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World Of Final Fantasy: Vale a pena?

por Renan Klopper
World Of Final Fantasy: Vale a pena?

2 - Selo de OuroWorld Of Final Fantasy surgiu como um jogo aparentemente infantilizado. Pretendia pegar os fãs da série pelo seu carisma e também o apelo nos personagens clássicos da franquia.

No entanto, aproveitando tudo que o jogo tem para oferecer, percebemos que este se apresenta como algo que vai muito além da impressão inicial.

Possui um enredo competente, um excelente level design, um trabalho técnico primoroso no que tange ao visual e, principalmente, a trilha sonora. Os personagens e locais clássicos da franquia são apenas a cereja de um delicioso bolo de aniversário de 30 anos da série Final Fantasy.

Uma aparência que esconde sua essência

“Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência.” – Friedrich Schiller

Logo de cara o jogo já anula com veemência o dito popular a primeira impressão é a que fica. Como bem dito por Schiller, é natural julgarmos algo pela aparência. Mas, é a essência de World Of Final Fantasy que comprova que as aparências enganam e quem vê cara não vê coração.

Obviamente é difícil não ser atraído por personagens em miniaturas cabeçudas com olhos gigantes e sorrisos cativantes. Mais ainda se estes personagens já forem velhos conhecidos que passaram tanto tempo ao nosso lado.

Com algumas horas de jogo, a ideia que nos está sendo passada vai ficando clara. Nos identificamos com os personagens e nos emocionamos com situações, imagens e músicas. Até que esqueçamos do quão visualmente infantilóide a obra aparenta. Não é uma lei que isso deva acontecer única e exclusivamente em filmes com pessoas reais, jogos realistas ou narrativas surpreendentes.

World Of Final Fantasy funciona como uma dessas obras como Up – Altas Aventuras, Toy Story ou O Rei Leão. Consegue nos passar tanta emoção e adrenalina, mesmo se tratando de animações focadas, pelo menos em primeira instância, no público infantil.

Uma bela ode ao passado

Na verdade, o jogo é ainda muito mais do que uma mera obra capaz de pegar os jogadores pelas emoções. Ele se utiliza deste artifício para trazer de volta a essência dos jogos clássicos da saga. Quem teve a oportunidade de jogar os primeiros títulos da série, ou até mesmo o VI e o VII, na época em que foram lançados, entenderão o que eu quero dizer.

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Cloud, do Final Fantasy VII, é um dos “campeões” presentes no jogo.

Lá, controlávamos pixels que basicamente só tinham olhos, cabelos diferentes e uma espadinha. Isso quando era possível discernir as coisas. Não seria exagero nenhum dizer que, naquela época, nossa imaginação trabalhava mais do que o que o próprio jogo nos mostrava.

Ainda assim, fomos pegos por verdadeiras obras de arte. Enredos fantásticos. Trilhas sonoras arrebatadoras. Jogabilidade que praticamente ditou o que seria o gênero RPG dali para frente. A franquia Final Fantasy não serviu apenas como exemplo para a indústria dos games. Despertou nos jogadores o apreço e interesse pelo poder da mídia, como é o caso deste redator.

Hoje estamos a muitas gerações de consoles depois, com jogos praticamente reais e narrativas minuciosamente elaboradas. World Of Final Fantasy tenta, com todo o seu carisma e personalidade, resgatar esse sentimento dos jogadores ao controlarem personagens simpáticos e cativantes em uma aventura emocionante por um mundo de fantasias.

E de quebra dar aquela estocada no coração frágil de todo fã da franquia Final Fantasy, que no ano de 2017 estará comemorando nada mais nada menos que 30 anos de idade.

Grymoire, o verdadeiro mundo de fantasias

O enredo de World Of Final Fantasy conta a história de dois irmãos gêmeos, Reynn, a protagonista feminina, e Lann, o protagonista masculino. Eles são guiados até o mundo de Grymoire para resgatar suas memórias e descobrir sobre seu passado enquanto se aventuram e coletam mirages, os monstrinhos do jogo.

Tudo começa com ambos descobrindo que não se lembram de mais nada. Até que são apresentados a dois personagens. Tama, um mirage que parece uma raposinha voadora e vira nossa companheira. E Enna Kros, que surge como um personagem misterioso dizendo que sabe como ajudar ambos a resgatarem seu passado.

