[Spoilers] E agora, Kratos? O que vem por aí no próximo God of War?
Após zerar o jogo, é impossível não pensar na sequência, né?
[Atenção] Este artigo conta com MUITOS spoilers de God of War.
Se você já viu os créditos do novo God of War passando, duvido que não está pensando na sequência da franquia. Quando Kratos e Atreus voltam para casa, então, mais ainda. Aliás, é bem improvável, mas caso você ainda não tenha voltado ao lar da família após terminar a história, faça isso agora antes de ler o restante do texto.
Pois bem, a nossa equipe também está ansiosa pelo próximo capítulo da saga de Kratos e ̶A̶t̶r̶e̶u̶s̶ Loki. Por isso, resolvemos juntar algumas informações que podem dar um norte ao jogador após esse final misterioso e surpreendente do novo God of War. Mas vale lembrar, claro, que nem tudo no jogo ocorrerá de forma exatamente igual à mitologia.
E, caso você ainda não esteja muito familiarizado com a mitologia nórdica, leia o especial que fizemos antes do lançamento do jogo. Ele é uma pequena introdução à diversidade e todas as criaturas que fazem parte desse riquíssimo universo, que, como bem disse Cory Barlog, tem tanto assunto que dá pra fazer mais cinco jogos de God of War.
Loki
Vamos começar com o primeiro plot twist que, infelizmente, é só na última cena do jogo – ou quase isso. Quando Kratos revela que a mãe de Atreus queria chamá-lo de Loki. Depois de essa bomba cair, é bem fácil entender algumas dicas dadas durante o jogo – e que ninguém percebeu, certamente.
Loki é o “deus da trapaça” e uma figura que divide opiniões. Cory Barlog e seu time fizeram muito bem o dever de casa e colocaram Atreus em um papel fundamental, de um deus que é envolto em muito mistério até mesmo na própria mitologia, e que é facilmente adaptável à situação de Kratos e da série.
Comecemos do começo: a mãe de Loki é uma gigante, chamada Laufey – sim, ela é a Faye de quem Kratos fala. Nisso, o jogo é exatamente igual à mitologia. Mas o pai de Loki não é nenhum Fantasma de Esparta nas histórias nórdicas, e sim Farbauti, um jotun com poderes elétricos. O mito é que ele é um raio e Laufey as folhas. Do encontro deles, sai Loki, o fogo.
Só que pouquíssimas coisas são faladas sobre a família de Loki, seja em Edda em verso, Edda em prosa ou Heimskringla. Por isso, é facilmente compreensível entender que haja espaço para Kratos “entrar” nessa família. Farbauti pode simplesmente ser ignorado pelo jogo, ou ser parte da história inicial de Kratos na mitologia nórdica.
Loki, por sua vez, é uma figura central de tudo o que acontece. Ele é um misto entre deus e gigante, tem grande senso de estratégia e costuma enganar os outros para conseguir o que deseja/precisa. Prova disso é que, segundo as lendas nórdicas, ele obtém alguns dos itens mais desejados da época.
Ajuda Thor a recuperar seu martelo Mjölnir, roubado pelos gigantes, pega Gungnir, a lança de Odin, Gungnir, os cabelos de ouro de Sif e o navio mágico de Freyr, Skidbladnir, e ainda lidera um exército no Ragnarök. Ah, um detalhe: sabe quem cria todas essas armas lindas, maravilhosas e poderosas? Um anão chamado Brokk…
Duas características marcantes de Loki são sua facilidade de relacionamento com animais e sua habilidade de transfiguração. Lembram quando Atreus, quando descobre que é um deus, pergunta se poderia se transformar em bichos? Mais uma dica… Além, claro, da sua rápida mudança de humor, se achando superior a todos.
Mas a principal conexão disso tudo é aquela representada em um painel que só Kratos olha no fim da aventura, antes de jogar as cinzas de Faye do alto de Jotunheim. O desenho tem Atreus e Kratos, aparentemente bem mal, com uma cobra na boca do menino. A ligação ao destino de Loki na mitologia aqui é tão clara que pode ter até mais de uma interpretação.
Loki começa a ter a inimizade dos deuses quando é responsável pela morte de Baldur. Ele dá uma flecha de um visgo encantado para o deus cego Hoder, que a atira em Baldur. Era aquele o único material do mundo capaz de ferir Baldur – algo que acontece também, mas de forma um pouco diferente, em God of War.
