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No Man’s Sky: Diário de uma análise – Parte 2

por Daniel dos Reis
No Man's Sky: Diário de uma análise - Parte 2

Minha jornada pelo review de No Man’s Sky prossegue com força total, contudo com alguns empecilhos pelo caminho.

Durante a jogatina, o meu PS4 (videogame e não site..rs) começou acentuar alguns problemas. O console já estava há alguns meses meio capenga, travando em praticamente todos os jogos, lento e com dificuldades em executar algumas tarefas.

Suspeito que seja problema no HD.

Este console está comigo desde o dia de lançamento, fazendo muitas viagens, mudando de lugar, testando e jogando muito…mas torço para que a substituição da peça resolva os problemas.

Mas, a jornada não pode parar! Instalei um outro aparelho e tive refazer download do game, atualização do jogo, atualização de sistemas, etc…perdi muito tempo.

Com tudo nos trilhos, volto para a atividade exploratória.

O game prossegue apresentando aos poucos seu vasto universo. Já consigo entender como os negócios funcionam, onde nas Estações Espaciais de cada sistema existe um painel que posso vender ou comprar itens, ou através dos NPCs que ficam entrando e saindo da Estações.

Mas, eles não ficam andando como na Torre do Destiny (não sei por que, mas sempre me lembro do game da Bungie). Para interagir, você se dirige até a nave e ‘conversa’ – neste momento são expostas as opções de venda, compra ou fazer uma oferta pela nave.

Cada um dos viajantes comercializa seus itens por preços diferentes, alguns compram por maiores valores, vendem por preço mais baixo. Enfim, é necessário pesquisar.

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A este ponto eu já entendo que para viajar entre uma galáxia e outra eu preciso deixar o hiperpropulsor da nave carregado e isto é possível com criação de um item específico que exige dois outros para ser criado que também precisam de outros. É um efeito dominó.

Então saio na busca de tudo.

Antes de entrar na órbita de um planeta, o sistema informa perigo iminente. Ameaçadoras naves inimigas vem em minha direção querendo meu sangue. Finalmente terei uma batalha, já me imagino em Star Wars.

Fico girando a câmera com desespero na tentativa de alvejar os inimigos…na verdade não consigo sequer enxerga-los direito.

Danos irreparáveis na nave.

Já começo cogitar uma fuga, já que não consigo entender a dinâmica de tudo quando finalmente vejo um alvo, é agora! Atiro, atiro, atiro…mas o atacante é muito mais veloz.

Situação crítica. Sistemas apitando tudo. Tento fugir na velocidade da luz…não consigo. Morte.

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Volto para o último save e tento entender como aconteceu esta derrota vergonhosa. Retorno para o mesmo lugar, encontro meu Túmulo, onde recupero os itens perdidos e o sistema recorda que os inimigos estão por perto. Vai ser tudo diferente!

Ledo engano. Nova derrota.

Desisto de combater e vou para o primeiro planeta não descoberto que encontro. Meu objetivo é encontrar os itens necessários para abastecer a nave.

E o game segue neste ritmo.

Já é possível notar que a dinâmica será basicamente esta. Você viaja até um planeta e tenta buscar recursos para alimentar sua nave, melhorar sua multiferramenta e exoesqueleto.

Alguns jogadores até cogitaram a hipótese de No Man’s Sky ser um Minecraft do espaço. É uma comparação muito imprudente, julgo.

Enquanto no jogo da Mojang você pode construir coisas, moldar um enredo junto com amigos e colocar sua criatividade em prática, no jogo da Hello Games é substancialmente diferente.

Você não cria bases, não elabora um roteiro. Você explora o que o jogo tem e coleta recursos que servem para as atividades já descritas. Trata-se de uma limitação. Dessa forma, compará-los é um erro absurdo.

Vou a um planeta mais perigoso. Ele é tóxico. Um sinal no canto esquerdo sempre mostra o tipo: gelado, quente ou tóxico.

Fico vagando pelas localidades e confesso que o tédio começa a se fazer presente. Onde estão aqueles bichos enormes que vimos nos trailers? Onde está a tal variedade?

E neste ponto as características do game já são conhecidas. Ele é claramente destinado aos jogadores mais pacientes e persistentes. Diferente de um multiplayer online, onde você pode jogar partidas rápidas e se divertir, a proposta da Hello Games é outra.

Toda esta narrativa levou cerca de 3h. Se você é um player que aprecia mais ação como em Call of Duty, Uncharted ou as emoções de uma partida de futebol, este jogo claramente não é para você.

No planeta tóxico, encontro umas criaturas diferentes, maiores e bem estranhas. Às vezes, sou levado a acreditar que estou jogando o Spore, game da EA. Os bichos são fusões de vários conhecidos, gerando bizarrices assustadoras.

Como é um novo local, libero os slots para sobrar espaço para os novos itens. Saio então escaneando tudo, animais, plantas e rochas. Cada vez que você faz isso e posteriormente envia os dados, ganha dinheiro. Meu objetivo é juntar 1.5 milhão para comprar uma encantadora nave que vi na Estação Espacial.

Ainda estou com a nave inicial e me sinto envergonhado com isso.

Sem perceber e entretido pelas novas variações de fauna, me distancio da base e da nave. Sigo imerso na exploração que ficou muito mais legal com os novos bichos.

Mas estou em um planeta tóxico e havia limpado os slots, retirando os itens comuns como ferro, plutônio, carbono. Por sinal, ferro é igual Zubat em Pokémon GO, tem em todos os lugares e aos montes. Sinto que vou me lascar novamente.

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Não demorou muito para isso acontecer.

