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O desafio de fidelizar jogadores com o novo PS Plus

Audacioso, mas nem tanto assim, a transformação do PS Plus pode não ser a evolução que esperávamos

por Dan Schettini
O desafio de fidelizar jogadores com o novo PS Plus

Há tempos as discussões de custo benefício em relação a consoles esbarra na mesma tônica: o Xbox Game Pass. Se de um lado o argumento da exclusividade sempre pesou para defender a Sony, antes do novo PS Plus, e a Nintendo, do outro víamos um voraz serviço de jogos em franco crescimento, tomando um terreno cada vez maior e passando a ser considerado quase imbatível. O argumento ganha força, principalmente quando pegamos o recorte do público brasileiro, onde é cada vez mais comum o aumento de preços e cada vez mais difícil lidar e acompanhar tendências que andam lado a lado com o valor proibitivo dos videogames.

E essa tônica citada anteriormente abria o caminho para o famoso “até quando”. Seria inevitável que a concorrência olhasse para o lado e apresentasse uma reação? Um contra-ataque? 

Por mais que a retórica seja relativa, é difícil separar a nova estratégia da Sony para o PS Plus de uma possível investida contra a concorrência. E isso não quer dizer que o PlayStation está “apanhando” do Xbox ou que os números possam ter sido afetados pura e simplesmente por conta do Game Pass. A verdade é que, quando o assunto é tecnologia, por vezes fica difícil remar contra a maré. E é impossível desconsiderar esse duelo de marcas.

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Imagem de Demon’s Souls

A questão que fica à tona é: independente do novo PS Plus ser ou não uma resposta ao que a Microsoft tem feito, é possível que o novo serviço tenha sucesso? E o que é preciso para que isso ocorra? 

O primeiro passo é, evidentemente, entregar um produto de qualidade. Um catálogo sedutor e valores que caibam na realidade do jogador.

Mas o serviço, por si só, precisa ser construído em torno de uma filosofia que é essencial nos tempos atuais. Ele não deve brigar apenas pela sua atenção inicial, por ter jogos incríveis e poderosos à disposição. Ele deve brigar pelo seu tempo. Tal como faz a Netflix – e o próprio Game Pass.

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Imagem de Shadow of the Colossus

Quanto mais volume de conteúdo a mão dos assinantes, mais tempo os jogadores poderão dedicar a desfrutar o serviço. O cenário é simples: você liga o seu PlayStation 5, navega até o catálogo do seu PS Plus e se depara com mais de 400 títulos diversos. De exclusivos a jogos third-party, ali você decide como começar. Terminou um jogo? Tudo bem! Tem mais aqui para você. E assim você fica preso ao ecossistema, sempre tendo mais e mais jogos, te envolvendo como um abraço caloroso. Você monta uma lista de favoritos, elege prioridades e passa até por aquele famoso momento de indecisão por ter tanto conteúdo à sua frente que fica difícil escolher seu primeiro passo. Quem nunca passou por isso em um sábado à noite na hora de escolher um filme? A dinâmica é a mesma.

Brigar e tomar o tempo do jogador tem que ser o ponto central. Mas não é só disso que um serviço de assinatura sobrevive. Com o tempo do jogador “comprado”, o que se sobrepõe são os diferenciais. 

E é aí que o bicho pega.

Entregando uma gama de jogos considerável, a Sony garante que os jogadores poderão desfrutar bastante de seu tempo investido no PlayStation. Mas, se considerarmos que a base instalada tem um grande valor, podemos dizer que muitos desses jogos falarão alto pela nostalgia. A chance de rejogar títulos do passado, a retrocompatibilidade e etc. E o fato é que, para caminhar pela tangente e abraçar o novo, é preciso de mais. E a Sony já confirmou que, ao menos por hora, não existe a intenção de contarmos com a adição de títulos recém-lançados – apesar de ter adicionado aos benefícios da assinatura a possibilidade de testes por tempo limitado em alguns jogos, o que ainda não sabemos como funcionará exatamente, mas não soa muito animador.

Então, caro leitor, eu levanto a seguinte questão: se a nostalgia não for o suficiente para você, ou se você é um jogador nativo do PlayStation, que veio acompanhando tudo de mais incrível que a Sony recebeu em seus videogames nos últimos anos, faz sentido aderir a um serviço que não vai te ajudar a acompanhar o que está por vir? E amadurecendo ainda mais a questão: faz sentido um serviço que precisa fidelizar seus usuários não ter o futuro como uma premissa de seus benefícios? 

Difícil, né?

É impossível deixar de lado o quão poderoso é vermos jogos que há muito ficaram esquecidos no passado. Esperamos que títulos como Metal Gear Solid 4 e Valkyrie Profile, games que estão “presos” em consoles antigos, deem as caras no catálogo do novo PS Plus. Reviver lembranças e mergulhar em grandes histórias é e sempre será fantástico. E também não podemos ignorar que o catálogo do PlayStation sempre foi muito poderoso e nem todo mundo pôde desfrutar de tudo o que vimos nas últimas décadas – muito por conta do, já citado no início deste texto, valor de mercado inflacionado que enfrentamos no Brasil. 

Sem lançamentos day one no novo PS Plus?

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Imagem de Metal Gear Solid 4

A preocupação em torno do PS Plus não incluir lançamentos, como a Microsoft tem feito no Game Pass há um bom tempo, é pensando muito mais a longo prazo do que de imediato. Por quanto tempo o serviço prenderá seus assinantes sem trazer um benefício tão relevante como este? 

É verdade que o Game Pass não deu sua largada tão robusta como é hoje. E há espaço para que a Sony possa lapidar seu PS Plus até ele ser tão poderoso quanto qualquer outro serviço concorrente. Mas estar chegando atrasado ao baile exige que, para cravar seu nome como favorito, você já chegue com os melhores passos de dança ensaiados. 

Ainda há pedras para rolar e uma coisa é fato: o movimento da Sony é excelente para nós, jogadores. Mas os desafios já estão à mesa. Só nos resta acompanhar para ver como o PS Plus se sairá quando estiver entre nós.