Forspoken: vale a pena?
Nova aventura da Square Enix tem gameplay divertido e desafiador, mas peca em alguns pontos; veja a análise completa
A única forma de chegar ao impossível é acreditar que é possível. A inspiração de Forspoken em Alice no País das Maravilhas é deixada bem clara a todo momento no game. Seja nas cenas em que o livro, de fato, aparece, seja com conceitos ou até mesmo em diálogos com frases que lembram a clássica obra de Lewis Carroll.
Mas Athia não tem nada de maravilha. Pelo menos, não quando Frey chega lá. É um universo com sua magia, sim, porém em ruínas. E a jovem novaiorquina que só queria escapar um pouco da sua vida atribulada na metrópole se encontrar numa situação absurda. Inacreditável.
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Aos poucos, porém, ela vai começando a perceber que tudo ali é, sim, possível. Será que ela está ficando louca? Ou apenas em uma realidade diferente? É neste cenário que se desenvolve um dos primeiros grandes lançamentos da indústria dos games em 2023. E o resultado é como uma festa de desaniversário do Chapeleiro Maluco.
Começa meio esquisito, gera dúvidas na sua cabeça e não é perfeito, mas no fim das contas até que é legal.
Nada se conquista com lágrimas
Dizem que o tempo resolve tudo. A questão é: quanto tempo? O ponto aqui é: o início de Forspoken poderia ser um pouco mais atrativo. O começo do jogo não é daqueles que te prendem. Com o passar das missões e explorando, vai melhorar. Confia. Mas as horas iniciais não têm um storytelling agradável.
O próprio ritmo do jogo é bem picotado. São muitos os momentos em que a tela fica preta para um diálogo ou cutscene após algum trecho de gameplay. Um recurso que acaba atrapalhando, especialmente porque, ao longo dos 12 capítulos, são inúmeras tarefas a serem cumpridas, ainda mais se você quiser realmente explorar Athia antes de encarar as vilãs.
E entramos de novo no tão falado tempo. Quanto demora para zerar Forspoken? A escolha tem que ser sua. Dá para fazer em cerca de dez/doze horas no nível mais fácil e focando na campanha principal. Mas também dá para bater as 40, 50, 60 horas em uma dificuldade maior e se debruçando mesmo sobre o jogo.
A história demora para embalar. Mas também quando as peças se encaixam… Entender o real motivo de tudo, quem realmente são os personagens e chegar à conclusão é uma experiência marcante em Forspoken. O único ponto que poderia/deveria ser melhor é que o game, em dado momento, “finge” que você decide dali em diante.
Há duas opções disponíveis, porém só uma delas realmente te dá um resultado satisfatório. É uma pena, porque ele seria bem interessante se tivesse um possível desfecho diferente bem trabalhado.
Uma ideia louca, louca e maravilhosa
“Se você não sabe onde quer ir, qualquer caminho serve”, não é mesmo? Mas Forspoken parece saber exatamente o que quer e como quer. Um mundo bem aberto, cheio de inimigos, com várias sidequests e um combate prazeroso. A jogabilidade trazida pela Square Enix merece elogios.
Não daremos spoilers sobre a história, mas Frey começa sua jornada com um companheiro que ela chama de Algema (aquele bracelete das fotos, sabe?) e vai desbloqueando poderes com o passar do tempo. Se a aventureira é a Alice, ele pode ser considerado o Chapeleiro Maluco. E as Theias são as rainhas. Sila, certamente, a de Copas.
Viajando pelo mundo, Frey e Algema (ou Avambraço) vão descobrir novas habilidades e magias que fazer com que o gameplay seja divertido e variado enquanto desenrolam o fio da história. Com as batalhas no centro de tudo, claro. Tendo uma variedade enorme mesmo de inimigos e boss battles espetaculares.
Soma-se a isso uma mecânica de parkour para o deslocamento da personagem que é muito eficiente para exploração. Além de, como em todo bom RPG de mundo aberto, o game oferecer árvores de habilidade para evoluir. De magias e também de pinturas de unhas que geram bônus para algumas skills.
Ao todo, Frey pode usar quatro tipos de magia, que se dividem em diversos movimentos de ataque e defesa (há uma série de skills no L1 e no R1 para escolher). É possível aprisionar inimigos, atirar flechas, dar espadadas e mais. Não tem nada de revolucionário, mas é super imersivo e faz você se empolgar nas lutas.
Desde as criaturas no meio do mapa até os confrontos principais, é tudo incrível. O mais legal é que são totalmente diferentes. A mecânica, claro, é a mesma: espere o ataque do boss, desvie e contra-ataque. Mas cada cenário e cada habilidade de inimigo faz com que você tenha que pensar para vencer.
Caminhar é fácil, difícil é escolher o caminho. Mas, depois que consegue, a sensação é bem recompensadora, até pelo fato de você herdar as skills das vilãs depois das intensas lutas — um belo prêmio. E o bacana é que tudo que você joga casa com a história que é contada, construindo bem o cenário para o encerramento do game.
Forspoken: vale a pena?
Ou seja, Forspoken tem um enredo bacana e uma ótima jogabilidade. A trilha sonora faz seu papel, e a localização em menus e legendas é boa — infelizmente, não há dublagem. Por outro lado, visualmente, ele acaba deixando um pouco a desejar. Não na jogatina em si, mas nas cenas.
Os personagens não têm gráficos detalhados como esperamos de um título AAA de PlayStation 5. Já vimos diversas obras com um trabalho superior neste sentido. O que é uma pena, porque enquanto o jogo está rolando, ele agrada, apesar de também não estar no nível dos principais games da geração até agora.
Contudo, é possível notar a evolução clara desde que Project Athia foi anunciada para o estado de Forspoken agora. Além disso, problemas com HDR parecem ter sido corrigidos, e o uso do DualSense realmente é bem bacana. Vale ressaltar ainda as diferentes opções de acessibilidade e dificuldade oferecidas no jogo.
Em suma, Forspoken é um bom jogo. Tem muita coisa para fazer, várias missões secundárias dentro de um mundo vibrante e vivo, uma história interessante e uma jogabilidade cujo ponto alto é o combate. Peca na imersão, e pode desanimar uma galera nas primeiras horas, mas depois embala e entrega o esperado.
Mais um trabalho bem feito da Square Enix, que se não chega a rivalizar com os principais games dos últimos anos, também não deve ser desprezado. E se o eterno dura apenas um segundo, pode-se dizer que há alguns momentos dignos da eternidade em Forspoken.
Veredito
Vantagens
- Combate é bem intenso e viciante
- História, depois que embala, é bem legal
- Muitas opções dificuldades e acessibilidade
- Game oferece bastante exploração e sidequests
Desvantagens
- Gráficos deixam um pouco a desejar
- Muitas cutscenes e "telas pretas"
- Jogo demora a embalar em história e gameplay
- Não possui dublagem para o PT-BR