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Wo Long: Fallen Dynasty: vale a pena?

Um estiloso game autêntico, desafiador e muito divertido

por Raphael Batista
Wo Long: Fallen Dynasty: vale a pena?

Em 2017, a Team Ninja entrou no “multiverso soulslike” com NiOh, onde impressionou pela qualidade e ousadia. O retrospecto do estúdio permaneceu com a sequência em 2020, mas a sua autenticidade foi cravada agora, com Wo Long: Fallen Dynasty.

O novo jogo dos japoneses cria uma história inédita e brilha em um gameplay diferente da batida fórmula. Na verdade, o título se aproxima mais de uma jogabilidade hack and slash com ênfase no parry e combinações de magias + ataques.

Além disso, vemos uma evolução notória nos elementos visuais (críticas recorrentes das últimas produções) e um acerto especial na construção das lutas contra chefões. Wo Long: Fallen Dynasty é mais do que apenas uma nova opção para os amantes soulslike, é praticamente obrigatório.

História e ficção

Wo Long: Fallen Dynasty se passa num período histórico chinês em 184 d.C. na Dinastia Han, onde um soldado sem nome (controlado pelo jogador) luta para sobreviver contra uma praga demoníaca que contaminou os Três Reinos, desencadeando momentos como a Revolta dos Turbantes Amarelos.

No game, história e ficção andam lado a lado, porque nomes históricos também estão no game como aliados ou adversários. A parte fantasiosa é responsável pela ação e é muito legal ver um estúdio retratando uma trama oriental com tanta dinâmica.

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Historicamente, Zhang Liang foi um estrategista e político. No game, ele é um brutamontes difícil de ser vencido. Fonte: captura de tela.

Sobre o protagonista, simploriamente, sua motivação é sobreviver e lutar contra os demônios porque… bem, porque você é “do bem” e é isso. É o clássico exemplo de “crie seu personagem e deixe que os NPCs falem por você”, sem nenhuma abordagem profunda em suas motivações. O personagem não fala e só esboça grunhidos nas cutscenes, o que faz dele um herói desinteressante.

Por outro lado, o sistema de criação é digno de nota. A Team Ninja deu muitas opções para quem gosta de investir tempo nessa área. Além disso, é possível alterar o visual do herói ou heroína no decorrer da jornada.

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O sistema de criação é realmente bem variado. Fonte: captura de tela.

A história principal leva em torno de 30 horas para ser concluída e até poderia ser mais curta, muito embora a ambientação seja divertida e a variedade de cenários contribua para a experiência, a narrativa em si não é tão envolvente.

Isso porque a estrutura do game (ou level design) não é tão reluzente. Basicamente, o jogador entra numa fase/cenário, avança vencendo inimigos e levantando as bandeiras de checkpoint, até chegar ao chefão final que, quando derrotado, revela segredos e traz novos problemas. Esse sistema deixa a impressão de que as fases não se conectam e todo o game é uma sequência de dungeons, causando fadiga no jogador.

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Nas fases, o jogador enfrenta minions até chegar ao chefão.

Aqui é onde se consagro

A jogabilidade de Wo Long: Fallen Dynasty é, de longe, seu ponto mais forte. Como explicando, ela está além do esquema tradicional de soulslike e assume uma forma mais ágil e dinâmica, flertando com Devil May Cry.

A barra de estamina não existe mais e, como em Sekiro: Shadows Die Twice, os esquemas permitem ataques ininterruptos e um só movimento define toda a experiência: o parry. No game, os jogadores aprendem desde o início como ativar o bloqueio perfeito que causa fadiga nos inimigos e os deixa vulneráveis.

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No aviso vermelho, prepare-se para acertar o timing do parry. Fonte: captura de tela.

Acertar o timing é uma tarefa difícil, principalmente contra o primeiro chefão do tutorial – que, inclusive, é um dos mais complicados de todo o game. A boa notícia é que, ao longo do gameplay, os comandos ficam naturais e os reflexos mais ágeis. Wo Long: Fallen Dynasty não é um jogo fácil, mas dentro do seu estilo, é um dos mais amigáveis.

O jogo ainda oferece árvore de habilidades com base em cinco elementos que desbloqueiam magias, possíveis de serem utilizadas sem limites dependendo do nível de Temor, além de movimentos únicos obtidos em armas específicas. Para quem gosta de criar builds, o título dá muitas opções para combinar e atribuir melhores estatísticas.

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Cada árvore desbloqueia habilidades únicas e atributos especiais. Fonte: captura de tela.

A jogabilidade é acessível pois não exige que o jogador domine todas as funções. Quer usar magias, habilidades e golpes combinados? Tudo bem!

E, tratando-se de vitórias, elas são muito gratificantes em razão dos chefões. A exploração não é tão importante, apesar de ser possível melhorar itens de cura ou encontrar equipamentos raros em cantos escuros. Porém, comparando com Elden Ring, por exemplo, onde descobrir uma área contribui até mesmo para a narrativa, Wo Long: Fallen Dynasty deixa a desejar neste sentido.

Charme especial para batalhas contra o bosses. As trilhas sonoras embalam o momento com grandeza. O visual mescla o lado humano/natural com o demoníaco, apostando em uma pegada histórica + ficção. Além disso, os desafios exigem o aprendizado das investidas inimigas e, por conta disso, espere repetir a batalha algumas vezes até avançar.

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As lutas contra chefões são muito divertidas. Fonte: captura de tela.

Há espaços para melhorias

Um dos problemas persistentes nos games da Team Ninja desde o primeiro NiOh é a queda de desempenho. Não é constante, mas acontece em momentos específicos com muitos inimigos no campo de visão. Em um jogo onde o timing é importante, não há espaço para problemas técnicos que possam frustrar os jogadores.

E apesar dos gráficos serem melhores que NiOh 2, ainda parece existir muito espaço para melhorias. Quem sabe em Rise of the Ronin possamos, de fato, experimentar uma evolução mais substancial. Não hoje.

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Outra situação que incomoda são as falas no meio do combate, impossível prestar atenção ao diálogo. Fonte: captura de tela.

Wo Long: Fallen Dynasty: vale a pena?

Sim. É até um tanto pretensioso recomendar um game que flerta com o soulslike de forma tão incisiva, mas Wo Long: Fallen Dynasty faz questão de ser acessível para quase todos os jogadores. Seu gameplay é mais voltado para a ação e, caso o jogador se sinta intimidado, é possível invocar NPCs que são ótimos ajudantes no campo de batalha.

O título pode ser uma porta de entrada para os novatos. Graças aos comandos responsivos e menus explicadinhos, muitos se sentirão em mais um jogo de ação. Melhor, um ótimo jogo de ação com lutas marciais!

Com boas horas de conteúdo, lutas contra chefões memoráveis, progressão de personagem com alternativas para builds, o título conquista seu espaço e firma a Team Ninja como um estúdio referência no gênero.

Veredito

Wo Long: Fallen Dynasty
Wo Long: Fallen Dynasty

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Team Ninja

Jogadores: 1

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88 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Gameplay com muita ação
  • Variedade de inimigos
  • Lutas épicas contra chefões
  • Ambientação única
Desvantagens
  • Queda de desempenho pontuais
  • Protagonista sem carisma
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.