Resident Evil 0 HD Remastered: Vale a pena?
Resident Evil 0 HD Remastered é mais uma investida da Capcom em remasterizações de grandes clássicos da série Resident Evil para nova geração de consoles.
Após uma bem sucedida recepção ao Resident Evil HD Remastered em 2015, a companhia nipônica novamente se enveredou em oferecer aos fãs um novo clássico com uma nova roupagem. Será que a empresa acertou novamente na aposta?
Confira agora em nossa análise!
Prefácio
Desenvolvido originalmente para Nintendo GameCube, Resident 0 HD chega a nova geração renovado, tanto em seu visual, quanto na parte sonora e em modos de jogo.
O objetivo da Capcom é tornar o título, até então menos conhecido da saga, mais familiar aos jogadores e proporcionar uma experiência mais clássica, resgatando os fãs mais ortodoxos e inserindo os novatos aos antigos games, tão cultuados.
Zero narra os acontecimentos anteriores ao Resident Evil 1, quando o time BRAVO da S.T.A.R.S é enviado às montanhas Arklay, nas imediações de Raccon City, para investigar uma série de misteriosos assassinatos. Durante o percurso, o helicóptero que transportava a equipe sofre uma pane, sendo forçado a fazer um pouso emergencial na floresta.
Após sobreviverem ao desastre aéreo, o BRAVO Team sai pela floresta buscando respostas pelos ocorridos e uma maneira de continuarem em sua missão (missão dada é missão cumprida!). Ao mesmo tempo, o esquadrão se depara com uma outra intercorrência: Um outro acidente, dessa vez de uma equipe que transportava um ex-militar condenado à morte. Os ocupantes do veículo estavam todos sem vida, menos o suposto assassino, que se encontrava desaparecido e, naquele momento, acabara de se tornar o principal suspeito de mais um crime.
Os S.T.A.R.S saem então na captura do meliante, quando a doce médica do grupo, Rebbeca Chambers, se depara com um trem estacionado. Ao adentrar nos vagões, a oficial encontra várias pessoas dilaceradas, sedentas por sangue.
Rebbeca e Billy se conhecem e acabam formando uma improvável aliança para juntos escaparem do que sobrou do trem que, por algum motivo, começou a percorrer os trilhos em alta velocidade, indo direto para destruição.
Ao longo da jornada, Coen e Chambers devem trabalhar em conjunto para terem alguma chance de sobreviverem as bizarrices e fatos estranhos que os acompanham até a mansão Umbrella.
Visual
O game é de 2002, portanto já é datado, contudo a Capcom realizou um excelente trabalho de remasterização, atualizando o visual com ótimas melhorias. Efeitos de luzes, texturas e sombreamento foram todos refeitos e estão em um nível acima do que vimos em Resident Evil 1 HD Remastered.
Cenários mais bonitos, vivos e com novas técnicas de iluminação fazem com que os olhos dos saudosistas brilhem diante de tanto capricho e zelo.
Além dos cenários, os personagens também receberam um trato especial. Os protagonistas foram remodelados em muitos aspectos, principalmente nos cabelos, texturas das peles e nos modelos.
Apesar de ter sido muito competente na maioria dos quesitos, um ponto falho salta aos olhos. As CGs não refletem o potencial da atual geração de consoles e ainda são praticamente as mesmas de 2002.
Jogabilidade
A reclamação número 1 de todos aqueles que acreditam que a franquia Resident Evil perdeu a sua essência está baseada na jogabilidade. Os títulos mais recentes (Resident Evil 4, 5 e 6) implementaram mecânicas mais focadas na ação, com destaque para tiroteios e puzzles bem mais simplificados.
Em Resident Evil 0 HD, a jogabilidade volta às origens com as movimentações clássicas e metódicas. Câmera fixa, cenários pré-renderizados e elevado nível de dificuldade podem causar estranheza nos mais novos, mas é exatamente estes requintes que fizeram com que Resident Evil se tornasse o mais importante percursor do gênero survival horror da indústria dos vídeo games.
Apesar de ser um clássico, a Capcom fez muito bem a lição de casa e desenvolveu uma jogabilidade mais adaptativa. Aqueles que preferem os comandos clássicos e a forma de movimentação mais “travada” serão bem servidos. Já os novatos que prezam por mais algo moderno e híbrido poderão configurar os controles facilmente. Com isso, a desenvolvedora conseguiu o feito de agradar a todos.