De acordo com Enna, que se apresenta até como Deus, Reynn e Lann são mirage keepers. A marca que eles têm nas mãos comprovam que eles podem “domar” os monstrinhos. Por isso, suas memórias serão recuperadas na medida em que mais mirages forem capturados.

É assim que começa a aventura.

Os mirages devem ser presos em prismas, uma mecânica que é chamada de Imprism. Sua busca é apenas o pontapé inicial para uma narrativa muito mais abrangente.

Para evitar spoilers, digamos que Reynn e Lann estão ligados à algo muito maior envolvendo a busca pela sua mãe, que aparentemente foi uma brava guerreira. A presença dos irmãos faz despertar entre os habitantes de Grymoire uma antiga profecia que irá chamar a atenção de muita gente não muito amigável. E que tentará impedir que ela seja concretizada.

Ao longo da jornada, nossos protagonistas contarão com a ajuda da League Of S, um grupo formado por personagens muito conhecidos dos fãs de toda a franquia, além de outros novos personagens tão carismáticos quanto, em uma jornada repleta de aventura, mistérios, diversão e muitos desafios.

Neste quesito, World Of Final Fantasy consegue cumprir seu papel. O enredo é cativante e conduz bem os jogadores. Contudo, no fim das contas não apresenta nada de muito surpreendente. Ainda é um bom enredo, que atinge seus objetivos, mas sem apresentar muita novidade. O que faz com que este aspecto acabe se destoando dentre os outros que serão abordados.

Lilikins, Jiants e Mirages

Reynn e Lann são seres humanos aparentemente normais, até que Tama revela que podem mudar sua forma para ficarem menores. O formato chibi, no mundo de World Of Final Fantasy, é chamado de Lilikin. O tamanho natural, que parece ser gigante para os lilikins, é chamado de Jiant.

Aparentemente, apenas Reynn e Lann são capazes de alternar suas aparências entre Jiant e Lilikin. Embora tudo isso esteja relacionado diretamente à história do jogo (os habitantes de Grymoire são lilikins), também é parte fundamental para o gameplay.

Conforme “emprismamos” mirages, estes passam a fazer parte do nosso grupo. Para utilizá-los em batalha, o jogo tem uma mecânica chamada stack, que é uma pilha composta pelos protagonistas e seus mirages.

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Reynn e Lann em formato Lilikin

Cada mirage pode ser pequeno (S), médio (M), grande (L) ou muito grande (XL). Os menores ficam no topo da pilha, os médios no meio e os grandes embaixo. Reynn e Lann podem ser M (em formato Lilikin) ou L (em formato Jiant).

Isso faz com que todas as configurações em batalhas sejam alteradas. Usando um simples comando no jogo, nós mudamos o formato dos irmãos. Assim, eles vão para as batalhas, que são travadas através de encontros aleatórios, assim como na maioria dos jogos da franquia.

Alguns mirages possuem transfigurações. Ou seja, eles podem evoluir para uma forma maior conforme ganhamos experiência. Uma transfiguração afeta diretamente à pilha, visto que este passará de um S para M ou L, e terão que ocupar outras posições em cada stack.

A mecânica de stacking, além de divertida, proporciona toda dinâmica aos combates.
A mecânica de stacking, além de divertida, dá toda dinâmica aos combates.

Cada mirage tem sua árvore de habilidades, chamadas de mirage board. Estas habilidades, que podem ser passivas, ativas, ou de suporte, devem ser destravadas para serem somadas às habilidades dos outros componentes de seu stack. Um Thundaga, uma das magias mais forte do elemento thunder, se torna possível se colocarmos mirages com a magia thunder e thundara na pilha, por exemplo.

Além disso, temos ainda as habilidades combinadas. Reynn e Lann possuem habilidades únicas que, caso combinadas, resultam em uma outra específica, com suas próprias características e efeitos diferentes.

Mecânicas de combate

O combate do jogo é baseado em turnos e também lembra os jogos clássicos da franquia, exceto pela mecânica do stack.

A medida que a barrinha de ação chega ao topo, significa que temos uma ação. Para tornar o processo mais dinâmico, o jogo disponibiliza a opção de utilizar os modos Active e Wait. No primeiro, a barra não pára enquanto o jogador define suas ações e os inimigos podem continuar atacando. No segundo, tudo pára até que o jogador realize a ação. Isso traz um fator mais estratégico para cada batalha.

