Review

Final Fantasy XVI: vale a pena?

Épico. Gameplay viciante, cheio de ação e uma narrativa sublime, Uma jornada inesquecível para novatos e fãs experientes

por Raphael Batista
Final Fantasy XVI: vale a pena?

Vamos começar o Review de Final Fantasy XVI com uma questão de prova: o que torna uma história épica? A grandiosidade e complexidade dos seus desafios, a exemplo de Odisseu ao construir o Cavalo de Troia? O valor inestimável da recompensa final, como os Lusíadas encontrando o Novo Mundo? O impacto causado naqueles que a viveram, tipo Dante em sua jornada do Inferno ao Paraíso?

(x) Todas as respostas anteriores. E, sim, o novo game da aclamada série tem tudo isso – e muito mais. É um conto daqueles para a eternidade.

Os heróis, representados no protagonista de Clive Rosfield, encaram problemas enormes e extremamente complexos. Não só Eikons, criaturas poderosas e mágicas capazes de dizimar um exército facilmente, como guerras políticas, traições, conspirações e situações de discriminação e preconceito. A recompensa para enfrentar tudo isso? Construir um mundo em que todos possam escolher como morrer. Ou melhor, viver.

Diante de tantas circunstâncias contrárias em um mundo hostil que parece repelir o sonho utópico, não só os personagens que vivem em Valisthea são impactados pela jornada dos heróis, como o próprio jogador se conecta com cada um deles em diferentes níveis e, por isso, se vê preso a uma narrativa envolvente, incapaz de deixar o controle de lado para jogar qualquer outra coisa pelo gameplay viciante e satisfatório.

Para quem busca um game épico, Final Fantasy XVI se apresenta com louros de glória.

Pelas Chamas!

A história é o principal pilar de Final Fantasy XVI. A Square Enix faz com que todos os elementos do jogo estejam ligados ao enredo, e ele não pode ser desprezado. Por isso, não pule as cutscenes – que são muitas – e também esteja preparado para ler bastante. Inclusive, abaixo, falamos do prólogo (que é o mesmo conteúdo da DEMO), então, se não quiser spoilers deste trecho, pule pro próximo tópico.

No início, o jogador acompanha Clive em uma missão de caçar a Dominante de Shiva, a Eikon do Gelo. Ele e seus colegas Portadores, nome dado aos humanos com aptidões mágicas, estão no meio da guerra entre o Império Sacro de Sanbreque e a República de Dhalmekia, esperando pela oportunidade de agir. 

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Clive Rosfield é um protagonista que atrai o jogador pela sua história.

Porém, eles são acertados pelos destroços e o protagonista começa a relembrar seu passado. É exatamente esse trecho disponibilizado na demonstração, quando você conhece melhor a história dele, Escudo da Fênix, uma função voltada para proteger especialmente o Dominante do Eikon de Fogo – ninguém menos que seu irmão mais novo, Joshua. 

Clive e Joshua, juntamente com o exército do Reino de Rosaria, vão até o Portal da Fênix para completar o ritual do Eikon e, lá, são cercados pelo Império Sacro de Sanbreque em uma traição inesperada. A Fênix em Joshua é manifestada, mas uma figura encapuzada aparece e invoca um segundo Eikon de fogo para derrotar Joshua. Clive sobreviveu ao incidente, mas jurou caçar o assassino de seu irmão. 

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O protagonista conta com um arco muito interessante.

Já dá para ter uma noção da pegada Game of Thrones que o título possui e a construção da narrativa merece elogios. A história é desenvolvida de modo que os eventos tenham sempre uma conexão e estimulam a curiosidade do jogador. Quem é o encapuzado? Como há um novo Eikon de fogo? Por que os reinos estão em guerra? 

As perguntas são respondidas progressivamente enquanto Clive descobre estar envolvido em algo muito maior do que a sua missão por vingança.

