RAGE 2: vale a pena?
RAGE 2 traz uma ação visceral e desmedida, contrastada com problemas de framerate e história desconexa
Vamos começar a análise falando o óbvio. RAGE 2 não é aquilo que prometeu ao longo dos meses. A sensação é que ocorre aqui uma espécie de “desordem de dissociação de identidade”. O novo título da id Software e Avalanche tenta ser muitas coisas ao mesmo tempo. No final, ele não executa muito bem qualquer de suas mecânicas.
Ele é brutal, mas não é como DOOM, outro título da dev./publisher. Ele é ousado, mas não chega a ser um Borderlands 2. Ele tem um imenso mundo aberto, mas vazio e despovoado de atividades. Ou seja: ao tentar abarcar todas essas características, ele se perde em sua execução.
Mas o que vale aqui é que RAGE 2 tenta. Ele tenta ser bom, com combates ferozes, inúmeras possibilidades de evolução. Tem uma história rasa, o que o faz focar ainda mais no que ele tem de melhor a oferecer – confrontos brutais e armas exageradas. Foque no que é bom, e sinta a fúria do jogo.
Um jogo furioso
RAGE nunca foi muito sobre contar uma história elaborada. E já nos primeiros isso já fica claro. Tudo começa quando a Autoridade, inimigo do primeiro jogo, retorna 30 anos depois, com força total. O caos já impera. E cabe a você, sem entender muito do que está acontecendo, defender seu lar e aqueles que lhe são queridos.
Como era de se esperar, tudo dá errado. Você se torna a única esperança de todos os sobreviventes do evento apocalíptico que já quase destruiu a humanidade anos antes… e você já pode imaginar o resto. Até chegar ao fim do jogo, o enredo se concentra em “vá lá/mate/colete/volte/repita”. Nada muito elaborado.
Existem, claros, momentos em que a narrativa brilha. Como a motivação do General Cross em capturar os “primeiros genes”. Mas estes são esparsos entre si, sem possibilidade de algo mais aprofundado. O que não será de tanta importância, visto o excelente trabalho de dublagem, com uma localização competente em nosso idioma.
Hora da matança!
Por falar em “vá lá/mate coisas”, se existe algo no qual RAGE 2 realmente se sobressai é na ação desenfreada. A desenvolvedora id Software (DOOM) implementou um sistema de combate visceral, com mecânicas se casam como uma luva na proposta.
As armas são variadas e possuem uma execução satisfatória. Seus tiros tem peso e consistência. Os poderes são variados, e adicionam uma profundidade maior nos combates. Traçar estratégias é essencial para a vitória. Apesar da violência desmedida, avançar de peito aberto é pedir para ser morto.
O combate veicular é igualmente prazeroso. Especialmente contra comboios inimigos que viajam no ermo, e são pegos de surpresa. E para finalizar, o título é um dos mais completos no quesito aprimoramentos dos poderes e armas.
Esta, sem dúvida, é a área em que o jogo brilha. Infelizmente, são bastante esparsos estes momentos. E os confrontos tendem a durar pouco. Seria interessante mais inimigos, estradas cheias de oponentes, e mais acampamentos, para que o caos e destruição pudessem reinar por mais tempo.
Jogabilidade pouco aproveitada
Como já dissemos, o jogo brilha na violência visceral. Para que isso seja possível, os controles são muito bem responsivos. Não há atrasos, e os comandos são bem calibrados. As melhorias são inúmeras e há muito do jogo para ver, para quem gosta de explorar.
A questão é que não há uma estrutura favorável para isso. O jogo principal pode ser completado em inacreditáveis 6 horas. O que é muito pouco, para um jogo desse tamanho. Ao final, além da exploração e de algumas missões extras, não há motivos para continuar a exploração.
Com isso, evoluir seu personagem ao máximo requere muito mais hora, o que pode se tornar bastante tedioso. A ambientação do título ajuda a suprir um pouco este problema. É prazeroso viajar pelas terras desoladas do ermo e perceber o cuidado que a desenvolvedora teve na recriação de um mundo devastado.
As missões extras, inclusive, somente são interessantes para se conseguir mais pontos de melhoria. E não há sequer um contexto para elas. Existe, sim, muita falação para, no fim, o sujeito dizer “vai lá e pega/mata isso pra mim”. Falta conexão entre as partes.
Rosa-Shock era para ser a cor mais quente
Algo que realmente se sobressai no jogo é sua violência gráfica. Cabeças explodindo, membros decepados, corpos mutilados, tudo com um alto nível de detalhes. Mas isso não quer dizer que os gráficos do jogo sejam tão elaborados. Por vezes, o jogador terá a sensação de estar jogando algo da geração passada.
Outra questão é o problema da queda de framerate. Isso pode ser observado especialmente em momentos mais frenéticos, onde há uma nítida diminuição da fluidez do jogo. Além disso, nota-se uma falta de sincronia entre legendas e dublagem. E, por fim, o título vem travando constantemente, fechando sem motivo aparente.
Alguns destes erros já foram corrigidos. Mas outros ainda persistem. O que torna a jogatina um tanto menos divertida.
Mas e ai? Vale ou não vale?
Mesmo com tantos problemas, RAGE 2 não deixa de ser divertido, à sua própria maneira. Tem uma diversidade grande de conteúdos, um imenso mapa para desbravar, e combates absurdamente brutais, feitos para aqueles que sabem apreciar uma dose desmedida de violência gratuita.
No entanto, o título também sofre com problemas no framerate, falta de uma história mais concisa, e ideias pouco exploradas, ou mal conectadas e contextualizadas. Além disso, os gráficos poderiam ser mais bem trabalhados, e o título vem sofrendo com travamentos constantes.
Não, RAGE 2 não é o melhor shooter desse ano. Mas sim, ele é um dos mais divertidos, e certamente terá um lugar em sua prateleira – física ou digital – no momento em que surgir aquela promoção maneira.
Veredito
RAGE 2
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: id Software, Avalanche Studios
Jogadores: 1 jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Violência visceral e desmedida
- Excelente dublagem
- Combate veicular aprimorado
- Bastante conteúdo extra
Desvantagens
- História repetitiva e desinteressante
- Travamentos constantes
- Falta de sincronia legendas/dublagem