E aí entram as possíveis interpretações do painel: um, aquela cobra é a que pinga veneno sobre a cabeça de Loki quando os Aesir o pegam e o fazem pagar pela travessura que foi responsável pela morte de Baldur, ou então ela é a Serpente do Mundo, Jörmungandr, que segundo a mitologia, é um gigante, filho de Loki.
Thor
Agora, vamos para a tal “cena bônus”, após o retorno de Kratos para casa. Em um “sonho”, Atreus vê, “anos depois”, Thor indo à porta deles. Aparentemente, para tirar uma dúvida ou outra com a dupla. Lembra bastante o que acontece quando Baldur vai lá no começo desse novo jogo – o que já parece ser um baita sinal.
É bem provável que, assim como Baldur é o grande antagonista de Kratos no primeiro jogo, Thor seja o “vilão” do segundo. Mas, por que, “anos depois” dos acontecimentos de God of War (como a morte dos filhos de Thor), o Deus aparece na porta de Kratos e Atreus furioso, com o martelo soltando raio pra tudo quanto é lado?
Mas vamos falar um pouquinho do background de Thor para tentar encontrar dicas. Deus do trovão, ele é o mais famoso dentre os nórdicos. Tem até série de filmes da Marvel. Ele, curiosamente, é bem parecido com Atreus/Loki. É deus e gigante. Afinal, é filho do “Todo Poderoso”, Odin, e da jotun Jord.
Além do seu martelo super poderoso, Mjolnir, possui um cinto capaz de lhe dar mais força ainda, o Megingjord. Thor vivia no reino de Pruohemir, em Asgard. Para os Aesir, sempre foi visto como o destruidor do mal, e uma espécie de príncipe, inferior apenas a seu maior deus, Odin.
Por isso, Thor sempre foi o símbolo e o principal comandante da luta dos deuses contra os gigantes. No Ragnarök, sua missão é derrotar a Serpente do Mundo, Jörmungandr. E está justamente nessa relação com os gigantes a provável conexão entre ele, Kratos e Atreus a ser revelada no próximo God of War.
Ele vê em Atreus/Loki algo parecido com ele, sabe que Faye era uma gigante e que eles já se comunicaram com Jörmungandr durante a jornada. Sem falar no fato de terem “matado” um de seus irmãos. Seria natural ir atrás deles sabendo que o Ragnarök está por chegar e, consequentemente, sua última batalha contra os gigantes.
Fimbulwinter
Mas como Thor sabe que o Ragnarök está chegando? É bem simples. O jogo acaba com o Fimbulwinter. Na mitologia nórdica, esse é o grande inverno, que dura por três anos, antes do Ragnarök. É como um prenúncio do fim dos tempos. Um frio, obviamente, bem maior do que o normal, toma conta da região.
É no fim desse período que todos os eventos que irão implodir o Ragnarök acontecem. E é por isso que a cena de Thor, “anos depois”, provavelmente é nessa época. Ainda sem que essa batalha épica esteja em andamento, até porque Kratos e Atreus estão tranquilamente dormindo em sua casa, mas bem perto de ser iniciada.
Ragnarök
Toda mitologia ou crença tem o seu “Juízo Final”. Na nórdica, é o Ragnarök. O final de tudo como se conhecia em uma grande batalha. É uma palavra que vem do nórdico “ragna”, que significa “deuses”, e “rök”, que seria “destino”, “final”, “desenvolvimento” ou “causa”. Sendo assim, o significado de ragnarok é algo como “destino dos deuses”.
E o que diz a lenda sobre o que vai acontecer no Ragnarök? Muita coisa. O principal, para nossa história, é que Loki e Thor são os grandes comandantes dos dois lados da batalha. Gigantes contra Deuses. Uma batalha intensa, que termina com muitas baixas – inclusive deles dois mesmo.
O Ragnarök começa quando os lobos Skoll e Hati conseguem pegar o Sol e a Lua. A Terra fica em trevas, o chão treme e Loki é solto, assim como os outros gigantes. Os mortos que vêm do inferno ressurgem e vão lutar ao lado deles. Em Asgard, os Deuses se juntam aos mortos de Valhala, e todos vão aos campos de Vigrid, onde ocorre a batalha.
