Uncharted: The Lost Legacy: Vale a pena?
Chloe e Nadine brilham em novo jogo da Naughty Dog.
É difícil não se tornar um fã da Naughty Dog após experimentar seus jogos. O estúdio first-party da Sony sabe como poucos a criar uma narrativa que impressiona do início ao fim. E mais uma vez a equipe entrega um masterpiece de alto nível.
Não seria ufanismo afirmar que The Lost Legacy poderia, facilmente, ser considerado um Uncharted 5, tamanha é sua profundidade com elementos inteligentes de quebra-cabeças, boas doses de exploração e o mais importante: é um jogo completo com início, meio e fim, sem arestas soltas.
E logo de início, o storytelling já refuta uma das principais objeções quanto a expansão. Chloe Frazer é instigante, misteriosa e uma escolha mais que acertada. A indo-australiana desfila charme e assume com pulso firme o bastão de protagonista. Você não vai sentir (tantas) saudades de Nathan Drake.
Embora já soubéssemos como é a personalidade de Nadine, elas se completam. Enquanto Frazer é mais calculista e paciente, Ross é explosiva e de pouca conversa. A química provoca situações bem inusitadas, com discussões e trocas de farpas.
O que era pra ser um simples DLC, acabou por ser uma surpresa muito gratificante. Valeu a pena a ousada decisão do estúdio – preferir contar uma história nova, preferir contar uma história nova, e não seguir o modelo tradicional.
Se juntas já causam, imagine juntas
O meme-título talvez não sirva como uma explicação filosófica decente, mas nos ajuda a partir de um ponto. Se enquanto personagens desconectadas, uma sedutora Chloe de Uncharted 2, e uma vilão implacável em Uncharted 4, não tinham nada a acrescentar além dos limites das suas participações, neste, o entendimento é outro.
Não é exatamente um relacionamento perfeito. Elas estão sempre discutindo abordagens, fazendo objeções e entrando em conflito. Mas são justamente estes contra-pontos que fazem com quê o relacionamento dê certo.
Na busca por um artefato indiano, Chloe se une a ex-líder da Shoreline como uma forma de maximizar seus resultados. Na busca, elas se deparam com Asav, um sanguinário líder rebelde que também quer colocar suas mãos sujas na relíquia.
Asav, por sinal, convence como vilão. Mesmo que no começo pareça apenas um figurante, ele se desenvolve bem e causa muitos problemas no decorrer da jogatina.
Mas o drama não é superficial. A busca da indiana vai revelando a verdadeira história por traz das cortinas. As conexões entre o tesouro e seu pai vão dando corda, instigando e amarrando o enredo com a investigação. E não só ela, Ross também é peça importante e conta com suas motivações íntimas.
E você, enquanto jogador, conjuntamente, vai se conectando com a narrativa, tentando antever quais serão os próximos desdobramentos. O bacana é que para explicar como as duas acabaram se encontrando, a Naughty Dog não precisou, dessa vez, fazer uso daqueles esquemas de flashback e flashforward, muito utilizados em Uncharted 4. Aqui a história é contínua e evita aquela ‘quebra de ritmo’.
A obra também está toda localizada em nosso idioma, com legendas e dublagem muito boas por sinal. As interpretações convencem e refletem muito bem todas as cenas, sejam as mais emocionantes ou aqueles momentos de bate papo descompromissado.
Em time que está ganhando…
Não se mexe! A fórmula de Uncharted 4 foi bem aplicada aqui. Talvez este seja, ao mesmo tempo, um ponto positivo e negativo. Se funcionou tão bem no anterior, não há muitas razões para mudar agora…certo? Por outro lado, a falta de inovação pode não ser um grande diferencial. Ou seja, se você jogou A Thief’s End, não vai se impressionar tanto.
Você vai passar por belíssimas florestas, explorar locais em buscas de tesouros escondidos, se proteger dos inimigos, agir em furtividade – os matagais agora estão mais estratégicos e você pode aplicar melhor os ensinamentos de Big Boss – fugir em perseguições alucinantes, balançar com cordas, escalar e resolver puzzles.
Talvez por ser um DLC, os quebra-cabeças são mais simplificados. Não vai sair fumacinha da sua cabeça para resolver os enigmas. Na verdade, a solução será clareada com rapidez, mas eles são legais.
As adições ficam por conta de algumas armas novas, baús que exigem destraves e novas possibilidades de abordagem, principalmente nos níveis mais amplos, onde a critividade pode ser posta à prova: entrar tocando o terror ou agir mais na surdina para evitar os confrontos diretos? A escolha continua sendo sua.
Entretanto, há aqui um desenho de níveis um pouco diferente. Mesmo que o jogo ainda seja linear, sem caminhos alternativos, a maneira como os jogadores poderão desfrutar de certos momentos pode ser bem variada.
Assim como em Uncharted 4, The Lost Legacy oferece uma sensação de open-world. E a Naughty Dog foi além de Madagascar (nível de Uncharted 4 onde era possível explorar de jipe uma grande área). Boa parte do game é em uma imensa área, com vários locais de visitação, sendo até necessário um mapa para navegação. E você pode fazê-la a pé, ou de jipe (novamente). Tesouros, pontos de interesse e até tumbas opcionais – que exigem a resolução de um enigma – são as recompensas que certamente agradarão aos fãs de exploração.
É Uncharted
É um legítimo jogo da franquia Uncharted. Poderia ser ‘apenas’ um DLC, mas é algo muito maior. Você vai encontrar aqui todos aqueles sublimes momentos: visual estonteante – em vários momentos você vai simplesmente parar saborear a ambientação -, as cenas cinematográficas, com ação desenfreada de tirar o fôlego, trama com boas surpresas e aquele desfecho que traz tranquilidade…o sol se pondo no horizonte, com o protagonista todo estrupiado, mas com a sensação do ‘dever cumprido’.
Houve ainda um cuidado do estúdio em tentar repassar realmente a sensação de aventura-solo de Chloe. Apesar de contar com referências aos jogos anteriores, você não vai ouvir por exemplo, a música tema da série, talvez como forma de evitar comparações.
No fim você vai perceber que a franquia pode sim ter continuidade sem Drake, porque o que realmente importa não é quem você controla, mas a própria aventura em si, com todos aqueles caprichosos elementos que fazem os corações dos fãs pulsarem com mais intensidade. O show não pode parar.
Ahh…e se você está curioso quanto a duração do game. Gira em torno de oito a dez horas de jogatina. Além disso as opções de multiplayer estão todas presentes e não há divisão de jogadores. Aqueles que possuem só The Last Legacy podem jogar com aqueles que possuem só o Uncharted 4.
Veredito
UNCHARTED: The Lost Legacy
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Naughty Dog
Jogadores: 1
Comprar com DescontoVantagens
- Quase um novo UNCHARTED
- Chloe e Nadine são incríveis
- Lindos visuais e ótima sonoplastia
- Tem um ritmo melhor que UNCHARTED 4
Desvantagens
- Pode ser "curto" para um jogo completo