Além disso, para os mais apressadinhos, o jogo também oferece opções como o fast forward. Basta segurar o R1 para ver o tempo passar mais rápido. Já no auto-battle, apertando o touchpad, os jogadores realizarão a última ação de maneira contínua infinitamente

Cada batalha consiste, basicamente, em sabermos os pontos fracos e fortes dos inimigos. Para emprismar os mirages, precisamos criar uma prismtunity, que é uma forma de enfraquecer o inimigo até que consigamos capturá-lo com sucesso. E Cada mirage tem sua fraqueza. Qualquer semelhança com Pokémon é mera coincidência… ou não.

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A habilidade Libra nos fornece todas as informações relacionadas a todos os envolvidos nas batalhas.

Além de todos estes detalhes, é bom que não esqueçamos que estamos em uma pilha de três indivíduos. Caso o inimigo foque em um personagem e atinja várias vezes com ataques físicos potentes, Reynn e Lann acabam perdendo o equilíbrio e sua pilha acaba sendo separada.

Os champions são os personagens clássicos da franquia Final Fantasy. Eles são destravados no decorrer do jogo. Funcionam como as invocações (summons). Existe a barra direcionada à invocação. Cada champion precisa de um determinado número de estrelas para ser usado em batalha. O estrago que estes causam geralmente é devastador.

Mas sem dúvidas, a graça fica por conta das animações e das músicas relacionadas ao título no qual aquele personagem esteve presente.

A batalha em World Of Final Fantasy, embora pareça pragmática, consegue oferecer sua dose de diversão e também de desafio. Não é tão simples assim batalhar contra inimigos poderosos. Você sabe que eles podem atacar sua pilha até que ela se desfaça e todo o HP seja dividido entre os mirages, o que os torna muito mais vulneráveis.

O mapeamento dos botões para as batalhas é aceitável. São muitas opções, habilidades e magias diversas e até seis personagens para controlar, por assim dizer. A complexidade é justificável.

No entanto, pode levar um tempo até o jogador se habituar ao menu do jogo, que oferece um enorme leque de opções.

A força de um Level design bem feito

Embora a batalha seja divertida e cumpra seu papel, a jogabilidade de World Of Final Fantasy brilha no que diz respeito ao level design.

As dungeons são muito bem projetadas. Os caminhos cada vez mais complexos. Cada canto explorável com baús espalhados por todo lado, cada um com sua recompensa.

Cada cenário tematizado com elementos da natureza oferece desafios que são vencidos com as próprias habilidades dos mirages. Algumas habilidades dos mirage board são do tipo suporte. Estas são utilizadas durante o gameplay para abrir caminhos secretos ou para alcançar novos objetos. Também podem ter seus companheiros andando ao lado dos protagonistas ou até mesmo montar nos seus mirages.

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A utilização das habilidades de suporte dos mirages é um exemplo de um level design muito bem feito.

Mirages e os quebra-cabeças do jogo

Outra maneira muito bem encontrada de utilizar os mirages como elementos de gameplay são as puzzle switches.

Estas são dispositivos localizados em determinados pontos nas dungeons. Eles impedem que o jogador acesse algum local. Ou, simplesmente, para fazer com que este repense sobre a configuração dos mirages que o estão acompanhando.

Para ativarmos as puzzle switches, precisamos empilhar mirages nelas até que algumas condições sejam cumpridas. O peso total da pilha seja de 10 ou mais ou a resistência à terra seja de 100 pra cima, por exemplo.

Essa mecânica, além de contribuir para a dinâmica do gameplay nas dungeons, também serve para diversificarmos nosso grupo. Não ficamos andando só com os mesmos monstrinhos e ainda conhecemos todas as habilidades de cada um.

O mapa também é um elemento que, embora despretensioso, cumpre seu papel. O mini mapa localizado no canto superior direito, auxilia muito na jornada. Já o mapa completo exibe todo tipo de informação pertinente à área a qual estamos explorando.

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O mapa das dungeons exibe quais mirages foram vistos, capturados, e todo tipo de informação pertinente.

