“Matemática mudou”, diz head da Xbox sobre exclusivos
Phil Spencer falou sobre alto investimento para fazer um jogo de alta qualidade e como isso impacta a companhia
O dinheiro move o mundo e, quando você está gastando mais do que arrecada, tem um grande problema nas mãos. Matemática. Essa é a palavra usada por Phil Spencer, head da Xbox, para falar sobre o momento conturbado que a indústria dos games está vivendo desde meados do ano passado. Demissões, incertezas, mudanças de estratégia. Um “novo normal” para muitas empresas.
Em entrevista exclusiva ao Polygon, o executivo falou sobre como as contas estão influenciando o novo mindset não só da sua companhia, como de várias outras. Especialmente porque, hoje em dia, muitos títulos precisam de milhões de cópias vendidas para se pagarem.
“Realmente reduz o risco que as editoras estão dispostas a correr. Se você é uma editora, sabe que é um número bastante grande em um mundo que já tem muitos videogames chegando. Como é que você se estabelece assim? Está disposto a assumir o risco em uma nova propriedade intelectual, ou em um novo tipo de jogo, quando o risco é tão alto? Eu acho que isso limita a criatividade desta indústria, o que eu não gosto. A criatividade é como o pilar do que deveríamos ser no mundo dos jogos”, comentou.
+ ✅Clique aqui para seguir o novo canal de Ofertas do MeuPlayStation
Segundo ele, isso coloca uma camada extra de pressão em exclusivos, afinal, eles têm um público limitado aos usuários daquela única plataforma. E “isso piora” conforme os custos aumentam – novamente, matemática. Especialmente porque as previsões atuais são de uma indústria que não deve crescer nos próximos anos.
“O que mais me preocupa na indústria é a falta de crescimento. E quando você tem uma indústria que se projeta ser menor no próximo ano em termos de jogadores e dólares, e você tem muitas empresas de capital aberto na indústria que precisam mostrar crescimento aos seus investidores – porque mais alguém possuiria uma parte do estoque de alguém se não fosse para crescer? – o lado do negócio que então é escrutinado é o lado dos custos. Porque se você não vai aumentar o lado da receita, então o lado dos custos se torna desafiador”, destacou.
“Melhores decisões para a Xbox”
O pensamento faz sentido e, claro, bate bem com a estratégia de a Xbox passar a levar seus jogos para outras plataformas, como o PlayStation. Segundo Spencer, seu objetivo não é crescer “às custas da indústria”, mas sim “com a indústria”. Por isso, ele fará o que for necessário para evitar demissões e garantir o futuro da companhia. Mesmo que não seja tão popular.
“Eu direi que cada decisão que tomamos hoje e amanhã é para o benefício do Xbox. Eu sei que às vezes as coisas são politizadas, que há algum mal nos bastidores nos fazendo tomar decisões – ‘Phil odeia exclusividades e é por isso que agora estamos como PlayStation e Switch.’ Mas cada decisão que tomamos é para tornar o Xbox mais forte a longo prazo. Isso não significa que todos concordarão com cada decisão que tomamos. Mas é fundamental para como tomamos decisões”, frisou o diretor, que concluiu:
“Essa ideia de que o Xbox só pode ser esse dispositivo que se conecta à televisão não é algo que vemos na pesquisa da Geração Z. Porque nada é assim para eles. Alguns terão um iPhone, alguns terão um Android, mas todos os jogos e tudo mais é igual. Ainda posso acessar o TikTok em ambos, pelo menos por enquanto. Todos os conteúdos estão disponíveis onde quer que eles queiram. Então, para o Xbox, nossa mudança de marca – enquanto atraímos e mantemos a relevância com um público mais jovem – é sobre isso”.
Ou seja, parece mesmo que é questão de tempo até vermos uma transformação significativa na posição da Microsoft no mercado dos games. Será que isso vai influenciar outras empresas? Conte pra gente o que você pensa sobre isso nos comentários.