Crossplay: bom para reunir amigos ou ruim por ser desvantajoso contra mouse e teclado?
Quando falamos de shooters, o crossplay é ótimo para reunir amigos, mas desequilibra partidas por conta do mouse e teclado
Há poucos anos, a Sony tinha uma política bem fechada, quando o assunto era o crossplay. A pressão por parte da comunidade gamer, no entanto, fez a empresa japonesa rever conceitos e implementar a ferramenta no PlayStation. Com isso, os jogadores podem se divertir com amigos de outros consoles e/ou PC em um mesmo jogo. Isso seria digno de elogios, mas pode ser problemático em algumas situações.
Ao jogarmos games como Call of Duty ou Overwatch, por exemplo, a precisão e velocidade nas quais um jogador consegue mirar em um adversário difere muito entre controles e mouse/teclado. Quem usa esses últimos, provavelmente sabe: vai ter muita vantagem ao trocar tiros.
As produtoras, é bem verdade, tentam equilibrar a disparidade entre plataformas ao implementarem — em alguns jogos — o assistente de mira para jogadores de controle. Em Call of Duty: Modern Warfare (2019), a Activision detalhou que “nenhum jogador deve sentir possuir uma vantagem desleal” sobre seus adversários. Se um usuário liga o recurso, a mira trava no oponente, mesmo se ele estiver em movimento.
Isso, no entanto, não parece ser o bastante para haver um consenso. Murilo Moraes, apoiador do MeuPlayStation, reclama da desvantagem contra players de mouse e teclado, porque estes contam com mais agilidade e precisão. Apesar disso, também ressalta a possibilidade de encontrar amigos de diferentes plataformas.
O crossplay ajuda nos momentos em que amigos jogam em diferentes plataformas. Em contrapartida, há uma clara desvantagem para os jogadores de controles, pois teclado e mouse dão mais agilidade e precisão.
João Vitor Sardela, outro apoiador do MeuPS, segue a mesma linha de raciocínio: “os players de console não têm muita chance de baterem de frente contra os de PC, por causa da facilidade de mira deles“, disse ele.
Talvez, a palavra ideal para definir a situação seja “frustração”. Afinal de contas, ao entrar em uma partida de CoD, é possível saber quais jogadores não usam a mesma plataforma que a sua. Em pouco tempo, estes mesmos gamers aparecem com pontuações K/D/A (kills, mortes e assistências) super positivos e não há como enfrentá-los de igual para igual.
Qual a solução momentânea nesses casos? Desligar o crossplay. É um tanto decepcionante fazê-lo, ainda mais porque você deixará de se divertir com seus amigos no Xbox ou no PC. Entretanto, esse sentimento de impotência ficará para trás.
Como as produtoras deveriam melhorar a experiência crossplay?
As desenvolvedoras poderiam elaborar um sistema de matchmaking crossplay mais avançado. Se determinado jogo detecta que um jogador está utilizando controle, ele deveria ser colocado em partidas contra oponentes que usam apenas controles. O mesmo serve para mouse e teclado — é possível conectar esses dispositivos no PS5, caso seu colega no PC não possua um joystick. Esta é exatamente a opinião de Murilo:
Deveria existir um filtro, não só por onde os jogadores estão jogando, mas também com o quê estão jogando. Por exemplo: caso o usuário de PC queira jogar com/contra players de controle, o mesmo teria que conectar um joystick (ou vice-versa).
A questão deste artigo diz respeito apenas aos shooters, é bom ressaltar. Não é porque existem problemas entre controle vs. mouse/teclado em games FPS, que o crossplay em títulos de outros gêneros como DIRT 5, Mortal Kombat 11 ou Rocket League deva ser contestado. No fim das contas, o importante é reunir a “rapaziada” para um gameplay.