Fenrir, um lobo gigante, filho de Loki e pai de Skoll e Hati, mata Odin. Vidar vinga seu pai e parte o lobo em dois. Thor também tem uma luta épica, ao enfrentar Jörmungandr. Ele até mata a Serpente do Mundo, mas é envenenado e também morre. Loki mata e é morto por Heindall, guardião da ponte que levava ao reino dos Aesir.
Até a Árvore dos Mundos começa a ruir. A maioria dos deuses morre, mas Vidar e Magni, além de um casal de humanos, que se escondeu na carcaça de Yggdrasil (Lif e Lifthrasi), sobrevivem. E, após o final da batalha, são eles quem iniciam um novo universo. Porém, tudo isso são apenas histórias; profecias.
E você, provavelmente, lembra do que Kratos fala com Mimir em algum momento desse novo God of War, certo? Que ele não acredita que tudo esteja escrito. Por isso, e pelas claras adaptações feitas por Cory Barlog em cima da mitologia, é bem provável que os destinos não sejam exatamente assim no jogo.
Com isso, começam as teorias!
Viagem no tempo?
Por exemplo: como será essa iniciação do Ragnarök com Loki sendo somente uma criança, que acabou de descobrir sua real origem? É um ponto polêmico, mas que já parece (quase) certo. Há algumas dicas com referências claras a um conceito de uma viagem no tempo. A primeira é com os anões.
Brok e Sindri – que são personagens reais na mitologia e, de fato, criavam várias grandes armas, como o próprio martelo de Thor – viajam entre os mundos com a maior facilidade. Não chega a ser uma viagem no tempo, mas é algo bem impressionante e que abre um caminho para mais explorações desse tipo.
Atreus é outro exemplo. Se ele é Loki, como Jörmungandr já está vivo, se a Serpente do Mundo é filho de Loki? Quando eles se encontram pela primeira vez, inclusive, o gigante afirma que Atreus é familiar. E quando Mimir fala da Serpente, conta que a batalha contra Thor foi intensa ao ponto de fazer com que Jörmungandr voltasse no tempo.
Outro detalhe curioso é a presença de Kratos já estar desenhada no mural em Jotunheim, assim como em um vaso no cofre de Tyr. Seriam profecias ou representações de algo que já aconteceu em algum momento? Kratos já se aproveitou do poder de viagens no tempo anteriormente, lembram?
Manipulado… de novo?
Há um momento, na luta entre os Elfos Negros e Brancos, que um deles diz que Kratos e Atreus estão brigando pelo lado errado. Poderia ser simplesmente relacionado à batalha dali, mas e se for algo maior? E se Kratos, novamente, estiver sendo manipulado e indo contra algo que ele mesmo prega durante o jogo: que tudo tem dois lados?
Nós não sabemos nada sobre Faye, esposa de Kratos e mãe de Atreus, a não ser que ela os enganou, fingindo ser uma mera mortal, e os fez reabrir a passagem de Jotunheim para Midgard de alguma forma. Ou seja, era de interesse dela que os dois fizessem tudo o que fizeram.
Inclusive, Cory Barlog, diretor do jogo, confirmou que foi Faye quem pintou os murais. Foi Faye quem fez toda essa jornada primeiro. Foi Faye quem teve as visões do que poderia acontecer no futuro – algo que Atreus herdou. Ou seja, mais do que uma gigante, ela era também muito mais exploradora e forte do que Kratos e Atreus imaginavam.
A explicação mais clara era de que ela, que na verdade é “Laufey, A Justa”, mãe de Loki, queria que seu filho e seu marido iniciassem uma sequência de eventos que inicie todo o Ragnarök. E, com isso, de alguma forma, tentar reviver os gigantes para, com o Deus da Guerra da Grécia ao seu lado, derrotar os deuses nórdicos.
Só que, novamente, tudo tem dois lados. Na mitologia, os Deuses sempre foram a Luz, e lutavam contra as Trevas, representadas justamente pelos Gigantes. Tanto que na guerra final, os espíritos honrados lutam com os Deuses, e quem estava no Hel vai ajudar Loki e seu exército de gigantes.
E se, apesar de serem pintados como vilões desde o começo, Thor, Odin e companhia, de fato, forem os mocinhos, e Kratos estiver brigando pelo lado errado? Não seria a primeira vez que o Fantasma de Esparta passa por isso…
As Visões de Jotuns
Quando Baldur vai à casa de Kratos, ele pensa que “O Estranho” está procurando por ele, por ser o Deus da Guerra da Grécia, ou até mesmo por Atreus. Mas nunca imagina que o objetivo dele era encontrar Laufey. Por que? Simples. Ela é uma das últimas gigantes que ainda vivem, e sabe como entrar em Jotunheim.
