The Dark Pictures Anthology – Man of Medan: vale a pena?
Supermassive repete a fórmula de sucesso, mas não cumpre expectativas.
The Dark Pictures Anthology – Man of Medan tem uma responsa enorme. O game é o nada mais do que o primeiro grande título da Supermassive depois de Until Dawn.
O exclusivo do PS4 é um dos melhores da geração, sem dúvidas, e quem curte os games guiados por narrativa e escolhas encontra ali um prato cheio. Não só as possibilidades são infinitas, como a história é viciante, os gráficos são incríveis e tem até vencedor do Oscar no elenco.
Considerando esse marco enorme que Until Dawn representa, é normal esperar muito de Man of Medan. O título é a primeira parte de uma série antológica de histórias de terror que a Supermassive quer levar para os consoles. E o estúdio segue a mesma receita de sucesso de seu predecessor, como algumas novidades muito interessantes.
No entanto, a primeira parte de The Dark Pictures Anthology também tem seus problemas. Alguns deles são técnicos, de performance mesmo, e acabam atrapalhando a experiência. Outros acabam sendo produto das comparações inevitáveis com Until Dawn.
Receita de sucesso
Se Until Dawn colocou a Supermassive Games no hall da fama, também virou um ponto de referência para tudo o que o estúdio faz. Depois de The Impatient e Until Dawn: Rush of Blood encerrarem as possibilidades do exclusivo do PS4, The Dark Pictures Anthology – Man of Medan é o próximo passo.
O novo game também traz uma trama de terror envolvendo um grupo de jovens. O cenário muda, no entanto. Saímos da cabana remota na floresta para um misterioso navio fantasma em alto mar. Realidade, ilusão, o sobrenatural e a insanidade se unem em uma trama em que nada é o que parece.
Cada personagem é bem construído, tem uma personalidade distinta e a estrutura robusta do jogo continua a moldar como cada um deles vai agir na história. As suas decisões como jogador definem se alguém vai se tornar mais corajoso ou inseguro, assim como o relacionamento entre cada um deles.
Esse tipo de sistema torna muito difícil prever as consequências das suas decisões. Em um contexto de terror, em que emoções muito extremas guiam praticamente tudo, isso torna tudo mais interessante.
Multiplayer é adição bem vinda
Man of Medan aplica muito bem tudo o que já tinha dado certo na receita de Until Dawn, mas traz ingredientes novos. Os modos multiplayer, por exemplo, são ótimas adições e trazem uma experiência muito interessante para jogos baseados em narrativa.
O modo Noite de Cinema é um “coop de sofá”, em que você pode se juntar a até cinco jogadores offline. Cada um fica responsável por controlar pelo menos um dos personagens e tomar todas as decisões enquanto joga. Ou seja, a história não fica apenas sob o seu controle, mas também depende das decisões dos seus parceiros.
Já o modo História Compartilhada funciona de forma semelhante, mas é online apenas para dois jogadores. As duas propostas são muito divertidas, mas o Noite de Cinema brilha ainda mais. É muito legal construir a história de Man of Medan ao lado de outro jogador, tentar discutir decisões em tempo real e comentar quais os possíveis desdobramentos das decisões que cada um tomou.
É claro que isso também é possível no modo online, mas a proximidade offline é o grande diferencial aqui. Man of Medan é um jogo sobre pessoas e a presença literal do outro ali é um ingrediente a mais na experiência.
Um legado difícil
Só que é impossível não comparar Until Dawn e Man of Medan. E nesse ponto, ainda que a Supermassive até tenha tentado aprimorar a fórmula, deixou a desejar em elementos bem básicos. Como a história, por exemplo.
A proposta antológica de The Dark Pictures Anthology é superinteressante, mas Man of Medan não começa as coisas exatamente com o pé direto em termos de narrativa. O enredo não é tão envolvente quanto o de seu predecessor. A trama se desenrola de uma forma que mantém o jogador vidrado, mas o “plot twist” não é tão recompensador assim.
Parte da frustração pode vir do fato de que Man of Medan não revela seus mistérios tão facilmente. Você precisa desvendar segredos jogando, e alguns deles são cruciais para entender o que está acontecendo. Isso parece ótimo para o fator replay do game, mas pode frustrar aqueles que não são tão curiosos ou que não se sentiram tão atraídos pelo final obtido na primeira jogatina.
Outro ponto fraco está nos personagens. Apesar da estrutura de jogo ajudar a desenvolvê-los ainda mais, nenhum é realmente carismático. Ainda, várias das personalidades vistas ali seguem os estereótipos do próprio Until Dawn.
Qualidade técnica, mas com falhas
The Dark Pictures Anthology – Man of Medan traz toda a qualidade visual que se espera da Supermassive. Os personagens continuam perfeitamente modelados e bastante realistas. A ambientação é incrível: o som e a atmosfera intimidadora do navio fantasma são um prato cheio para a tensão e muitos sustos.
Os cenários são muito bem elaborados e colaboram para uma jogabilidade de exploração, que caminha lado a lado com a construção da história pelo próprio jogador. Tudo se encaixa muito bem na fórmula de um jogo de terror basado em narrativa.
No entanto, uma questão técnica importante tira o brilho de Man of Medan: o desempenho do jogo decepciona no PS4. Quedas no framerate se tornam constantes ao longo do game e algumas texturas custam a carregar. Cenas perdem a fluidez e alguns slowdowns são tão significativos que áudio e imagem chegam a ficar desencontrados.
A lentidão chegou a atrapalhar a execução de alguns QTEs em momentos decisivos. Fica aqui a torcida para que esses problemas técnicos sejam corrigidos com um patch logo no dia do lançamento.
The Dark Pictures Anthology – Man of Medan: vale a pena?
A nova aposta da Supermassive certamente vai ser uma experiência divertida para aqueles que curtem jogos baseados em narrativa. A receita de sucesso de Until Dawn se repete, mas inova com o multiplayer.
No entanto, Man of Medan não consegue empolgar tanto quanto seu predecessor. É claro que essa é só a primeira parte da antologia The Dark Pictures Anthology. Muita coisa legal ainda pode vir por aí, mas não dá para dizer que a saga começou com o pé direito. Until Dawn certamente eleva as expectativas, mas Man of Medan simplesmente não chega lá.
Pode ser uma comparação injusta. O fato de não superar Until Dawn não torna The Dark Pictures Anthology um jogo ruim. Talvez, antes de falar para você “Esperar uma Promoção”, vale a pena recomendar “Esperar pra ver o que vem por aí”. Pode ser que as próximas partes da antologia corrijam as falhas de Man of Medan e a gente possa analisar melhor o conjunto da obra.
Veredito
The Dark Pictures Anthology - Man of Medan
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Supermassive Games
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Sistema de escolhas robusto
- Ambientação de terror
- Visual incrível
- Multiplayer
Desvantagens
- Mal otimizado
- História fraca
- Personagens estereotipados