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Filme baseado em Metro 2033 é cancelado por “americanização”; entenda

Autor dos livros não viu com "bons olhos" a mudança de cidade.

por Thiago Lima
Filme baseado em Metro 2033 é cancelado por

O filme baseado na série de jogos Metro – inspirado livros de mesmo nome – teria tudo para ser uma grande produção, mas uma mudança significativa no roteiro colocou (ou colocaria) tudo a perder.

A responsável pelo filme, MGM, “sugeriu” que o longa se passasse em Washington D.C., capital dos Estados Unidos, ao contrário da obra original, que é retratada em Moscou, capital da Rússia. A alteração não agradou em nada ao escritor russo Dmitry A. Glukhovsky.

“O projeto com a MGM, adaptando o livro e desenvolvendo o script nos levou ao nada, assim os direitos voltaram para mim. (…) Estamos conversando com um novo grupo de cinema, mas é um processo longo e difícil, mas continuamos otimistas.”

Uma das esperanças do autor é que o lançamento do próximo jogo, Metro Exodus, consiga dar um empurrão nestas negociações, fazendo com que potenciais parceiros compreendam o real alcance da série.

A essência da franquia

Se existe algo que caracteriza a linha de pensamento de Metro (Metro 2033 e Metro: Last Light) é forma peculiar como seus executores – tanto nos livros quanto nos jogos – pensam em como a Rússia é, praticamente olhando de dentro de Moscou, pelos mistérios de seu metrô e de sua política.

Mesmo quando se observa de fora e se pensa na franquia, percebemos diversas metáforas, que abordam temas delicados como nacionalismo, conflitos étnicos e o receio do estrangeiro desconhecido.

Todas características de uma Rússia em constante transformação histórica e política, que dificilmente seriam retratadas em Washington, uma cidade com clima bem diferente e cultura bem distinta de um conflito ideológico como o da 2ª Guerra Mundial.

“Um monte de coisas não funcionariam em Washington D.C. Nazistas não funcionam, comunistas nem entram em questão. Washington D.C. é uma cidade mais fria, com conflitos que se reduzem aos afro-americanos. Assim, não funcionaria.

A questão dos Dark Ones seria transferida para algum tipo de fera, que não seriam humanas, assim toda a visão da xenofobia seria perdida, o ponto fundamental para um internacionalista, se transformando em algo bem genérico.” Acrescentou o autor.

Por fim, Glukhovsky fez questão de frisar um dos principais pontos para criticar o novo ponto de vista do roteiro adaptado para o filme, sepultando de vez as chances de manter o viés da americanização:

“Eles sentem medo de que os americanos façam conexões com o passado e repudiem o filme por conta da rivalidade entre Estados Unidos e Rússia, mas vender milhões de cópias de livros e jogos mostram justamente o contrário. A visão americana apocalíptica já foi vendida muitas vezes, outras jornadas, com novas inspirações são necessárias.”

Na luta para manter sua essência, seja nos cinemas ou nos games, Metro Exodus, o próximo game da série, tem previsão de chegada no dia 22 de fevereiro de 2019 para PlayStation 4, Xbox One e PC.