NieR Replicant ver. 1.22474487139: vale a pena?
Título assume inspirações em Automata e traz mais um ótimo game hack and slash
Falar sobre a humanidade é algo difícil. Enquanto NieR: Automata apresenta um universo sem seres humanos, mas influenciado por eles, NieR Replicant enche o mundo de pessoas e levanta a questão: até onde você iria por elas? É filosófico, é reflexivo e é um game que nos traz lições para a vida — mesmo sem entender de imediato seus eventos.
A Square Enix e a Toylogic lançam NieR Replicant ver. 1.22474487139 melhorando em gráficos e desempenho a versão do clássico do PS3 e remodelando a jogabilidade para o estilo de Automata. O resultado? Um jogo profundo, dramático, mas divertido e capaz de entreter por muitas horas!
Qual o preço de uma alma?
A história de NieR Replicant possui um início, meio e fim, porém, a interpretação do jogador muda drasticamente ao conhecer toda a lore dos games e do universo construído por Yoko Taro. Afinal, o título pode ser o primeiro da série “NieR”, mas ele tem conexões com a franquia Drakengard.
O enredo de Replicant coloca os jogadores no controle de um menino que faz de tudo para proteger sua irmã, Yonah. Eles vivem em um universo cheio de humanos — ao contrário de Automata — mas rodeados das perigosas Shades, criaturas que não são entendíveis e matam as pessoas.
Yonah sofre de uma doença mística e o protagonista (que não tem nome definido) vai atrás de uma cura até encontrar Grimoire Weiss, um livro mágico que pode ser a solução dos problemas dos irmãos.
A primeira qualidade de Replicant é vista no relacionamento entre os personagens. A química do protagonista com Weiss é bem divertida, já que o livro funciona como alívio cômico pelo seu jeito imponente de falar. Além disso, ao longo da narrativa, novos heróis e vilões participam da trama e todos possuem um nível interessante de profundidade.
Durante o enredo, o protagonista faz de tudo para salvar sua irmã e isso levanta um questionamento implícito: vale tudo por uma alma? Até porque existem outros lados…
Quase um universo MCU
Quem acompanhou o Universo Cinematográfico da Marvel já percebeu que cada filme possui seu arco completo, mas as produções dialogam entre si com referências, desenvolvimento dos personagens e, claro, na construção de todo o mundo. Manhattan não foi a mesma depois da Guerra de Nova Iorque ou o Tratado de Sokovia, por exemplo. O mesmo acaso acontece em NieR Replicant.
Yoko Taro criou um universo cheio de ligações e referências. Quem não conhece tais informações consegue aproveitar o game tranquilamente. No entanto, novos significados são extraídos quando os jogadores reconhecem esses detalhes.
Inclusive, mais interpretações podem ser obtidas dentro do próprio jogo ao completar os demais finais. O game possui cinco conclusões “diferentes”, com cada uma delas oferecendo uma visão de outros personagens acerca dos eventos da história e mais detalhes dos relacionamentos. Terminar os dois primeiros finais resultou num total de 30 horas e, aparentemente, são os mais importantes para ter um parâmetro total do enredo.
Quem se interessar pela lore precisará investir muito tempo na pesquisa, porque o universo de NieR e Drakengard começa no nascimento de Jesus Cristo (isso mesmo!). Não é algo obrigatório, mas quem não sabe dessas informações acaba perdendo um pouco do impacto das revelações.
A influência de Automata
A versão original de NieR do PlayStation 3 era travada e pouco fluida, totalmente ao contrário do que foi apresentado em Replicant. A Toylogic se inspirou no sucesso de NieR: Automata e remodelou a jogabilidade, transformando o gameplay em algo divertido, dinâmico e bem gostoso.
A dificuldade no modo Normal não trouxe nenhum grande desafio. Em 30 horas de jogo foram as poucas vezes que morri, e o game facilita bastante com a possibilidade de utilizar itens de cura em qualquer momento da batalha. Os inimigos simples são facilmente abatidos, mas nunca deixa de ser divertido com os movimentos acrobáticos dos golpes.
