Ghostrunner: vale a pena?
Um aperitivo do universo cyberpunk
Deslize, pule, desvie, ataque! Errou no processo? Repita instantaneamente. Essa é basicamente toda a experiência em Ghostrunner. Não é algo ruim, porque a trilha sonora e os comandos responsivos sustentam bem o game. Porém, não espere um título criativo ou com horas e horas de conteúdo.
Nessa pequena janela antes do lançamento de Cyberpunk 2077, o título da All in! Games e 505 Games oferece um gostinho desse universo cibernético. Ele tem mais acertos do que erros, mas passa longe de ser memorável. Ghostrunner é divertido e simples, no entanto, talvez a sua simplicidade excessiva seja o maior “problema”.
O que tá acontecendo aqui?
No início das análises, geralmente falamos sobre enredos. No entanto, absorver o de Ghostrunner é complicado. Isso porque há poucas cutscenes e a narrativa se desenrola durante o gameplay – justamente nas horas onde várias acontecem na tela ao mesmo tempo.
Dá para entender o núcleo principal a partir dos momentos mais calmos, mas é comum os jogadores perderem os diálogos, porque é mais importante se concentrar em desviar das balas e calcular os movimentos do que prestar atenção nas legendas. É exatamente nessas horas que uma dublagem faz muita falta!
Contudo, após retornar os capítulos e parar para compreender o enredo, é possível notar que tudo acontece de uma maneira previsível. O protagonista, um Ghostrunner que foi ressuscitado para cumprir o papel de libertar a sociedade de uma ditadora, percorre cenários em um mundo distópico onde vivem inimigos com implantes cibernéticos.
A história não possui um apelo e as reviravoltas não são nem um pouco surpreendentes. Além disso, não é uma boa decisão desenrolar a narrativa nos diálogos durante o gameplay enquanto o jogador está mais preocupado em sobreviver.
Sem parar!
O personagem Ghostrunner é uma espécie de samurai/ninja modificado tecnologicamente para ser um soldado especial. Ele utiliza uma katana e habilidades cibernéticas para vencer os inimigos, mas seu principal recurso é a velocidade aliada à precisão.
A jogabilidade é simples: corra pelas paredes ou deslize pelo chão para desviar dos tiros e acerte os alvos com um golpe de katana para matá-los. Todos morrem com um acerto – incluindo o protagonista. Dessa forma, o gameplay toma um ritmo frenético e desafiador.
As primeiras fases são bem introdutórias, mas os desafios surgem gradualmente com inimigos de escudos, adversários aprimorados e até robôs que parecem ter saído de um dos jogos do Metal Gear. Cabe ao jogador a estratégia da rapidez aliada ao conhecimento dos cenários para abater todos os alvos.
E não se preocupe sobre conhecer os ambientes, porque a morte é uma aliada para os jogadores! Como o jogo funciona ao estilo hit kill, qualquer comando errado ou deslize no controle causa a derrota do Ghostrunner. No entanto, o recomeço daquele ponto da fase é instantâneo e já é possível tentar novamente logo em seguida.
O gameplay incentiva as tentativas consecutivas (seja lá quantas forem) – até porque, quanto mais mortes, mais perto o jogador fica de atingir a perfeição dos movimentos.
Quando o arroz e feijão não é o suficiente
O problema de Ghostrunner é justamente sua simplicidade. O enredo básico faz os jogadores não terem um interesse mesmo com um mundo rico a ser explorado e o gameplay é o mesmo desde o início.
Durante a jornada do protagonista, quatro novas habilidades são desbloqueadas para o uso do combate. No entanto, elas não interferem muito no núcleo da jogabilidade, porque exigem um cooldown baseado principalmente na realização de mortes. Ou seja, é preciso matar no modo “padrão” com a katana para utilizar os poderes.
Mesmo com essas variações geradas pelas habilidades, os jogadores novamente ficam limitados ao estilo convencional por estarem mais preocupados em não morrer do que testar poderes.
Essa simplicidade toda também incomoda na hora dos detalhes, principalmente visuais. Os cenários de neon dão uma boa impressão para o jogo, mas os efeitos visuais, como as mortes em câmera lenta, são bem precárias.
Além disso, Ghostrunner tem uma curta duração (talvez por isso não custe o mesmo tanto que games AAA). É possível platinar o game em cerca de 15h, deixando a campanha principal entre 5 e 7 horas, dependendo no nível de habilidade.
DJ, aumente o som!
É necessário um destaque para a trilha sonora. As batidas synthwave extraíram muito bem toda a temática cyberpunk, e as faixas do game são uma ótima indicação no Spotify para quem curte uma pegada eletrônica.
O gameplay fica muito mais divertido graças à trilha e, quando o som não está ativo, fica até uma sensação esquisita, porque ele combina direitinho com a jogabilidade.
Dá para perceber nesse caso que, enquanto o visual e os detalhes gráficos ficaram de lado, a equipe de desenvolvimento investiu muito bem na trilha sonora.
Um aperitivo do universo cyberpunk
Ghostrunner é um jogo divertido, embora bastante simples. Sua proposta frenética funciona e consegue se sustentar até o final, trazendo algumas variações em razão dos chefões e das habilidades desbloqueadas.
No entanto, está longe de ser um lançamento memorável. É um game capaz de entreter por poucas horas e é só isso. Não espere por um “Mirror’s Edge cyberpunk” ou qualquer coisa do gênero. Melhor esperar só uma promoção mesmo…
Veredito
Vantagens
- Gameplay frenético
- Trilha sonora boa
- Representa o universo cyberpunk
- Sem telas de carregamento
- Comandos responsivos
Desvantagens
- História desinteressante
- Jogabilidade repetitiva
- Falta de atenção ao visual
- Legendas pequenas, rápidas e mal posicionadas