Streets of Rage 4: vale a pena?
Nova geração do clássico beat 'em up da Sega tem a essência dos anos 90 numa roupagem de 2020
Nostalgia, substantivo feminino. Saudades de algo, de um estado, de uma forma de existência que se deixou de ter; desejo de voltar ao passado. Streets of Rage 4 é um jogo que, certamente, irá despertar esse sentimento no público que vivenciou a trilogia original e sentia falta de uma sequência desde 1994. Com direito até a gráficos retrô.
Mesmo para os mais jovens, dá para ter um gostinho do quanto bons beat ’em up são divertidos – algo que deveria ser a premissa de todo game. Até rola uma história, mas você não tem preocupação nenhuma além de simplesmente sair dando porrada em tudo que aparece na sua frente. Com comandos simples, visual incrível, trilha sonora empolgante e um nível de dificuldade bem interessante.
É claro que títulos mais complexos, os chamados AAA, super realistas, com enredos imersivos e gameplay robusto, são os destaques da indústria. Só que todo mundo precisa só dar umas risadas e curtir a experiência de vez em quando. Ainda mais tempos tão difíceis que estamos vivendo atualmente. E um novo Streets of Rage é perfeito para isso.
Y > X
Para quem não está familiarizado com a história da saga, ela se passa em Wood Oak City, onde um chefão do crime, chamado Mr. X, é responsável por criar uma organização chamada Sindicato que transforma o local nas “Ruas de Fúria”. Então, os jovens amigos Adam Hunter, Axel Stone e Blaze Fielding se reúnem para lutar contra essa máfia e recuperar o controle da região.
Os eventos de Streets of Rage 4 acontecem exatos dez anos após o duelo final com o Mr. X, em Streets of Rage 3, lançado 1994. O jogo possuía quatro finais, mas o que rolou, basicamente, é que tudo voltou à paz na cidade. Só que agora, depois de uma década, surge um novo vilão. Ou melhor, dois.
Os “Gêmeos Y”, que são nada mais, nada menos, do que filhos do Mr. X (que criatividade para dar nomes nessa família). Eles estão à frente de uma nova tentativa de dominar as ruas de Wood Oak City. E não haveria ninguém melhor do que os antigos heróis, com ajuda de alguns novos companheiros, para enfrentar esses vilões.
O trio volta à ativa, reforçado por Cherry Hunter, filha de Adam, e Floyd Iraia (uma espécie de aprendiz do Dr. Zan, personagem que foi introduzido em SoR 3). Você pode controlar qualquer um deles, com suas características próprias, e ainda tem como desbloquear alguns outros personagens marcantes da franquia em versão retrô.
Um clássico de cara nova
O bacana é que Streets of Rage 4 é, realmente, um jogo novo. Mais do que fazer remakes, como Crash, CTR e Spyro, por exemplo, que deram super certo, a publisher DotEmu optou por um game totalmente diferente dos anteriores. Uma sequência. E o trabalho feito pelos estúdios Lizardcube e Guard Crush Games merece elogios.
É uma jogabilidade clássica, seguindo as tradições da série, mas de cara nova. O trabalho visual é digno de aplausos. A ambientação dos cenários é incrível, e os desenhos são feitos à mão, assim como os personagens. Sem dúvidas, é um dos mais bonitos jogos do gênero na história. Iluminação, cenários, bonecos, animações, golpes…
Até os menus e as cenas de “diálogos” (não há áudio de vozes, só legendas) são bem construídos. Por falar nisso, é importante frisar que, pela primeira vez na história da saga, há localização para o português do Brasil. Outro ponto extremamente positivo para essa imersão é sua trilha sonora. As músicas encaixam direitinho no clima do jogo.
Guardadas as devidas proporções, é como acontece em DOOM Eternal: o game parece feito para aquela metal pesadão que toca enquanto você despedaça demônios. As canções são perfeitas para seguir só andando e batendo em quem aparecer na sua frente. Sem falar que ainda é possível desbloquear as faixas “originais” da franquia.
Porrada neles!
Mas nada disso adiantaria se a porrada não cantasse, né? Aqueles cinco minutinhos sem perder a amizade… Pois é, o título traz aos fãs aquele ritmo que todo mundo curte em um beat ’em up. Só sair apertando quadrado pra cima dos inimigos dá um bom resultado. Mas, além disso, você pode usar o triângulo para golpes especiais e triângulo + bola para os “finalizadores”.
E o bacana é que cada personagem possui características únicas de combate. Floyd, por exemplo, é mais pesadão, mas possui dois braços robóticos, que podem alcançar os inimigos mesmo mais longe, Cherry é baixinha e rápida, Axel é balanceado e tem um especial bastante forte no triângulo, Blaze é super ágil e versátil, enquanto Adam, que você desbloqueia depois, pareceu o mais “apelão”.
Se você tiver um amigo para jogar, então, seja em casa, no seu sofá, ou online, a experiência vai ser ainda melhor. E uma nota pessoal do editor desse review: joguei com a minha esposa, que era fã da saga nos anos 90, e ela curtiu muito (eu também). É possível jogar co-op com até quatro pessoas, o que torna tudo divertido demais.
A grande questão é que, mesmo com tudo isso, o gênero em si é levemente repetitivo. Streets of Rage 4 até tem mais de um modo. Além duma história que permite escolher entre várias dificuldades (de fácil a super difícil), também há um PvP e um duelo contra chefões. Só que o fator replay não é lá dos mais altos, porque é fácil enjoar, e a campanha é bem curtinha.
Streets of Rage 4: vale a pena?
O balanço é extremamente positivo. A DotEmu acertou muito em trazer Streets of Rage de volta e correspondeu às expectativas. É claro que alguns fãs old school terão reclamações a fazer. A jogabilidade, por exemplo, está bem mais simplificada, sem algumas possibilidades de movimentos que existiam anteriormente. Mas, no fim das contas, o game está muito bom.
Para o seu estilo, ele é praticamente perfeito. Tem algumas questõezinhas que poderiam ser melhores: por exemplo, os inimigos “saem” sempre dos mesmos lugares, os modos extras são apenas OK e a duração da história principal é bem curta (são só 12 níveis). Por isso, a nota dele não é maior. Contudo, continua sendo uma experiência recomendada.
Especialmente porque tem um preço “barato” (para os padrões dos games). Na PlayStation Store, ele sai por menos de R$ 100. Se você curte esse tipo de aventura, certamente vai se divertir bastante (e por um preço que é relativamente camarada). Ou seja, não tem como não recomendar.
Streets of Rage 4 não vai ser dos jogos mais comentados e hypados de 2020, mas certamente será um dos mais divertidos. Vale a pena!
Veredito
Streets of Rage 4
Sistema: PS4
Desenvolvedor: Lizardcube e Guard Crush Games
Jogadores: 1-4
Comprar com DescontoVantagens
- Gráficos muito bem trabalhados
- Jogabilidade simples
- Dificuldade crescente e personalizável
- Trilha sonora imersiva
- Modos de jogo diferentes
- Localização para o português
Desvantagens
- Pouco fator replay
- Combates seguem um padrão
- Campanha é bem curtinha