O traje avisou que uma tempestade estava por vir. Neste momento percebi que meu traje já indicava que a proteção estava baixa…eu preciso muito de isótopos para recuperar tudo.

A tempestade chegou, fazendo com que a temperatura saísse de agradáveis 35º para 120º em segundos.

Avisos, muitos avisos indicam que a coisa está bem feia.

Procuro por isótopos loucamente…só encontro ferro. Morte cruel e consequente perda de todos os recursos.

Volto lá para base um pouco frustrado. Como eu pude me esquecer de gerenciar o traje? Pelo menos ficou uma importante lição: No Man’s Sky também pode ser cruel.

Retorno ao túmulo, coleto os itens perdidos e já quero sair desse planeta. Antes vou dar uma passeada por aí, procurando os monólitos, espécie de monumentos onde é possível aprender vocabulários.

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Curiosamente encontro um facilmente.

Neste local, interajo com uma esfera e uma historinha é narrada em texto. Esta é uma implementação estranha do jogo. É contado um acontecimento em primeira pessoa, como se o personagem estivesse lendo.

Exemplo: “Encontro uma forma de vida e ela me olha com receio. Observa minha multiferramenta. Ela tem um belíssimo odor, mas parece assustada e olha com cautela para seus companheiros”.

Só que, não existe “companheiros”, a forma de vida não expressa nenhuma reação. Neste ponto eu posso responder amigavelmente, dando itens ou dar uma resposta mais ríspida. Dependendo da opção, minha reputação aumenta e ainda posso me tornar amigo da criatura.

No caso do monólito, o personagem conta que estranhas criaturas-aranhas entraram em meu capacete e começo a sentir dores. Reforçando, isso em texto, na tela nada acontece.

Respondo que desejo retirar o capacete e expulsar as criaturas. Com esta resposta, minha reputação com a raça diminui e me torno menos confiável. Como assim????

Meio sem entender, me sinto um pouco frustrado por craftar, craftar, passear e encontrar sempre locais semelhantes. As bases e os pontos interesse são parecidíssimos uns com os outros.

Além disso, os planetas são, ao que parece iguais dentro dele mesmo. Explico.

Nosso planeta Terra conta com regiões mais frias, mais quentes, mais amenas, verdes…enfim. Em um único planeta existem vários tipos.

Nos planetas de No Man’s Sky, não encontrei variações. Se um planeta é árido, ele o é em toda parte. Não existe uma diversidade. Para mudar a paisagem, é necessário mudar de planeta.

Estou um pouco cansado. Desligo o videogame.

1h depois, me pego pensando no game novamente e imagino que já esteja na hora de voltar a explorá-lo. Dessa vez, traço um plano para não ser pego pelo marasmo.

Reuno grande quantidade de ouro e outros metais. Vou até os comerciantes no espaço, vendo e compro itens e consigo criar dois produtos responsáveis pela propulsão. Com isso, posso ir em duas galáxias diferentes sem me preocupar com isto.

E também já fica um aprendizado. O jogo não fica a todo instante dizendo para onde você deve ir. Na verdade, ele nunca diz isso. É possível ver somente uma orientação de que é necessário chegar ao centro da galáxia.

Se o jogador não colocar isso como foco, se perderá facilmente e claro, tudo se tornará monótono.

O jogo é até mais livre que os demais pares de mundo aberto. GTA por exemplo sempre indicava no mapa onde você tinha que ir. No Man’s Sky não. A disciplina cabe ao jogador.

E com a experiência obtida até aqui, mais de 20h, já consigo tecer algumas críticas mais contundentes.

Sinto falta de um mapa nos planetas. Você certamente irá questionar: como um mapa se acabou de chegar no lugar? Justo…não seria nada justificável.

Mas, pelo menos, um sistema que me indicasse visualmente que eu já visitei o ponto indicado. Por várias vezes eu passei em pontos que já tinha visto.

Outro ponto é o pop-in. Aquele “problema” onde os cenários são carregados somente quando o personagem se aproxima. O projeto da Hello Games tem muito disso. Você pensa que o terreno é mais arenoso, quando se aproxima é tudo mais verde.

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Entretanto, entendo que é compreensível, haja vista o tamanho dos planetas. São enormes mesmo.

Após viajar um pouco mais, finalmente consigo abater um inimigo em combates aéreos. Confesso que foi bem interessante, mas os controles da nave não ajudam muito.

Sobre isso não posso ser contundente. Ainda não fiz evoluções no transporte…sequer instalei tecnologias. Preferi investir no exotraje e na multiferramenta.

Outro ponto de destaque é que, após derrotar mais de 100 sentinelas, em combates sem muitos desafios, localizei outro tipo de protetor dos planetas.

Durante a coleta de itens, uma espécie de criatura mecanizada que parecia ter vindo diretamente de Horizon: Zero Dawn me abordou e tratou de liquidar com minha vida sem remorso.

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Recursos perdidos, tempo perdido…aquela velha história.

Mas neste caso fiz questão de voltar lá municiado de granadas e com novos equipamentos…tudo em nome da vingança.

No Man’s Sky vem mostrando, finalmente como é.

Um jogo enorme, onde eu mesmo devo manter o foco no que quero realizar. Jogando sem propósito claro (fazer upgrade, conquistar um minério valioso ou descobrir criaturas), o jogo se tornará invariavelmente chato.

Considerações: muitas naves, planetas enormes (alguns lindíssimos), boa variedade de tecnologias a serem instaladas.

A viagem pode ser tornar repetitiva se o foco não for mantido.

Nos vemos novamente em breve!