Um dos recursos criados especialmente para auxiliar na ambientação da história é o Sumário Dinâmico. Ao segurar o touchpad, o jogador terá uma visão e breve descrição dos personagens em tela, cenários onde estão e termos que utilizam. A mecânica é uma adição muito boa para não se perder no enredo e ser um atalho prático para resolver qualquer dúvida. Ainda há dois personagens que, literalmente, desenham para você entender a história.

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O Sumário Dinâmico pode ser ativado durante as cutscenes e é um recurso importante para sempre entender a trama.

Química que aquece o coração

Falando sobre os personagens, esse é um ponto-chave para se apegar ao Final Fantasy XVI. Os heróis – e até mesmo vilões – são hipnotizantes. Logo de cara, você se apega à dor de Clive, ainda mais ao aprender mais sobre sua relação com o irmão. Depois, conhece Cid, um ousado fora da lei que se torna um mentor para o protagonista, e, ao longo da jornada, reencontra antigos amigos e forma novos laços. 

É curioso como todos possuem personalidades e origens distintas e, ao mesmo tempo, interagem como se fossem uma família que sempre andaram juntos.

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Clive e seus amigos criam uma conexão verdadeira com o jogador.

Alguns companheiros de Clive recebem uma atenção maior com as Missões Secundárias. De início, as side quests são bem superficiais, do tipo “Leve esse prato de comida para aquele NPC com fome” ou “Mate aqueles monstros porque eles são maus”. No entanto, conforme o protagonista desenvolve seus relacionamentos, as Missões Secundárias também evoluem. Inclusive, trazem até informações do passado e promovem momentos emocionantes que fazem o jogador agradecer por não ter pulado a tarefa.

Final Fantasy XVI entrega um conteúdo robusto e compacto ao mesmo tempo. Por exemplo: é possível participar de Caçadas especiais, Desafios dos Cronolitos, Modo Arcade e Modo Replay. Contudo, não há muitos colecionáveis, mini-games ou coisas parecidas. 

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O Quadro de Caçadas é um conteúdo divertido no game.

O game se concentra em tarefas que condizem com aquele universo e se aprofundam naquilo. E mesmo assim, no fim das contas, lá se vão umas 70 horas para terminar tudo. Além disso, o Novo Jogo+ está disponível com uma dificuldade maior, que coloca à prova as habilidades dos jogadores.

Pega fogo, cabaré!

Vamos falar sobre o gameplay de Final Fantasy XVI? Satisfatório, conectado, ágil e cheio de possibilidades. Embora a franquia seja conhecida como um RPG com elementos de aventura, o novo jogo faz uma inversão de papéis muito bem-vinda. FFXVI é um game de aventura com elementos de RPG.

Clive recebe as habilidades da Fênix por ter sido abençoado com a dádiva das chamas, mas seu repertório de poderes se desenvolve durante a história. Ao segurar o R2, há duas opções de ataques especiais, no quadrado ou triângulo, que podem causar dano na barra de vida ou na barra de atordoamento, esta quando esgotada, deixa o inimigo imóvel por segundos preciosos.

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O combate de Final Fantasy XVI é intenso e com possibilidades variadas de combinações.

Já jogou Devil May Cry? A conexão de combos em que tudo podia se transformar com um simples botão também está presente aqui e os golpes geram sempre resultados diferentes de acordo com a combinação dos poderes. Esse é um resultado muito positivo para quem deseja ter o pleno controle do protagonista.

É por isso que o novo Final Fantasy é uma ótima, talvez a melhor opção para quem deseja se iniciar nessa longa franquia. A jogabilidade é muito acessível e não enjoa, sempre dando espaço para testar novas combinações. O ritmo acelerado é garantia de ação constante e os comandos são fáceis de mapear no controle, fazendo você sentir orgulho de encaixar golpes em situações de extremo perigo. 

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O jogador jamais enjoa dos combates do game por encontrar várias formas de enfrentar os inimigos.

