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Ultros: vale a pena?

Com estilo de arte psicodélico, jogo nos leva para um jornada cheia de perigos e ensinamentos

por Jean Azevedo
Ultros: vale a pena?

Metroidvania feito pela Hadoque, Ultros é uma jornada psicodélica que entrega ação, emoção e ainda nos deixa uma importante lição sobre como devemos encarar os ciclos. O título fará sua estreia em 13 de fevereiro no PS4 e no PS5.

Recebemos com antecedência o código do título para PS5 e podemos adiantar que o estilo artístico e a jogabilidade se casam para entregar uma boa experiência aos jogadores.

Mas se você está esperando um Hollow Knight ou Prince of Persia: The Lost Crown, abaixe as expectativas para algumas coisas e suba para outras. Ultros é único e te conquistará por diversos outros fatores, mas não com sua semelhança ou diferença frente a outros títulos do gênero.

Derrote Ultros, mas aproveite o momento

Através de um estilo artístico multicolorido e vibrante, Ultros convida os jogadores a embarcar em uma jornada promissora para eliminar um temível vilão que cresce consumindo pensamentos negativos. Esse antagonista é conhecido como “Ultros” — sendo o homônimo do jogo.

Assim que a ação começa, não há um sistema de escolha de dificuldade no game e a proposta não é tão guiada, entregando uma certa liberdade para prosseguir nos cenários.

Contudo, o jogo não te deixa tão solto dessa forma. A curva de aprendizado é justa. Você aprende o básico e faz o que for preciso para adaptá-lo em todas as situações dali pra frente. As habilidades são simples de se executar e tudo se encaixa perfeitamente na hora do “vamos ver”.

Vale apontar que logo quando a ação se inicia, o jogador repara algumas coisas importantes. Esse não é um metroidvania responsivo nos comandos de ataque como Hollow Knight e muito menos tão impressionante graficamente quanto Prince of Persia: The Lost Crown. 

Ultros exploração
(Fonte: Jean Azevedo/MeuPS)

A abordagem e o ritmo de combate são diferentes. O foco aqui não é o desafio de matar um chefão super difícil (apesar de eles estarem por lá). A ideia é curtir a viagem e o momento — mesmo que sua vida esteja em risco.

O jogo se passa no Sarcófago, um ambiente alienígena psicodélico repleto de formas de vida cósmicas. Aqui, os jogadores explodem diversas criaturas com uma lâmina em uma experiência que pode ser tanto desafiadora quanto gratificante

Desafiadora no sentido de que essas criaturas não levam tanto perigo assim depois que você domina o básico do jogo, mas ainda te surpreendem. O estilo de arte favoreceu muito para não deixar a diversidade de ambientes e inimigos caírem na mesmice, o que é (parcialmente) um ponto positivo para o jogo.

Por que parcialmente? Em determinados momentos da jogabilidade não fica claro se uma interação no cenário realmente está ali ou se é apenas uma decoração do fundo da tela. É um pouco confuso nas primeiras horas, dá para se acostumar, mas isso continua acontecendo aqui e ali ao longo das 17 horas de gameplay.

Gratificante porque a curva de aprendizado se torna divertida. Em Ultros existem diversas plantas e recursos disponíveis para coleta, após abater um monstro ou interagir com vegetais no cenário. Basicamente, cada semente ou fruto no seu inventário tem um “nível” e, ao ser consumido, aprimora uma habilidade da protagonista.

Ah, e aqui há uma camada recompensadora muito interessante. Dependendo de como o jogador se sai no combate, diferenciando seus golpes e skills, frutos e recursos mais raros são entregues. Esse fator te desafia a eliminar os oponentes de formas variadas, e com as habilidades aprendidas, o jogo nunca fica difícil, e sim mais divertido.

Com os golpes, é possível aproveitar muitas variedades nos combos. Há ataques carregados e mais potentes, outros mais ágeis e certeiros, e os que você aprende conforme evolui a heroína. Como mencionado acima, o sistema de evolução é ótimo, direto, e funcional.

No entanto, não dá para negar que lutar pela sua própria vida em útero encontrado no meio do espaço sideral não seja uma situação no mínimo tensa, né? E a contraposição desses momentos de tensão vêm com a tranquilidade do cultivo da vegetação que realmente define a experiência de Ultros.

Cuidar da vida vegetal no Sarcófago oferece momentos preciosos de contemplação e paz. Esses momentos de calma contrastam fortemente com a brutalidade do combate, criando uma dinâmica de jogo única. 