Visual que traz a essência de Final Fantasy

Indo direto ao ponto, World Of Final Fantasy é maravilhoso. De várias maneiras diferentes.

Além de ser fofo, o que é inegável até para marmanjos, o carisma dos personagens em miniatura é algo que transmite uma admiração incontrolável instantaneamente.

O mundo de Grymoire é o verdadeiro parque de diversões. Nele, temos literalmente tudo o que vimos até aqui em toda a franquia, além de locais já visitados anteriormente. Quanto a isso não iremos a fundo para evitarmos spoilers. E também para que a jornada de cada um seja bem aproveitada.

Castelos, vilarejos, pequenas cidades, grandes cidades, florestas, cavernas, montanhas, desertos, vulcões… Tudo está presente e desenvolvido com esmero nítido. Novamente apreciando a essência e deixando a aparência infantil (para alguns) de lado.

Cornelia é uma das primeiras cidades do Final Fantasy original e a primeira a ser encontrada em World Of Final Fantasy. Coincidência?
Cornelia é a primeira cidade do Final Fantasy original e a primeira a ser encontrada em World Of Final Fantasy. Coincidência?

O sentimento do fã da franquia já começa a ser despertado logo ao visualizar o mapa do mundo do jogo. A princípio com poucos locais acessíveis.

Com desenhos simples e gráficos um tanto quanto animalescos, o jogo consegue resgatar facilmente a emoção dos jogadores de longa data e ainda cativar nossos entusiastas. Tudo em World of Final Fantasy parece que foi desenvolvido com o mesmo propósito. Sempre de forma cuidadosa por parte dos desenvolvedores.

Outra característica que confirma esse ideal da Square Enix são as cutscenes em anime.

Ao longo do jogo, conforme avançamos na história, alguns dos principais momentos da campanha são exibidos em formato de anime, uma das mídias mais consumidas no Japão. Não precisamos nos esforçar muito para lembrarmos de como acontecia nos títulos anteriores da franquia. As “CG’s” cumpriam esse papel e eram sempre aguardadas. Ficaram marcadas para sempre em nossas lembranças.

No fim, a medida acabou sendo um bom paralelo criado pelos produtores para trazer o mesmo sentimento das antigas animações em CG.

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O mapa do mundo de World Of Final Fantasy

A perfeição em forma de músicas

A trilha sonora de World Of Final Fantasy é basicamente um resumo de tudo o que aparenta ter sido a criação do jogo.

Até aqui, falamos muito de tudo de novo que foi implementado e da maneira como estes aspectos se correlacionam com os jogos antigos da franquia. Com a própria marca registrada deixada por Final Fantasy.

Alguns conseguirão seguir no jogo apreciando uma linda trilha sonora muito bem produzida e que representa de forma magnífica cada momento que passamos, cada dungeon e cada desafio. Os fãs da série, por outro lado, facilmente poderão se debulhar em lágrimas por ouvir novamente as músicas clássicas da franquia que marcaram fases em suas vidas pessoais, em novos arranjos capazes de arrepiar qualquer um.

Não seria nenhum exagero dizer que a obra de Masashi Hamazu, que tão magistralmente rearranjou as músicas clássicas da franquia, é uma das trilhas sonoras mais bem elaboradas dos últimos tempos. Ela mantém vivo o legado deixado pelo lendário Nobuo Uematsu.

Um conselho é aumentar o volume da música nas configurações do jogo. Certeza que ninguém irá se arrepender.

https://youtu.be/VrG6u-JvXNI

Conclusão

Desde sua essência, World Of Final Fantasy tem o intuito de ser o jogo ideal para todo mundo.

E de fato ele consegue agradar crianças e adolescentes com sua aparência e humor infantis, atrai adultos pelo enredo, level design, jogabilidade e combate, e pega os mais velhos e fãs de longa data da franquia pelo coração e no emocional com o visual e a belíssima trilha sonora.

Os personagens clássicos, assim como os inimigos e os locais, servem como um plus para mais esta obra de arte oferecida pela Square Enix com a marca registrada e todas as principais características da franquia Final Fantasy, além de antecipar seu aniversário de 30 anos com uma bela festa onde qualquer um pode comparecer.

Renan Klopper
Renan Klopper
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Jogando agora: Nada no momento.
Ex-redator.