Cosmic Star Heroine: É indie mas…
Simplicidade e carisma mesclados com um combate divertido e desafiador!
Mais um RPG financiado pelo Kickstarter, Cosmic Star Heroine leva os jogadores mais entusiastas à uma viagem no tempo de volta a era 8-16 bits com um jogo cheio de referências diretas. E novas (e bem vindas) inclusões.
Com uma arte peculiar e muito intimista lembrando clássicos como os antigos Final Fantasy e Chrono Trigger, o jogo desenvolvido pela Zeboyd Games cumpre a proposta, oferece uma jogabilidade sólida, entretanto, peca pela escassez de ousadia e o excesso de simplicidade.
Em um mercado abarrotado de jogos com temáticas e características tão difundidas, Cosmic Star Heroine acaba surgindo como um excelente desafogo para voltar à uma época na qual as coisas não eram tão complexas como mundos extraordinariamente abertos e o principal foco era no carisma, na exploração e em uma história envolvente.
Carisma o jogo tem de sobra. No entanto, existem ressalvas quanto à exploração e principalmente à história ao analisarmos o jogo como um todo.
- Jogo: Cosmic Star Heroine
- Desenvolvido e distribuído por: Zeboyd Games
- Onde encontrar: Aqui (R$ 45,90 – Versão para PSVita previsto posteriormente)
O futuro no passado
Cosmic Star Heroine é situado em algum lugar no futuro, no melhor estilo cyberpunk. Em um mundo corrompido e cheio de ameaças, foi necessária a criação de uma organização governamental para manter a paz. Esta foi chamada de API, Agência de Paz e Inteligência.
Alyssa L’Salle, a carismática protagonista do jogo, é uma das principais agentes da organização e realiza uma série de missões externas para a API, das mais simples até as mais perigosas, sempre visando a paz e o equilíbrio do mundo.
Pelo menos, à princípio, é assim que ela, e os jogadores consequentemente, pensam. Na verdade, logo nas primeiras missões do jogo, acabamos descobrindo que de fato a organização tem outras intenções, que acabam sendo destrinchadas com o decorrer do jogo.
Cabe à Alyssa e os amigos que se juntam à sua causa, irem atrás de informações e auxílio de outros companheiros para evitar um mal maior que pode corromper todo o mundo, tanto as pessoas quanto os robôs que o habitam.
É de fato um enredo no maior estilo ficção científica. E também é tão clichê que pode ser o mesmo para 80% das obras focadas no tema. Embora básica e sem muitas reviravoltas, a história de Cosmic Star Heroine apenas cumpre seu papel. Assim como boa parte do jogo, como veremos a seguir.
RPG de raiz
Simplicidade é uma palavra que encaixa muito bem em Cosmic Star Heroine. Talvez este tenha sido o foco dos próprios desenvolvedores ao recriar um jogo como eram os clássicos dos 8 e 16 bits.
No entanto, excesso nunca é satisfatório. Mesmo quando falamos de simplicidade.
Controlamos de 1 a 4 jogadores que andam pelo mapa. O objetivo, como em todo RPG, é falar com os personagens para pegar dicas e informações, colher itens, e vasculhar dungeons. Tudo normal. Cosmic Star Heroine compreende todas estas características. Mas fica nisso.
Não existe nenhum puzzle muito complicado, apenas botões que abrem portas e coisas do gênero. A única complexidade talvez resida no fato de que o jogo não tem um mapa ou um mini-mapa. Mas como os ambientes não são tão abrangentes assim, isso é facilmente contornado.
Já a batalha, por outro lado, traz diferenciais muito bem vindos e que oferecem desafios à cada combate. Por mais estranho que pareça ler isso quando o jogo é só um RPG sci-fi baseado por turnos.
Habilidades diferenciadas
Um dos diferenciais aqui é a ausência do conhecido MP – os magic (ou mana) points. Pode não parecer, mas só isso já oferece uma dinâmica diferente aos combates.
Os personagens tem 8 habilidades e cada uma delas só pode ser usada uma única vez, salvo excessões. Para usá-las novamente, o personagem terá que defender por um turno.
Além das habilidades normais, ainda existem os programas, que são tipos de habilidades secundárias fornecidas pelas armas. Estas geralmente são melhores mas não podem ser recarregadas.