No primeiro momento do game, o protagonista consegue utilizar apenas uma espada e os poderes mágicos de Weiss. Só depois que a lança e a espada de duas mãos são liberadas e abrem mais um leque de opções de jogabilidade.
Além disso, há um pequeno sistema de personalização das armas. Os jogadores podem atribuir palavras específicas para os equipamentos, garantindo mais dano, menos custo de MP ou maior taxa de XP. Nesse quesito RPG, NieR Replicant é bem simples. Não é possível construir builds ou customizar o estilo de jogo, até porque o foco do gênero está na aventura.
É preciso elogiar as lutas contra os chefes. Cada uma delas é poderosa, divertida e única. Inclusive, são as melhores partes do gameplay, já que a narrativa é totalmente ligada ao combate. Por isso, chegar ao final de uma dungeon ou encontrar um grande vilão da trama é sempre um momento marcante.
Aliás, assim como Automata, as boss fights são melhoradas graças à trilha sonora que desempenha um papel excelente em todo o game. Cada cenário possui sua própria música, assim como os personagens, e isso cria um clima propício para a imersão. As faixas são muito bem encaixadas e funcionam perfeitamente no game, este um exemplo de excelência de como utilizar trilhas sonoras nos jogos.
Quanto mais alto, maior a queda
Infelizmente, NieR Replicant não herdou de Automata a mesma beleza. Isso é até entendível, porque o jogo tenta respeitar o estilo da versão original, mas também é frustrante, pois os ambientes tinham bastante potencial de serem explorados visualmente.
Os jogadores passam por campos, desertos e templos com feixes de luzes, mas os gráficos denunciam que o game faz parte de uma geração passada. O jogo não é feio, porém, fica abaixo das expectativas.
Numa época onde os títulos pretendem oferecer uma velocidade cada vez maior no carregamento, Replicant deixa a desejar. A cada transição dos cenários há uma tela de loading e, mesmo no PS5, elas demoram um pouco para carregar. Isso ainda é mais chato pelo fato de ser constante durante todo o game.
A tela de carregamento, inclusive, lembra outra dificuldade de NieR Replicant: o game não possui suporte às legendas PT-BR. O que é um problema grave para quem não sabe inglês, porque perderá o entendimento da história. Sem contar os momentos de RPG quando é preciso tomar decisões baseadas em textos extensivos.
Por fim, o sistema de exploração de NieR Replicant consegue ser pior do que foi visto em Automata. Os jogadores são forçados a executar um caminho no mapa sem muito sentido, obrigando a dar voltas “só porque o jogo quis”.
O jogador pode ficar frustrado pelo fato de ver o objetivo em sua frente, que exige apenas um pulo alto para alcançá-lo, mas ser impedido por conta de uma parede invisível. Tudo porque o game design quer que ele siga um determinado caminho alternativo.
NieR Replicant: vale a pena?
NieR Replicant ver. 1.22474487139 traz de volta as melhores características de Automata em uma nova história que promete agradar aos fãs deste universo. Para quem procura um bom hack and slash, o título desempenha um bom papel, mas Automata é ainda melhor.
Enquanto a jogabilidade, história e trilha sonora são pontos altos, as limitações inerentes aos elementos de gerações são evidentes, apontando defeitos visuais e uma falta de praticidade na exploração.
Essa nova versão oferece um conteúdo inédito, como um capítulo do enredo que é bastante bonito e desafios de dungeons especiais. São ideias muito boas que trazem uma diversão especial com referências aos outros games.
Veredito
NieR Replicant ver. 1.22474487139
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Toylogic
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Enredo profundo
- Personagens bem desenolvidos
- Jogabilidade dinâmica
- Novo conteúdo em relação ao game original
Desvantagens
- Sem legendas PT-BR
- Gráficos e exploração limitados
- Muitas referências a outros conteúdos passados