Também cabe destacar aos novatos: Este é um Resident Evil clássico, logo existem mais puzzles, a jogabilidade é muito diferente dos jogos atuais e o nível de dificuldade está um pouco acima do que estamos acostumados atualmente. Não se desesperem!
Um dos pontos de destaque é a possibilidade de alternar a qualquer momento entre os protagonistas. Billy e Rebecca devem trabalhar em conjunto para resolver alguns puzzles, caminham juntos e formam uma bela equipe. Todavia, o jogador pode controla-los de forma individual, fazendo um personagem explorar determinadas partes, enquanto o outro caminha em partes distintas do cenário.
Quando estão juntos, a inteligência artificial se encarrega de controlar o segundo personagem e ela cumpre bem o seu papel, oferecendo uma boa companhia, ajudando nos momentos mais complicados. Além disso, existe a possibilidade de se controlar os dois personagens ao mesmo tempo: com um direcional controla-se Rebecca e com outro o Billy. Exige um pouco de treino, mas é uma ótima forma de proporcionar liberdade.
Talvez o jogador possa pensar que os personagens são iguais, alternando somente o sexo, mas isso é um grande equívoco. Enquanto Billy é mais resistente, pode movimentar objetos do cenário e robusto, Rebbeca é mais delicada, mais propensa aos danos e a única capaz de realizar as combinações.
Como exposto, é de suma importância que o jogador utilize os dois personagens, focando nas habilidades que cada um tem a oferecer.
Clássico
O game em questão faz parte dos clássicos da série. Isso implica que não existem checkpoints automáticos, devendo os jogadores gerenciarem o salvamento dos progressos através das máquinas de escrever, utilizando os saudosos Ink Ribbon.
Morrer significa voltar para os menus iniciais. Não existe “continue” ou voltar do ponto exato de onde parou. O retorno será feito na última vez em que o jogador cuidou para salvar o game, nas máquinas de escrever.
Outro aspecto está relacionado ao gerenciamento dos itens e da quantidade de utensílios que é possível carregar ao mesmo tempo. A capacidade de armas, munição, chaves e outros artifícios que os personagens carregam é muito limitada, portanto os jogadores devem fazer a gestão de recursos com sabedoria.
Não existem baús de armazenamento em RE 0. Todos os itens podem ser descartados a qualquer momento. Se o inventário do jogador estiver cheio, basta deixar um item desnecessário no chão e, caso seja necessário recuperá-lo, basta voltar ao local e pegá-lo novamente.
Sonoplastia
Em aspectos sonoros, o game recebeu tratamentos no áudio, inserindo o sistema Surround, que propicia maior imersão e qualidade.
No geral, neste aspecto, o game continua o mesmo, com músicas mais intensas quando a situação está desfavorável e batidas mais calmas quando o jogador está em um local mais seguro, geralmente próximo às máquinas de escrever.
No mais, o clima é exatamente o mesmo: passos dos personagens que dão agonia, grunhido de monstros e barulhos estranhos que dão arrepios.
Wesker Mode
A principal novidade inédita do game é o Wesker Mode. Após finalizar a aventura uma vez, o modo de jogo é habilitado. Nele é possível assumir o controle do vilão Wesker, que nesta modalidade possui habilidades sobre-humanas.
Wesker é capaz de derrubar zumbis e outros inimigos com facilidade através de super-poderes.
Falha Nostra…
Mesmo com a experiência de outras remasterizações, a Capcom deixou algumas arestas soltas. A principal delas fica por conta da ausência de uma localização para nosso idioma. Resident Evil 0 não contém sequer legendas em nossa língua.
Outros pontos também poderiam ser melhor retrabalhados como: posicionamento de câmeras, melhorias na jogabilidade e na renderização de alguns personagens e nas cenas em CG que deveriam ser refeitas.
Considerações Finais
Resident Evil 0 HD Remastered traz a nós os velhos tempos de forma bastante competente, com um visual caprichado, considerando que se trata de uma remasterização, ambientação, gameplays clássicos e toda experiência proporcionada por um legítimo game da série Resident Evil.
Aos novatos, fica a recomendação de apreciar a obra como ela deve ser jogada: luz apagada, headset, sem uso de tutoriais (Youtube, detonados e macetes) e sem quaisquer interferências do mundo moderno.
Apesar dos seus pontos falhos, como a falta de uma localização para nosso idioma (nem uma legenda Capcom!? ) e as CGs de baixa qualidade, Resident Evil 0 mostra que o estilo old-classic ainda pode ter espaço na estante dos jogadores.
Resident Evil 0 HD Remastered é recomendado para todos os novatos e item obrigatório para os saudosos fãs da série.