Embora tudo isso soe como mudanças pontuais, o jogador acaba tendo urgência para cada um dos turnos, necessitando pensar muito bem sobre como utilizar este turno precioso.
Atacar? Defender? Curar um amigo e ficar exposto? E o que fazer quando não há mais habilidades? Assim como em um jogo de xadrez, o jogador precisa pensar pelo menos 3 turnos à frente para que não acabe vulnerável.
Cada batalha é única!
Para dar ainda mais dinâmica, as habilidades são exclusivas de cada personagem. Nenhuma é igual à outra e sempre oferece um efeito particular.
Os inimigos não são nada bobos e irão se aproveitar de qualquer vacilo. Caso a luta termine em derrota, é possível reiniciar a mesma sem loading, ou aceitar a derrotar e voltar no último ponto em que o jogo foi salvo.
Ao fim de cada combate, todas as habilidades são recarregadas, assim como o HP. Isso faz com que cada combate seja único e o jogo não se torne monótono ou chato. Afinal, um jogo de RPG tem muito de batalhas e exploração.
Além disso, existe o style e o hype. O estilo aumenta conforme agimos e quanto maior, mais forte os ataques e a resistência. Já o hype é ativado depois de certa quantidade de turnos e dobra o ataque e a resistência. Tudo isso tem que ser usado com parcimônia.
Outros fatores que implicam diretamente na dinâmica das batalhas são os equipamentos, divididos em armas, escudos e acessórios. Cada um específico e que deixa sempre uma pulga atrás da orelha do jogador por ter tantos efeitos diversos e não só força.
Simples assim
Todo o carisma de Cosmic Star Heroine reside em sua simplicidade, embora nela também esteja o ponto no qual o jogo se foca em excesso.
Os gráficos são intimistas e remetem aos clássicos do gênero. A arte das cutscenes são lindas, assim como o design dos personagens que são muito bem feitos e trazem o carisma do jogo.
É muito bonito ver o que pode ser feito com tão pouco orçamento, apreciar a beleza em cada pixel nas dungeons do jogo e também no mapa com todos os personagens esbanjando carisma em suas formas tão distantes da realidade dos jogos atuais.
Embora os gráficos no jogo sejam simples e intimistas, as cutscenes trazem cenas bem desenhadas e caricatas, mesmo que sem muita movimentação ou algo trabalhado de forma extraordinária. Algo que fugiria até da proposta do jogo.
Trilha sonora intimista
A trilha sonora composta pelo estúdio Hyperduck Soundworks segue o mesmo rumo. Muito bonita, lembra muito dos clássicos e surge no momento certo.
Os instrumentos são usados da melhor forma possível, fazendo com que os temas dos personagens não soem de forma monótona ou cansativa aos ouvidos.
As músicas dos ambientes também são muito bem implementadas fazendo com que o jogador acabe cantarolando-as sem perceber.
Uma ressalva pertinente no que tange este quesito é que, por vezes, a trilha sonora foca muito em se parecer com temas clássicos, o que faz com que a mesma perca identidade e acabe se tornando apenas algo que já vimos.
Mas novamente é isso. Uma trilha sonora bonita, boa, cumpre seu papel e não compromete em nada a jogabilidade.
É Indie mas…
Cosmic Star Heroine é um jogo muito divertido. Sua jogabilidade e a dinâmica dos combates fazem deste um título muito recomendado, sobretudo para os entusiastas do gênero.
A história muito simplória talvez surja como principal ponto negativo para o game, mas este é facilmente superado pelo carisma dos personagens, pela exploração e pela busca de novos itens, equipamentos e novos desafios.
A arte do jogo e a trilha sonora, embora também sigam o padrão de simplicidade de todo ele, cumprem o seu papel e não comprometem a jogabilidade e a diversão do jogo, fazendo de Cosmic Star Heroine uma jornada divertida e nem um pouco cansativa ou monótona.
VEREDITO: É Indie mas… É legal.
O que é bom:
- Combate dinâmico;
- Carisma;
- Variedade e particularidade dos equipamentos.
O que não é tão bom:
- Enredo;
- Falta de identidade própria;
- Falta de saves em pontos específicos.
Para quem jogou e gostou de:
- Chrono Trigger;
- Final Fantasy (Clássicos);
- Dragon Quest (Clássicos);
- Série Phantasy Star (Genesis).