A Plague Tale: Innocence: vale a pena?
Novo título da Focus Home tem narrativa ousada, mas trava no gameplay bem repetitivo.
Ele começa com um garotinho bem doente e um cachorro morrendo, então não dá para negar que A Plague Tale: Innocence é um jogo “corajoso”. O que não é novidade vindo da Focus Home Interactive, que já tem no currículo títulos como os mais recentes World War Z, Vampyr e Call of Cthulhu, além de Divnity.
Trabalhar com temas históricos e, ao mesmo tempo, sobrenaturais, já é comum para a empresa, e A Plague Tale: Innocence segue o mesmo caminho. Só pelo nome já dá para saber muito bem do que se trata: a Peste Negra, devastadora doença que dizimou dezenas de milhões de pessoas no Século XIV.
O game se passa na França nos anos 1340, quando a doença se espalhou na Europa. O jogador assume o papel de Amícia – uma jovem nobre francesa que precisa proteger seu irmão, Hugo, da Inquisição. Tudo isso em meio a muitos – MUITOS – ratos negros tentando mordê-los.
Histórico e Envolvente
Ratos. Muitos ratos. E não daquele jeitinho fofinho – tipo Mickey ou Ratatouille. São os ratos-pretos, responsáveis por transmitirem a peste à época. Desde o menu do jogo, eles estão presentes. Mas não são os únicos inimigos que você irá encontrar com Amícia e Hugo.
A história começa com a peste aparecendo ainda misteriosamente no castelo onde eles vivem com a família, e logo a Inquisição bate à porta da família em busca do pequeno Hugo. Os motivos só são revelados bem depois, mas para evitar a perseguição, a irmã mais velha foge com ele.
No caminho, eles enfrentam várias aventuras e descobrem novos amigos que ajudam Amícia a desenvolver técnicas de lidar com os ratos e os soldados da Inquisição. Além de fugir dos inimigos, a dupla precisa encontrar uma cura pra Hugo, que tem uma doença misteriosa que era tratada escondida por sua mãe.
Além da chamada Morte Negra, esse período na França também teve ficou marcado por guerra – a Guerra dos 100 anos, contra a Inglaterra. Ou seja, é muito mais do que um “conto da peste”. É um período histórico crucial para a Europa e o Mundo de forma geral.
O desenrolar da história é um dos principais pontos do jogo, e apesar de haver alguns elementos relativamente óbvios, ainda assim o enredo prende bastante o jogador. É uma motivação interessante descobrir qual a verdadeira história – não só de Hugo, como da família toda.
A Plague Tale: Innocence é dividido em capítulos, que podem ser “rejogados” depois a partir do menu. A narrativa é bem linear, mas isso não incomoda. A história é contada direitinho, os personagens são bem desenvolvidos e você consegue criar um laço de afinidade com eles.
No fim das contas, a história fica meio parte para um lado sobrenatural, o que pode ser bom ou ruim, depende muito da interpretação de cada um. Na nossa avaliação, foi um desfecho satisfatório, apesar de alguns detalhes ficarem sem respostas. Ao todo, são 17 capítulos, que te dão cerca de 15-20 horas de jogo.
Jogabilidade decepciona
Mas para aguentar até o fim e desvendar tudo o que há por trás da história da família De Rune, o jogador precisará ter paciência com um ponto que deixa a desejar: o gameplay. A jogabilidade de A Plague Tale: Innocence não chega a ser uma praga, mas é um ponto decepcionante.
Primeiro, pela movimentação dos personagens – meio travada, e com diversos momentos em que sua corrida é limitada a andar no ritmo que o jogo quer. Os bonecos parecem meio “travados” andando. Não há aquele realismo, a fluidez que se espera de movimentos em jogos dessa geração.
Além disso, ele é, basicamente, um jogo stealth. Amícia até ganha um recurso ou outro de combate aqui e ali, mas normalmente o que você precisa fazer se resume a esquivar-se de guardas e ratos. Isso acaba deixando o jogo um tanto repetitivo com o passar do tempo.
Isso porque os quebra-cabeças também não ajudam. Os modelos são muito parecidos, não importa o momento do jogo em que você esteja. Quase tudo gira em torno de usar o fogo para mexer com os ratos. Há alguns bem estilo Uncharted, mas com dificuldade bem baixa.
Por falar nisso, é clara a inspiração em alguns outros jogos: God of War, pelo fato de você “comandar” Hugo de forma semelhante ao que acontece com o Atreus, e The Last of Us, por toda a carga emocional e relacionamento entre pessoas em um mundo “apocalíptico”.
A qualidade do gameplay, porém, é bem mais parecida com a de games que a própria Focus Home Interactive publicou – e não foram lá tão elogiados por isso assim – nos últimos meses, como World War Z, Vampyr e Call of Cthulhu. E isso, sem dúvidas, é uma pena, porque o jogo tem um baita potencial.
Há alguns momentos bem satisfatórios, claro, elementos de RPG e crafting pra melhorar as habilidades de Amícia e o uso de diferentes tipos de “munição” em seu “estilingue” podem criar efeitos super bacanas (tipo queimar os ratos todos) em algumas ocasiões, mas ainda é pouco.
Vale citar ainda que A Plague Tale: Innocence é um jogo curtinho – e você até pode voltar aos capítulos, buscar colecionáveis, mas não há um fator replay dos mais altos. Ele não tem mundo aberto, nem decisões que influenciam no enredo. Então é daqueles games para jogar, zerar e abraço!
O aspecto histórico, a narrativa envolvente e o bom trabalho de localização (os menus e legendas estão em português; só o áudio é original) merecem elogios, porém acabam ficando em segundo plano perto de uma jogabilidade “travada”. E nem mesmo os gráficos ajudam a pesar a balança pro outro lado.
A Plague Tale
O Meu PS4 testou o jogo em um PlayStation 4 Pro, mas o resultado não foi dos mais positivos. Ele não é um game feio, mas também não está no nível que nós esperamos de um título lançado no final dessa geração que já nos brindou com tantos e tantos games estonteantes visualmente.
A ambientação é até bacana em termos conceituais, os cenários são muito bem construídos, mas o resultado final não impressiona. Tanto nos locais como nos personagens, ele apresenta renderizações corretas, nada de bugs, porém sem aquele nível realista de visual dos últimos jogos do PS4.
Até mesmo os ratos, que eram para ser algo repulsivo, ate assustador, acabam ficando meio “trash”. Eles parecem os Heartless de Kingdom Hearts em versão ratinhos. E os movimentos deles são bem esquisitos e exagerados; rola até um tipo de “furacão” de ratos – novamente, igual aos bichinhos da série da Disney.
Por isso, A Plague Tale: Innocence é um jogo que talvez fique um pouco distante da sua lista no momento. Mesmo custando menos do que um AAA, ainda sim é um valor considerável (R$ 180). Mas vale esperar aquela promoção. A não ser, claro, que você tenha muito interesse em jogos que tenham uma história que se destaca muito mais do que a jogabilidade.
Veredito
A Plague Tale: Innocence
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Asobo Studio
Jogadores: 1 jogador
Comprar com DescontoVantagens
- Enredo envolvente
- Personagens bem construídos
- Ambientação histórica
- Game ousado
Desvantagens
- Gráficos deixam a desejar
- Jogabilidade "travada"
- Ratos acabam ficando "toscos"
- Puzzles fáceis e repetitivos