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Slay the Princess – The Pristine Cut: vale a pena?

Eficiente, Slay the Princess simula RPG de mesa com quebra de quarta parede, mundo de decisões e dublagem espetacular

por André Custodio
Slay the Princess - The Pristine Cut: vale a pena?

Aclamado no PC, Slay the Princess chega aos consoles nesta quinta-feira (24), mas não em qualquer versão, e sim na The Pristine Cut. Essa edição definitiva inclui uma tonelada de conteúdos e surge como a melhor forma de atrair fãs de RPG e de terror.

E não há como negar que o título é uma experiência curiosa. Capaz de despertar diversas sensações e reflexões sobre a existência, ele foca nos sentimentos perturbadores e que fazem as pessoas questionarem a realidade e seus papéis no planeta.

Parece complexo, né? Não só parece, como é. Porém, essa complexidade é acompanhada de uma estranheza curiosa e muito chamativa, criando um charme único que torna Slay the Princess basicamente um jogo inesquecível.

Você só tem um objetivo

Largado em uma floresta sem saber o porquê, você escuta uma voz: “mate a princesa”. Sem saber a razão, quem é o dono da fala ou como o assassinato será feito, o herói tem apenas um caminho a seguir: uma cabana no fim da estrada.

“Mate a princesa”, a voz não para de recordar. “Não confie em nada que ela disser”. O mundo depende unicamente de suas ações, ou ele será destruído por um poder misterioso, surpreendente e puramente maligno.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

“Mate a princesa”, continua dizendo a voz. “Mate a princesa”, nem que isso custe todos os seus esforços, sua sanidade e sua própria vida. Ela tentará lhe enganar, lhe convencer e até mesmo lhe atacar. Mas você não deve hesitar por um segundo, ou perderá tudo.

Slay the Princess – The Pristine Cut é a versão estendida do elogiado jogo narrativo de PC. Na edição original, os jogadores assumem o papel de um herói que precisa entrar na cabana e cumprir seu único objetivo, à medida que descobre mais sobre a razão de estar ali.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

O título tem mecânicas inspiradas em RPGs de mesa, onde um narrador guia o personagem e oferece uma série de escolhas. Entre elas, estão eventos obrigatórios, de exploração e de desenvolvimento, com cada um deles cumprindo sua trama na história.

Enquanto isso, a arte de Slay the Princess funciona como páginas de HQs: imagens com pouco dinamismo, mas que atendem ao propósito do game de fazer o jogador pensar; sem cronometragem, apenas uma série de acontecimentos que podem se desdobrar.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

O título também inclui múltiplos finais, assim como inúmeras “transformações” da princesa. Em suma, a antagonista pode se tornar o que a narrativa definir — desde uma inocente prisioneira até uma divindade capaz de espalhar o apocalipse cósmico.

Gameplay simples, mas bastante eficiente e propositivo

Slay the Princess seria aquele game “nada demais”: comandos únicos por seleção de diálogos, sem movimentação e experiência 100% focada na narrativa interativa. Porém, o trabalho da Black Tabby Games se prova funcional logo nas primeiras escolhas.

O título se destaca pela imprevisibilidade, introduzindo loops temporais que nunca parecem ser os corretos. Mesmo repetindo as escolhas a cada jornada, algo sempre está diferente; possivelmente tendo inspirações em games de anomalias.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

É então que surge uma bola de neve, com opções aparentemente simples se tornando extremamente complexas em poucos minutos. E não apenas pelo horror visual ou pelos temas ricos em conteúdos, mas pelo ritmo que flutua com perfeição.

Slay the Princess também se aproveita muito bem de um excelente trabalho de dublagem. Os textos são profundos em certos momentos e cômicos em outro, mas sem perder a ideia de “uma pessoa sem entender o motivo se ter que matar a princesa”.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

Quanto mais se avança na campanha, mais o protagonista destrava vozes na sua mente que tentam lhe influenciar das mais variadas formas. Eles adaptam personagens desesperançosos, corajosos, otimistas, assustados, heroicos, céticos e outros tipos.

Cada um deles é dublado com uma autenticidade absurda e muda de tom de acordo com sua personalidade. O mesmo ocorre com a princesa, que se transforma completamente a partir do caminho conduzido pelas escolhas. Trabalho digno de aplausos.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

A localização para menus e textos em português também contribui com esse entendimento e imersão. Assim, tem-se a impressão de um role-playing completo, que apesar de perder um pouco em termos atmosféricos (terror pouco apelativo), não foge do seu conceito.

O que vem de novo na The Pristine Cut?

A versão The Pristine Cut adiciona horas e horas de conteúdos. Um de seus destaques também fica por conta de uma galeria, que resume todos os eventos e finais encontrados nas runs — com progresso contínuo mesmo que se inicie um novo jogo.

O menu resume mesmo os episódios que ainda não foram destravados, dando pistas sobre o que deve ser feito para obtê-los. Mas não vá achando que é fácil — elas são verdadeiras charadas e quebrarão sua cabeça a cada interação com a princesa.

Slay the Princess
Fonte: André Custodio

A edição aprimorada de Slay the Princess também vem com quatro rotas de personalidade para a princesa, caminho de encerramento inédito e uma expansão significativa do final “Desconhecido”, contendo mais diálogos e animações.

Slay the Princess – The Pristine Cut: vale a pena?

Não há como negar que Slay the Princess é um indie único. Com estilo de narrativa à la RPG de mesa, muitas opções de escolhas e finais, reflexões brutais sobre a vida e uma dublagem de ponta, o título é obrigatório para quem busca opções mais “artísticas”.

Simples em seu conceito, mas complexo quando se explora a campanha, o título da Black Tabby Games não é aclamado à toa. Ele traz uma narrativa interativa forte e madura, mesmo equilibrando o horror visual e psicológico com um alívio cômico quase teatral.

A edição The Pristine Cut expande ainda mais esse leque, permitindo que os jogadores vão a fundo na tentativa de salvar o mundo. No geral, é um jogo bastante interessante, bem como provocador e estimulante.

Slay the Princess – The Pristine Cut chega nesta quinta-feira (24) ao PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC.

Veredito

Slay the Princess - The Pristine Cut
Slay the Princess - The Pristine Cut

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Black Tabby Games

Jogadores: 1

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84 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Excelente dublagem
  • Localização em português do Brasil
  • Inúmeras alternativas de finais e de caminhos narrativos
  • Decisões orgânicas e bem conduzidas pela história
  • Conteúdos adicionais são muito bons
  • Excelente trilha sonora
  • Visuais das artes simples, mas muito bem feitos
Desvantagens
  • Atmosfera de terror poderia ser melhor aproveitada
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.