E não era para ser diferente, até porque o diretor de combate, Ryota Suzuki, foi quem trabalhou em Devil May Cry V e, para ele, o combate de FFXVI é a sua “masterpiece”.

Vale citar ainda os Modos de Jogo. Inicialmente, é possível optar pelo Modo Foco na História ou Modo na Ação, sendo que a diferença sutil entre ambos é a possibilidade de atribuir ao Clive anéis especiais que garantem super-habilidades, como a esquiva automática, o uso inteligente de poções e até melhorias de combate. 

O jogador poderá retirar esses acessórios assim que estiver mais confiante após dominar o gameplay, sendo um recurso muito interessante que traz acessibilidade para quem tem medo de achar confuso os comandos.

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Os Aneis de Ajuda Oportuna ativam o “Modo Fácil” do jogo.

Tá pegando fogo, bicho!

Aliás, controle é o que não falta em Final Fantasy XVI. Clive é capaz de muitos feitos, e o jogador vai descobrindo isso aos poucos. Das habilidades básicas até poderes especiais, a jogabilidade impressiona pelas possibilidades e pela praticidade.

Os elementos de RPG se fazem presentes, mas não exigem tanto. É possível criar espada, bracelete e um cinto para o protagonista, mas todos os atributos como HP, Defesa, Força e etc. são aumentados automaticamente ao subir de nível. Ainda há acessórios que dão bônus para o protagonista ou para suas habilidades.

A árvore de habilidades de FFXVI é cheia de opções.

A árvore de skills incentiva a exploração de novas possibilidades. Há um total de seis, com cinco habilidades em cada. Embora seja um pouco árduo conquistar o XP para liberar todas, é gratificante ter a chance de mesclar elementos e gerar combos conectados capazes de derrubar rapidamente inimigos grandiosos.

E, claro, não há coisa mais grandiosa que as batalhas de Eikons. São momentos épicos dos jogos potencializados pela narrativa e pelo desenvolvimento de Clive. No prólogo, já deu para ter um gostinho ao ver a Fênix contra o segundo Eikon do Fogo, mas as lutas seguintes são ainda mais elaboradas, caóticas e destrutivas. 

É como se o Círculo de Fogo, filme de Del Toro, fosse adaptado para somente os Kaijus. No jogo, os Eikons são extremamente poderosos, e você sente a potência na rinha de monstros. Experimente por si só e entenda! É impressionante!

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Os Eikons são um show à parte na experiência de Final Fantasy XVI.

Espalhando a chama

Final Fantasy XVI não tem um mundo aberto. A estrutura mescla regiões semi-abertas com dungeons.

Clive pode explorar até quatro regiões, diferentes mas conectadas, permitindo realizar viagens rápidas. É possível encontrar itens de uso rápido ou de fabricação enquanto explora e até descobrir alguns segredos, mas não há muita recompensa na exploração, pois as Missões Principais ou Secundárias dão um direcionamento específico de onde ir ou onde procurar.

Pontos de uma região são conectados, mas o mundo não é completamente aberto.

Enquanto é possível abrir o mapa e vasculhar cada cantinho das regiões, o mesmo não acontece nas dungeons – que o herói conhece só em Missões Principais, mais para os finais dos atos. Nesse caso, os jogadores estarão limitados a ir do início até o fim da tarefa para poder voltar à exploração de Valisthea.

Felizmente, as dungeons possuem estilos visuais diferentes e sempre com novos chefões. A essência é basicamente eliminar todas as criaturas até encontrar o big boss, mas o design de cada uma delas vai se modificando conforme a situação da história e trazem recompensas especiais com a vitória.

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As dungeons de Final Fantasy XVI são divertidas e estão apenas nas Missões Principais.

A Square Enix nunca quis entregar um jogo de mundo aberto, e tudo bem, porém um dos pontos baixos do jogo é que a exploração é limitada demais. Isso não estraga a aventura, mas também não incentiva o jogador a sair por aí procurando por segredos – a não ser que ele deseje fazer 100% da aventura.

Fire!

