Watch Dogs Legion: vale a pena?
Com mensagem política forte e proposta inovadora, game da Ubisoft varia bastante entre seus altos e baixos
Watch Dogs Legion é uma mensagem. Quer você concorde com ela ou não, é impossível jogar a nova aventura da Ubisoft sem perceber a sua intenção. Não é sutil, nem tem metáforas ou coisas do tipo. É um claro recado de seus criadores sobre a situação política de Londres (e do mundo em geral), além de reforçar todas aquelas polêmicas envolvendo o vício da sociedade em tecnologia.
Os temas, obviamente, são polarizadores, e isso faz com que a missão, de certa forma, seja alcançada. Afinal, levanta-se discussões sobre essas questões. Manipulações de governos e grandes empresas, diversidade, privacidade, dispositivos eletrônicos… Tudo com a proposta inovadora de poder controlar qualquer NPC do enorme mundo aberto do título.
A premissa é interessante, independente de compartilhar os pensamentos políticos dos desenvolvedores, mas na prática, há uma série de altos e baixos a serem destacados. O gameplay é o melhor da série, mas há muitas repetições. O recrutamento de personagens é bacana e muito inteligente, porém ter tanta gente ao seu dispor também deixa tudo um pouco confuso.
A história, por sua vez, é manjada e pouco atrativa, o que é uma pena diante da excelente ambientação de Londres – sem falar na excelente trilha sonora e nas opções de personalização. E os bugs, ah, os bugs… Eles estão de volta, como uma tradição da franquia da Ubisoft, não é mesmo? Quedas de frames, personagens travando, coisas sumindo, jogo crashando… Watch Dogs Legion não é diferente nisso.
Rezzzistência
Um dos pontos que talvez façam com que Watch Dogs Legion não seja tão atrativo em termos de história é o fato de ele já deixar muito claro o que está acontecendo desde as suas primeiras cenas. Há uma surpresa aqui, outra ali, mas nada que realmente prenda o jogador além do simples fato de montar uma “Resistência” para combater os “tiranos corporativistas e manipuladores”.
O enredo é básico e manjado: alguém planejou um ataque terrorista, culpou a DedSec e, com isso, a empresa de força militar Albion fez um acordo com o governo para “proteger” Londres. Mas, na verdade, eles estavam por trás de tudo originalmente, e seu papel como um novo recruta da DedSec é trazer mais gente pra causa e provar que, na verdade, os hackers são “heróis” e não vilões.
Como você vai fazer isso? Bem, aí entra o grande ponto do jogo, e o motivo dele se chamar Legião – referência à Anonymous? Você pode recrutar qualquer um que passe por você na rua. No começo, você seleciona uma pessoa e, a partir dela, pode ir hackeando tudo e todos que estiverem ao seu redor para a sua causa.
Cada um tem suas características próprias, como armas que pode desbloquear ou lugares aos quais tem acesso, e você pode ir montando um time que preencha lacunas importantes, aproveitando da diversidade londrina (que, assim como a cidade em si, está representada de forma magistral) para tal. A proposta é incrível, e a forma como tudo funciona no jogo também.
Contudo, há algumas questões: primeiro, no realismo. Você é um grupo hacker super secreto, certo? Como sai na rua, fala com qualquer um e eles entram pra sua “legião” só em troca de um favor ou outro? Esquisito… Alguns diálogos também são bobos e sem nexo, e a falta de protagonistas faz com que o jogo perca o carisma. Tanto que todo mundo estava doido para ver Aiden Pearce de volta.
E, mais do que isso, apesar de haver missões bacanas e o sistema funcionar bem, elas são muito repetitivas (tem muita coisa pra fazer, mas sempre a mesma coisa) – e você nem vai usar todo mundo que recrutou. A não ser que tenha o permadeath ligado e o personagem que você estava controlando morrer, raramente irá mudar de recruta (a não ser que seja para fazer algo muito específico).
Mas o jogo em si é o que se espera de um Watch Dogs. Hackear circuitos internos, tentar ser stealth e passar pelos seguranças de lugares onde você não deveria estar, descobrir os perfis das pessoas que passam por você, dirigir variados veículos, aproveitar alguns minigames (tem até um de futebol) e, claro, trocar uns tiros de vez em quando.
Há três tipos de missões: da DedSec, da Albion e do Clã Kelley, que é uma organização criminosa que toma conta da cidade – e também é parte da grande armação contra os hackers. Além, claro, de recrutar pessoas para o seu “exército”. A grande questão é que, mesmo sendo um enorme mundo (e muito bem feito) e tendo bastante coisa pra fazer, parece tudo igual, sabe?
Watch Dogs Legion: vale a pena?
Algo que pode tornar Watch Dogs Legion mais divertido é o multiplayer, que deve ser lançado em dezembro. O jogo também possui um passe de temporada e a promessa de adição de conteúdo em um futuro próximo. Mas o que mais deve ser esperado pelos jogadores que ainda não o adquiriram é uma promoção.
Atualmente, ele custa R$ 279,99 na sua versão mais básica e R$ 499,90 na mais cara. É um valor bem alto para um game que não é isso tudo. Talvez no PS5 chame mais atenção graficamente e, com os tempos de loading (que são enormes no PS4) reduzidos, mas por agora, ainda mais por esses valores, vale mais a pena economizar e aguardar um pouquinho.
Não que não valha a pena jogar Watch Dogs Legion, porque ele é um jogo que tem pontos bem interessantes de gameplay, ainda mais se você curtiu os jogos anteriores dessa franquia. Contudo, as inovações, por mais legais que sejam, não fazem com que ele dê um salto de qualidade para justificar adquiri-lo logo de cara. É um jogo ok, na média, nada além disso.
Veredito
Watch Dogs Legion
Sistema: PlayStation 4 | PlayStation 5
Desenvolvedor: Ubisoft
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Melhor gameplay da franquia até hoje
- Ambientação de Londres é muito bem feita
- Sistema de recrutar personagens é bem interessante
- Trilha sonora e personalizações merecem elogios
Desvantagens
- História manjada e pouco atrativa
- Os bugs de sempre estão de volta
- Missões extremamente repetitivas
- Excesso de personagens também atrapalha