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Very Bad Dreams: vale a pena?

Exaustivo e apavorante, Very Bad Dreams tinha de tudo para ser um grande jogo

por André Custodio
Very Bad Dreams: vale a pena?

Ideias de terror para a realidade virtual são sempre algo pelo qual vale a pena ficar de olho. O gênero combina muito bem com as tecnologias, especialmente quando o hardware do PS5 oferece as condições para maximizar essa imersão. Infelizmente, nem todos sabem aproveitar a oportunidade.

Very Bad Dreams, título de survival horror da Creative VR 3D, é um verdadeiro fiasco. E apesar das virtudes em especial para quem é fã do gênero, os pontos negativos são tão ruins, mas tão ruins, que sequer permitem tratar o game como um jogo completo.

very bad dreams
Fonte: André Custodio

E de fato, de pesadelos o mundo já está cheio. Não precisava que o estúdio francês perturbasse ainda mais quem já não inicia um game com tanta expectativa. E quando os sonhos ruins ocorrem mais por aspectos técnicos do que pela proposta do título… Bom, o buraco fica mais embaixo.

Há algo muito perturbador na escuridão

Sozinho no quarto de um arranha-céu, um homem tenta relembrar como foi parar lá. Alguns pertences pessoais se espalham pelo local, mas pouco contribuem com a recuperação de uma memória que parece estar cada vez mais perturbada com visões.

Uma estática na televisão. Documentos comprometedores na mesa. Chega a escuridão. E com ela, um pesadelo que promete tirá-lo de vez de seu estado já fragilizado de sanidade. Agora, cabe ao homem despertar e descobrir o motivo de ser atormentado por visões infernais e bizarras.

very bad dreams
Fonte: André Custodio

Very Bad Dreams é um game que mistura exploração, combate e ações interativas de cenários. O game é composto por várias fases, onde cada uma leva o protagonista para um abismo ainda mais profundo e escuro.

O game possui uma atmosfera bastante especial de terror, com os mapas se conectando bem aos aspectos técnicos. Dito isso, a composição das áreas é bem realizada e se vincula de forma tridimensional com o sistema de áudio, enquanto cria uma experiência onde há a ideia constante de ameaça.

very bad dreams
Fonte: André Custodio

Os pesadelos introduzidos no game também abordam vários tipos de medo. Claustrofobia, autofobia, hemofobia, acrofobia, nictofobia e muitas outras fobias são exploradas de forma até mesmo exaustiva, mas condizente com um alto nível de trauma proposto pelos desenvolvedores.

A maior virtude por trás de Very Bad Dreams fica por conta de sua essência. Porém, as vantagens do game acabam aí. Para além dos panos, o título esconde um trabalho técnico desastroso, onde muitas vezes os sustos são substituídos por frustrações, risadas e ataques de fúria.

Gameplay simples, mas problemático

O combate no game funciona de acordo com os moldes tradicionais: colete armas, acumule em uma mochila e use na hora necessária. Todos os equipamentos melee são destrutíveis, enquanto a bateria da lanterna pode acabar e os cigarros que mantêm a sanidade do personagem também.

Infelizmente, as animações do game são bastante fracas. Quando o personagem não pega nas armas de forma torta, há uma grave inconsistência da sensação tátil de realidade virtual. Como resultado, a imersão é levada ao zero, removendo qualquer sensação de impacto ou de realismo.

very bad dreams
Fonte: André Custodio

Além disso, é difícil identificar a diferença entre o dano causado e o dano sofrido. A interface se enche de sangue nos momentos de ação, mas nunca fica claro a quem pertence o líquido vermelho. Assim, pode ser extremamente frustrante ter que repetir trechos por não saber se há chances de prosseguir.

Os movimentos dos inimigos/zumbis não funcionam bem e atrapalham consideravelmente na identificação da hitbox. Tudo isso, aliado aos cenários exageradamente escuros e estreitos, cria uma simulação de fuga ineficiente por quase toda a campanha.

very bad dreams
Fonte: André Custodio

E olha… falar em campanha é algo bondoso. Very Bad Dreams não funciona e o jogo crasha constantemente após cerca de 45 minutos de jogo. Mas não são travamentos ocasionais, e sim consistentes, impedindo os jogadores de avançar pelos trechos iniciais da história.

very bad dreams
Fonte: André Custodio

De fato, o game parece que não saiu de um estágio inicial de beta. Animações sem capricho, falhas na aparição dos textos (vide imagens), interações em realidade virtual muito pobres e bugadas, sensações no PS VR2 inoperantes e a total incapacidade de permitir o progresso pela história.

É uma experiência claramente inacabada.

Very Bad Dreams: vale a pena?

Indo direto ao ponto: não compre Very Bad Dreams. Você não conseguirá jogá-lo em seu headset. O game parece ter sido abandonado pelos desenvolvedores e nada realmente merece um destaque, em termos técnicos e de desenvolvimento.

Infelizmente, o título é uma experiência bem situada no survival horror e que traz elementos muito interessantes para fãs de terror, mas sem qualquer tipo de inspiração ou carinho. Esse game é uma mancha no catálogo do PS VR2 e é um dos vários motivos que podem ter gerado críticas ao headset.

Na PS Store, o game sai pelo preço de R$ 133,90. Então, poupe seu dinheiro para algo mais interessante e aproveite melhor o catálogo com dezenas de jogos para o PS5. Não há apenas alguns bons jogos de terror, mas também títulos que realmente concedam algo mais próximo da realidade virtual.

Veredito

Very Bad Dreams
Very Bad Dreams

Sistema: PlayStation VR2

Desenvolvedor: Creative VR 3D

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
15 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Excelente atmosfera de terror
  • Boa variedade de gameplay
Desvantagens
  • Jogo claramente incompleto (sequer funciona)
  • Uma tonelada de bugs visuais
  • Excessivamente escuro
  • Falta de ambição com a realidade virtual
André Custodio
André Custodio
Redator
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.