Quando a trilha sonora e os gráficos fazem um “bom trabalho”, podem ser coadjuvantes na experiência. No entanto, a Square Enix fez deles de protagonistas em Final Fantasy XVI. Todas as batalhas são beneficiadas pelas músicas, e as boss battles ganham tons épicos de arrepiar.

Não é novidade que a trilha sonora de um Final Fantasy seja de alta qualidade, e não é diferente nessa nova entrada, sendo impossível desvincular as faixas da jogabilidade. 

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Os cenários entregam um espetáculo visual.

E os visuais de Final Fantasy XVI contribuem ainda mais para uma experiência singular. Os cenários, monstros, chefões… Tudo traz à vida uma era que mescla o medieval com o fantasioso de um modo majestoso. É comum parar muitas vezes em locais específicos para se aventurar no Modo Foto – que é bem limitado, por sinal.

Aqui há uma crítica apenas para a modelagem dos bonecos, principalmente de NPCs. A grande maioria deles parece de borracha ou plástico, dando uma sensação bem artificial para o jogador. Por outro lado, os personagens principais, como Clive, Joshua ou Cid, contam com características e designs próprios, com uma modelagem mais bonita.

Os NPCs, de modo geral, não condizem com a qualidade gráfica do game.

Cuidado para não se queimar

É hora de tirar o elefante branco da sala. Afinal, como está o desempenho de Final Fantasy XVI? Houve muita discussão sobre o tópico após quedas de frames terem incomodado na DEMO. Felizmente, esse problema não é tão frequente na versão finalizada do game.

Isso porque o Modo de Taxa de Quadros é bem robusto nos momentos de combate, seja nas horas em que há muitos monstros na tela ou até mesmo nos momentos de rinhas de Eikons onde acontecem muitos efeitos visuais na tela. Nessas situações, ele permanece com comandos responsivos e tempos de resposta adequados para o modo. 

Há quedas pontuais do FPS durante a exploração.

Há momentos em que há quedas, sim, mas durante a exploração na cidade ou em cenários abertos. Para olhos mais treinados, é perceptível, só que pouco afeta na experiência geral.

De modo geral, a experiência nos combates parece ter sido priorizada pelos devs para que não houvesse qualquer tipo de problema ou prejuízo para o jogador. E isso, aparentemente, veio às custas de sacrificar um pouco do elemento de exploração – o que é uma troca justa.

De toda forma, a Square-Enix prometeu uma atualização Day One que promete melhorar o desempenho do game. É esperar pra ver.

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Possivelmente, o update de Final Fantasy XVI trará correções pontuais dos problemas.

Final Fantasy XVI: vale a pena?

Seja para quem nunca jogou um Final Fantasy ou para quem acompanha a franquia há muito tempo, o novo título da Square Enix vale a pena. Sem nenhuma dúvida, o game entrega competência e qualidade dignos de prêmios no final do ano e pode ser um dos candidatos a Jogo do Ano.

A narrativa e os personagens prendem os jogadores pelo enredo que vai desenrolando aos pouquinhos e na medida certa, o gameplay é movimentado pela adrenalina, satisfatório e muito fácil de dominar, e toda a experiência é cativa os fãs do início ao fim desde as missões principais até às secundárias e desafios paralelos.

Final Fantasy XVI é muito mais do que só um ótimo Final Fantasy, ele é um excelente jogo de aventura.

Veredito

Final Fantasy XVI
Final Fantasy XVI

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Square Enix

Jogadores: 1

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100 Ranking geral de 100
Vantagens
  • História dramática
  • Personagens cativantes
  • Gameplay satisfatório e repleto de ação
  • Recursos de acessibilidade
  • Trilha sonora singular
  • Cenários espetaculares e variados
  • Boas opções de conteúdo além da campanha
  • Muitas horas de gameplay
Desvantagens
  • Poucas opções no Modo Foto
  • Quedas de frames pontuais
  • Exploração um pouco limitada
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.