Trombone Champ: Unflattened: vale a pena?

Não é novidade que os jogos de ritmo se dão muito bem com dispositivos de realidade virtual. Synth Riders, Beat Saber, Beat the Beats, Spin Rhythm XD e outros usam, de forma criativa, os recursos VR para oferecer experiências consistentes e desafiadoras.

Mas se esses ingredientes se juntassem a um pouco mais de diversão e muito alívio cômico? É exatamente dessa forma que Trombone Champ: Unflattened inova — oferecendo um jogo que nem de longe é para ser levado a sério.

Simples de jogar, mas difícil de dominar. Agradável de explorar, seja você músico ou não. A experiência musical da Holy Wow Studios não é perfeita, mas traz razões o suficiente para você entrar nesse universo dos instrumentos de sopro mesmo sem o conhecer.

Bota a boca no trombone e vai

O conceito de Trombone Champ: Unflattened é muito simples. Assim como Guitar Hero tinha uma guitarra como acessório principal, aqui temos um trombone. E não qualquer instrumento musical: mas sim um quase “quebrado”.

Com graves notáveis, o instrumento oferece uma verdadeira sessão de “puns”, com barulhos que desde o início são bastante engraçados. Você acertando ou errando as notas, eles estarão lá: prontos para atrapalharem (ou não) o ritmo da faixa.

Trombone Champ: Unflattened oferece um enorme catálogo de músicas dividido em fases que possuem dificuldade gradativa contada pelo nível de estrelas. Quanto maior a quantidade, mas agilidade e atenção você precisa ter para acompanhar os elementos na tela.

Além disso, o gameplay é dividido em dois modos: clássico destaca as notas apenas em um lado da tela (como era na versão flat), enquanto o modo duplicado mostra as partituras aparecendo tanto pela esquerda quanto pela direita.

E falando em versão flat, vale lembrar que o game foi lançado originalmente como um projeto plano. A conversão para os dispositivos VR faz parte de um excelente trabalho da recém-fundada Flat2VR Studios, desenvolvedora especializada em ports entre modalidades.

Agradar ao público faz parte, lembre disso

Assim como em Guitar Hero e Rock Band, a ideia central de Trombone Champ: Unflattened é agradar ao público. Errar muitas notas fará o auditório ficar de cara feia e começar a vaiar. Quando o barulho se tornar insustentável, é fim de jogo.

O contrário também é válido: os espectadores gostam quando você acerta diversas notas em sequência. Esses combos fazem aumentar o medidor Champ, garantindo multiplicadores e, ao final, uma nota que vai até S — além de uma posição na tabela de classificação.

Além disso, há diversos tipos de músicas, com boa parte delas despertando bastante a memória afetiva. Alguns sons são originais, mas outros retratam hinos nacionais (inclusive do Brasil), músicas clássicas e adaptações.

O game também está chamando bastante a atenção nas redes sociais. Músicas criadas pela comunidade adaptam até mesmo grandes e inesquecíveis trilhas de filmes, como A Thousand Miles, de As Branquelas.

Trombone Champ: Unflattened também possui um modo livre, onde você pode criar suas composições sem ter a pressão de acompanhar as partituras. Outra novidade fica por conta do editor de trombones, que permite pintá-los e escrever nas superfícies.

Nesse quesito, você não está preso ao mesmo instrumento. Avançar na campanha rende pontos que podem ser trocados por cartas aleatórias. Quando juntar algumas, veja quais combinações rendem acessórios engraçados, como uma galinha de borracha e um gato.

Tecnicamente bem feito, mas falta mais

Trombone Champ: Unflattened possui a proposta simples de ser um jogo musical. Porém, a experiência ganha muito em imersão com os recursos do PS VR2, que abraçam tanto o headset quanto os controles Sense.

No game, há uma mecânica de fadiga que torna o jogador incapaz de assoprar caso passe muito tempo pressionando a nota. Quanto mais cansado ele fica, mais o headset vibra, até o momento em que para de vez e o impede de acionar o instrumento musical.

Enquanto isso, os controles Sense alertam quando uma nota é tocada com perfeição. Assim, com o tempo, é possível compreender melhor o timing dos comandos apenas sentindo as reações geradas pelo dispositivo. Essas são as vantagens técnicas.

Já as desvantagens do game são um pouco incômodas. Há um certo contexto narrativo em Trombone Champ: Unflattened, assim como informações sobre a história da música no próprio sistema de cards. Tudo isso está localizado unicamente em inglês.

Outra questão estranha fica por conta dos bugs de áudio. Os menus de seleção de música são silenciosos e, de certa forma, entediantes, enquanto as percussões podem desaparecer durante as partidas.

Trombone Champ: Unflattened: vale a pena?

Trombone Champ: Unflattened é uma experiência engraçada e divertidíssima. A curva de aprendizado pode exigir um pouco mais devido às configurações de movimento do trombone (para frente e para trás), mas no geral é bastante orgânica e intuitiva.

O game também oferece inúmeros tipos de trombones, músicas cheias de referências, interface super agradável e um conceito que permite qualquer pessoa jogar. E mesmo as falhas técnicas não tiram o brilho de um game muito criativo e bem realizado.

Outro detalhe: Trombone Champ: Unflattened custa apenas R$ 80 na PS Store. É um excelente preço para quem busca um jogo cheio de conteúdos, com capacidade de se tornar viral e que certamente agradará toda a família.