É uma metáfora poderosa para a vida, onde momentos de luta e adversidade são equilibrados por momentos de crescimento e renovação — e as plantas cultivadas oferecem outros recursos interessantes para upgrades, então, mesmo se você não se sentir atraído por tudo o que acontece na tela, ficará feliz de se sentir mais forte.

A abordagem de Ultros aos temas de saúde mental é particularmente notável. O jogo não evita a discussão desses tópicos, mas os incorpora de maneira significativa na jogabilidade e na narrativa. Ao fazer isso, não apenas cria uma experiência de jogo envolvente, mas também promove uma conversa importante sobre saúde mental.

Após passar horas nesse local, você entende que a morte em Ultros não é o fim, mas parte de um ciclo cármico. Os jogadores são incentivados a aprender com cada morte e a usar essas experiências para crescer e melhorar. Este é um lembrete poderoso de que o fracasso é uma parte natural da vida e do crescimento.

Ultros captura de tela mostrando a ambientação do Sarcófago
(Fonte: Jean Azevedo/MeuPS)

A exploração também funciona de maneira simples. O mapa inicia todo encoberto e conforme o jogador se esgueira pelo Sarcófago, ele vai se preenchendo. Há locais para plantio e novas sementes para coletar, e aos poucos, você vai dando um pouco mais de vida para o lugar.

Além de servirem para aprimorar os seus golpes, as frutas e demais plantas também recuperam sua vida no meio do combate. Basta consumir uma delas e a barra de vida preenche, daí a manutenção dos recursos fica por sua conta.

Sobre a utilização desses recursos, eles só são ativados quando nossa protagonista entra em uma espécie de cápsula. Ali, é possível editar seus poderes, manter sua nutrição em alta, e salvar o progresso de sua jornada.

Hora de upar Ultros
(Fonte: Jean Azevedo/MeuPS)

Se entendido da forma correta, Ultros pode ser considerado uma jornada de autodescoberta e reflexão. Ele desafia o jogador a enfrentar seus medos, superar adversidades e cultivar a vida em meio ao caos, isso sem falar na aceitação dos ciclos. 

Por fim, a trilha sonora é bem construída, imersiva e, assim como os demais sistemas citados acima, se encaixa muito bem com a proposta do jogo. O jogo em si parece um ecossistema e isso é muito legal de se sentir no gameplay.

Jogando Ultros no PS5

Ultros é um jogo indie, mas ele interage com o DualSense em alguns momentos. Na hora que a protagonista precisa se alimentar, por exemplo, os gatilhos reproduzem a resistência do fruto a cada mordida.

Aqui inclusive fica mais um ponto positivo para a experiência no PS5, o que deveria refletir até em alguns AAA do mercado. Não ocorreram crashes ou perda de dados durante a experiência.

Vale ressaltar que Ultros não tem escolha de resolução. De acordo com o medidor de FPS do televisor onde fizemos a análise, a taxa de quadros exibida era de 60 FPS.

Ultros: vale a pena?

Apesar dos problemas visuais com interações nos cenários e pequenos bugs, Ultros se sobressai com uma proposta sólida e convincente. O gameplay, a narrativa, a ambientação e a trilha sonora são um casamento perfeito.

Sobre a duração do jogo, demoramos algo em torno de 17 horas para finalizá-lo. Contudo, suas escolhas definem rotas e caminhos diferentes, deixando outros finais em aberto para serem descobertos em futuras jogatinas.

Somando aos demais fatores citados acima, o preço é consideravelmente justo para o que o jogo oferece. Na PS Store, ele custa R$ 124,50 e se você adquiri-lo antes do lançamento, ainda tem um desconto de 10% caso seja assinante do PS Plus.

Veredito

Ultros
Ultros

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Hadoque

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
77 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Proposta original, divertida e rejogável
  • Mecânicas de gameplay tornam a viagem por Ultros divertida
  • A experiência traz ensinamentos valiosos
  • Curva de evolução e aprendizado justa
  • Menus e legendas em PT-BR
Desvantagens
  • O visual psicodélico pode atrapalhar em alguns momentos
  • O ritmo da entrega dos golpes não é tão bom
  • Pequenos bugs
Jean Azevedo
Jean Azevedo
Redator
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Talvez eu goste mais de Marvel's Spider-Man do que deveria.