Ciente do Ragnarök, Odin pretende se defender e mudar o rumo das profecias. Para isso, pretende adquirir o poder de visão do futuro que os gigantes têm – inclusive, Atreus conta com essa habilidade, claramente mostrada na cena final do jogo, quando ele “sonha” que Thor chega à porta da casa deles no futuro.
Em vários momentos, Mimir fala que Odin é um cara controlador e que quer saber de tudo que acontece e ter domínio sobre tudo. O problema é que Laufey já viu o futuro, e por isso deu início a essa jornada de Kratos e Atreus. A morte dela ainda não foi revelada. Talvez a gigante tenha sido morta por um deus, ou talvez tenha se sacrificado “pela causa”.
De qualquer forma, independente da teoria, o ponto que parece certo é: todos querem ter o poder de mudar o destino. De fazer com que a previsão do Ragnarök não se cumpra. Pelo menos, não integralmente. Que a grande batalha vai ocorrer, não há dúvida. Mas que seja possível alterar seu resultado que já foi escrito.
Vanaheim
Uma personagem fundamental nesse novo God of War é Freya. As histórias que Mimir nos conta sobre ela são sensacionais, e todo o mistério com ela no começo, a revelação de que é uma deusa, mãe de Baldur… Tudo é muito bem contado. Especialmente as variações que vemos no relacionamento entre ela e Atreus e Kratos.
Ela promete se vingar de Kratos após a morte de Baldur. Logo ela, Rainha das Valquírias, e mais poderosa deusa dos Vanir. Ou seja, depois daquela batalha, é bem provável que ela tenha voltado para Vanaheim, consumida pelo ódio já natural de Odin e agora ainda mais de Kratos por ter matado seu filho.
Vanaheim é um mundo que não visitamos no primeiro jogo, então faz todo o sentido que seja uma área jogável no segundo. Os próprios deuses Vanir aparecem muito pouco. Se percebe um foco bem maior nos Aesir. Porém, como há muitos conflitos entre eles, não devemos demorar a ver algo disso na série.
Tyr?
Na Grécia, Kratos destrona Ares e se torna o ̶B̶o̶m̶ ̶d̶e̶ ̶G̶u̶e̶r̶r̶a̶ Deus da Guerra, com todas as características do seu antecessor. Mantendo essa lógica, por que não pensar que o seu futuro é “virar” Tyr? Faz total sentido, especialmente tendo em vista que ele agora não tem mais aquele viés violento e vingativo.
Tyr é um deus que prefere a conversa e a paz como instrumento para evitar a guerra. Uma divindade que viaja pelo mundo e se relaciona com todo mundo. Se encaixa com um perfil diferente de Kratos que vemos, não? Afinal, é um Deus da Grécia, na Mitologia Nórdica, e colocá-lo nesse papel seria algo bem interessante para o futuro da franquia.
Afinal, depois da série atual, haveria a possibilidade de ir para outras mitologias, como pro próprio Egito, que Cory Barlog disse ter considerado bastante para esse novo God of War, antes de saber que Assassin’s Creed iria para o Egito Antigo em Origins.
Vale lembrar que Kratos encontra um vaso com uma representação sua e uma bebida da sua terra natal no Cofre de Tyr. Podem ter sido presentes de uma possível visita dele aos deuses gregos, mas também pode significar algo mais do que isso, não?
God of War II?
E a última dúvida é: como diabos vai se chamar o próximo jogo? Afinal, já existiu um God of War II. Tudo bem que já existia um God of War, mas é uma situação muito diferente quando se trata de uma sequência.
Será que teremos “subtítulos”, como Ascension, Ghost of Sparta e Chains of Olympus? Nos parece muito cedo para arriscar qualquer coisa, mas se esse for o caminho seguido, vem aí um God of War: Ragnarök? Talvez não no próximo, mas no último jogo da nova franquia?
Conte para a gente suas teorias e qual você acha que pode ser o nome do segundo game dessa aventura de Kratos pela Mitologia Nórdica. Além disso, se você ainda não assistiu, confira a entrevista de Cory Barlog ao Spoilercast da IGN americana. É espetacular!