The Dark Pictures Anthology: House of Ashes: vale a pena?
Jogo tem boas ideias, mas se perde em ritmo arrastado e roteiro abaixo do seu antecessor
Você já assistiu a um filme não muito bom e foi até ao final só por causa da curiosidade? Ele podia ter algumas cenas legais e momentos interessantes, mas no geral, se tratou de uma experiência esquecível. The Dark Pictures Anthology: House of Ashes traz essa exata sensação.
O novo título da Supermassive Games não é ruim, mas fica abaixo do seu antecessor — Little Hope. Embora seja legal uma história com monstros verdadeiros, e não algo voltado ao terror psicológico, os diálogos e personagens são pouco envolventes, enquanto o ritmo demora para engrenar.
Jogar House of Ashes é como assistir a “Doom: A Porta do Inferno” (2005) — um entretenimento raso que poderia ser muito melhor, mas você vai até ao fim por curiosidade ou porque já investiu tempo o suficiente para não abandoná-lo.
Não se engane, não é um jogo de terror
House of Ashes abandona a pegada de terror psicológico de Man of Medan e Little Hope para assumir um estilo mais de ação. Apesar da narrativa envolver criaturas monstruosas, não há momentos de tensão. Afinal, o jogador controla fuzileiros e soldados equipados para o perigo.
Um grupo de oficiais está em busca de um arsenal de armas, mas acaba encontrando um templo antigo após o chão repartir. Perdidos nesse local, eles precisam retornar à superfície. Contudo, as profundezas escondem demônios que são um risco à vida de cada um dos soldados.
Dessa vez, a Supermassive não colocou jovens para serem os protagonistas, mas sim, agentes de elite que estão em guerra no Iraque. No entanto, não parece isso. Todos os fuzileiros são bastante ingênuos com diálogos desconexos da realidade. Em um templo onde habita criaturas demoníacas, não faz muito sentido discutir o relacionamento, não é mesmo? Não para um dos casais de House of Ashes.
Os momentos de ação são bem legais e exigem do jogador a atenção para acertar os quick time events. Dessa vez, por causa das armas, é necessário mirar no ponto exato para executar o comando e, nos momentos intensos, essa parte funciona direitinho.
Porém, há uma ressalva: a primeira metade — as três horas iniciais — do game é muito entediante. Isso porque a narrativa está se desenvolvendo e não existem cenas empolgantes. É, sem sombra de dúvida, o pior começo de todos os jogos da antologia. O ritmo melhora drasticamente a partir da metade final.
Boas, mas poucas ideias
Não é surpresa para ninguém que House of Ashes é um “repeteco” dos dois títulos anteriores no quesito da jogabilidade. É uma tarefa árdua renovar nesse gênero, porque a intenção é justamente oferecer um “filme interativo” com escolhas e consequências.
Entretanto, no novo game da Supermassive, eles colocaram boas ideias que poderiam ser melhor experimentadas. Em certo momento, o jogador deve andar com cautela no cenário para não despertar os demônios — não é “quick time event”, é controle do personagem.
Além disso, o universo em construção continha muitos símbolos e possibilidades para inserir puzzles. No entanto, a desenvolvedora se manteve presa à estrutura tradicional do gênero.
Há de se destacar o ótimo trabalho da ambientação sonora e visual. Apesar de o clima do jogo não trazer suspense ou uma sensação de medo, os cenários recriados são bonitos por causa das mecânicas de luzes e sombras.
Se os ambientes foram bem trabalhados, não é possível dizer o mesmo dos personagens. As expressões faciais dos soldados estão bem esquisitas, com olhares vazios e posições não muito comuns. Inclusive, esse defeito impede a imersão devido à estranheza em ver os fuzileiros deformados.
Outro fator positivo — e que deve seguir para os próximos jogos — é o aumento da variedade de consequências. O sistema de escolhas permanece o mesmo, optando por decisões racionais ou sentimentais que afetam até no relacionamento com os soldados. Quanto mais íntimo ou afastado de alguém, mais opções existem de abordagem.
Em House of Ashes dá para perceber uma vasta possibilidade de eventos baseada nas escolhas feitas ao longo da aventura. Se todo mundo morre, se todos vivem, se alguns tomam caminhos completamente diferentes, tudo depende das decisões que podem ser combinadas de muitas novas formas. Ponto positivo mesmo!
The Dark Pictures Anthology: House of Ashes: vale a pena?
Não há muito mais o que dizer sobre o novo título de The Dark Pictures Anthology. Com as mesmas mecânicas e uma história que poderia ser melhor aproveitada, o título segue o estilo tradicional do gênero, acertando em alguns elementos e errando em vários outros.
Em suas qualidades, é possível citar a composição sonora e a recriação de ambientes. Além disso, os momentos de ação são bastante competentes e divertem.
No entanto, seus problemas são bem mais evidentes: um ritmo inicial muito arrastado e pouco envolvente, e personagens que o jogador não se apega por causa dos diálogos fúteis e expressões faciais fora da realidade.
Por seis horas de campanha — na primeira tentativa — e mais opções cooperativas, os jogadores têm um conteúdo de aproximadamente 10 horas. Talvez, o preço atual, R$ 156,90, não atraia o consumidor. No entanto, quem espera um pouquinho poderá encontrá-lo com valores mais viáveis, como é o caso de Man of Medan e Little Hope, estes em promoção.
Agora, as expectativas estão voltadas para o Season Finale. Ao que tudo indica, os players não serão levados para uma aventura de terror psicológico e nem lidarão com demônios, mas enfrentarão dilemas a partir de um experimento de um psicopata. Resta-nos esperar o próximo título da antologia.
Veredito
The Dark Pictures Anthology: House of Ashes
Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5
Desenvolvedor: Supermassive Games
Jogadores: 1-2
Comprar com DescontoVantagens
- Cenas de ação bem legais
- Grande variedade de consequências das escolhas
Desvantagens
- Ritmo lento
- Diálogos superficiais
- Expressões faciais precárias
- Personagens pouco envolventes
- Não tem uma atmosfera tensa ou valoriza os monstros