Dessa vez, ao contrário de liberação automática após a conquista de um determinado número de experiência, agora os jogadores são premiados com moedas in-game. Com elas, é possível liberar uma arma-item-recurso, ficando então a decisão de desbloquear primeiro aquele equipamento que mais agrada.

Outro ponto, são as próprias armas em si. Elas modificam completamente a jogatina. Enquanto as temáticas mais modernas contam com ferramentas automáticas, miras telescópicas de longo alcance, lasers, termais, etc, no jogo mais recente não é assim, obviamente.

E as armas e jogabilidade ainda continuam com sua precisão carrancuda, característica marcante da série. Elas se comportam de maneiras diferentes. Ajustar sensibilidade, dominar o recuo e conhecer o equipamento ainda são fundamentais para um bom desempenho.

A robustez provoca a experimentação de várias delas, até que se encontre ou adapte alguma ao estilo preferido, sempre levando em consideração: recuo, cadência e dano.

E não somente as armas portáteis, mas as de emprego coletivo também exigem um pouco de estudo. Cada blindado se locomove em uma velocidade, controlar um dirigível é substancialmente diferente de um avião de caça e assim por diante.

Por sinal, ser um Às dos ares não é uma tarefa trivial. Os exemplares de combate são muito leves e altamente maleáveis, exigindo treino.

Por fim, existem os cavalos. Estes não são muito “manobráveis”, muito em virtude da possibilidade de não acessar todos os locais. São legais no começo, mas acabam ficando de lado com o tempo.

Neste sentido, os combates são um pouco mais cadenciados, mas não menos explosivos. Eles apenas foram apimentados com um pouco mais de estratégia.

Por sinal, os jogadores devem entrar no multiplayer com intenções claras de ajudar o time. Battlefield 1 é um jogo onde o trabalho é em prol  da equipe, e focar nos objetivos é preponderante. De nada adianta conquistar um K/D elevado se a equipe adversária conquistar todos os pontos de interesse.

Claro que “matar” faz parte da diversão, mas são eliminações conscientes.

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E existem vários modos onde os jogadores podem colocar suas habilidades à prova. Os tradicionais Conquista, Cada Equipe por Si, Dominação e Investida estão lá, brilhando intensamente com vários mapas (9 no total).

Os destaques ficam por conta da inclusão de dois novos modos: Pombos de Guerra e Operações:

Pombos de Guerra: Duas equipes competem para capturar e soltar pombos. Os pássaros, após soltos, levam mensagens para artilharia que, logo em sequência bombardeia as posições inimigas. Vence o lado que soltar com sucesso três pombos primeiro.

Operações: Com vários mapas baseados em batalhas reais, o objetivo é conquistar a vitória por completo. A grande sacada é que a guerra toma proporções épicas. Na medida em que os pontos são conquistados, novos objetivos adiante são colocados. Cada setor conquistado libera outros.

Nesta opção, tem-se mesmo a percepção do tamanho dos mapas e da magnitude da operação. Você pode começar dentro das trincheiras, lutando ferozmente pela posição. Conquistando, você deve prosseguir para os moinhos, avançando posteriormente para um vilarejo e só então culminar em um colina fortemente protegida.

Tudo é altamente dinâmico. Você pode iniciar de batedor, neutralizando a defensiva inimiga, evoluindo para uma classe de suporte, colaborando no reabastecimento do time e utilizar a classe assalto para os combates mais próximos, no vilarejo. É uma evolução da batalha.

E o combate pode, literalmente, virar de acordo com a situação. Sua equipe pode estar na dianteira da luta, mas uma forte neblina pode tornar tudo mais complicado. Os adversários podem se valer da mudança climática e subverter seu progresso, retomando os pontos perdidos.

EA e DICE acertaram ao mudar das guerras atuais para um conflito mais antigo. Foi um passo seguro na direção que a grande maioria desejava.

A Guerra como ela é

O último pilar fundamental circunda entre os outros dois. A ambientação de todo o jogo é algo surpreende. Mesmo que nós já saibamos do gabarito da DICE como produtora, é impossível não se impressionar.

O visual do jogo é sua própria carta de recomendação. Battlefield 1 é belíssimo.

O estúdio refinou o trabalho visto em Star Wars: Battlefront e entrega gráficos de ponta, um dos melhores desta oitava geração.

A Frostbite evolui como engine e propicia momentos singulares, principalmente na destruição de cenários, as melhores desde de Battlefield: Bad Company 2.

Basta uma granada explodir por perto para que uma cratera se abra no lugar, a força brutal dos blindados, construções são arrasadas durante bombardeios. Quase tudo é passível de demolição.

Tudo isso orquestrado por uma trilha sonora que representa a guerra com fidelidade. Tiros zunindo, infantaria inimiga se aproximando (botas ecoando no chão), aviões cortando o ar, gritos…tudo contribui.

Inclusive nos detalhes. Dentro de um blindado por exemplo, você pode usar a metralhadora e ouvir as capsulas caindo dentro do tanque.

Nos ataques, quando estão todos entrincheirados, o silêncio mortal é interrompido por apitos que indicam que é a hora de avançar. Neste momento, a cavalaria surge aos berros, bombas caem, amigos morrem. Surreal.

E mesmo que os mapas, principalmente na Conquista e Operações, sejam colossais, você nunca se sente só. É impressionante como a equipe conseguiu criar algo grande e denso.

Um dos momentos mais impressionantes é quando surgem nos combates o amedrontador Zeppelin. A estrutura se destaca no cenário e, quando abatida, vai ao solo compassadamente destruindo locais e explodindo majestosamente.

Mas, tanta beleza não sai ilesa de problemas. Apesar de muito bonito, o game conta com pop-in e algumas falhas nas animações, mas não são corriqueiras e não interferem na experiência.

Senhor de Reis

A dupla EA-DICE cumpre com as elevadíssimas expectativas e entrega aos jogadores exatamente o que eles querem.

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Categorizar Battlefield 1 como um simples FPS é um ultraje. Estamos diante de um verdadeiro jogo de guerra, com várias possibilidades de jogabilidade. Quer ser um aviador? Você pode! Quer controlador um cruzador e bombardear as posições inimigas? Aqui tem! Quer ser um herói como Vassili Zaitsev? Assuma seu rifle! Escolha o que você quer ser.

Se a Primeira Guerra Mundial foi responsável por acabar com vários impérios europeus, Battlefield 1 conquista a coroa de Imperador (senhor de reis) dos jogos guerra.

Daniel dos Reis
Daniel dos Reis
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Jogando agora: Call of Duty Black Ops 6
Manager do MeuPS e um cara de muita sorte por trabalhar com aquilo que gosta.