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Trials of Mana: vale a pena?

Mais outro acerto da Square Enix no mesmo mês!

por Raphael Batista
Trials of Mana: vale a pena?

As séries Final Fantasy e Mana tem muitas coisas em comum. Ambas são RPGs, praticamente todos os jogos são independentes – não contam com conexões narrativas diretas – e possuem boas histórias. Curiosamente, dois grandes clássicos ganharam releituras neste mês de abril. E, novamente, as fantasias caminham lado a lado. As duas são ótimas.

Após lançar Final Fantasy VII Remake, a Square Enix também trouxe uma versão repaginada de Trials of Mana. O jogo original foi lançado em 1995 para o SNES e era conhecido no Japão como Seiken Densetsu 3. O gameplay action-RPG pixelado e com visão aérea era um bom atrativo para a época, e agora o estilo foi atualizado sem deixar a essência para trás.

É possível encontrar boas semelhanças entre o game de 1995 e este remake. A história dos personagens segue a mesma premissa, jogabilidade continua focada na ação e se apropriam de elementos estratégicos. No entanto, a Square Enix não se acomodou e criou um novo conteúdo, dando – mais um – exemplo de como se deve fazer uma recriação.

Déjà vu

A Square Enix decidiu em “reprisar” Trials of Mana. Ou seja, muitas das coisas vistas no original estão no “novo”. A diferença está no visual mais próximo das tecnologias atuais. Os gráficos não estão no nível de Final Fantasy VII Remake, já que a ideia é ter algo mais desenhado, mas mesmo assim, em certos momentos é possível se encantar com o colorido das paisagens.

A história de Trials of Mana é, como os títulos da saga, uma aventura de heróis em jornadas pessoais que resultam num escopo muito maior. O jogador pode escolher três personagens no início da aventura (de um total de seis) para formar a party. Cada herói conta com uma história única com proporções maiores.

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Escolha seus personagens livremente!

É interessante como as histórias se conectam (mesmo tratando de reinos e personagens diferentes). O mais legal é que, dependendo de quem for o personagem principal e da formação, a narrativa muda drasticamente, oferecendo visões exclusivas dos heróis. No entanto, não espere por cenários inéditos.

Enquanto cada personagem tem um enredo único, por outro lado, o geral é o mesmo e recheado de clichês. Os dilemas individuais levam ao embaraço maior: vilões querem usar as Pedras Mana para absorver seu poder, erguer a Espada de Mana e dominar a terra. O mundo perde a magia (ou a vida) conforme há essa absorção das Pedras. E cabe aos protagonistas a missão de impedir a destruição.

É a típica história de herói versus vilão. As reviravoltas são bem óbvias (pelo menos na história de Duran, Angela e Charlotte) e os momentos de surpresa são “OK”. Ainda sim, o desfecho aquece o coração dos fãs. Como todo bom clichê, o bem vence o mal e os personagens superam seus problemas com muitas lágrimas e gritos ao céu.

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Outra “repetição” no remake de Trials of Mana é o mapa. Quem experimentou o original terá muita familiaridade com os cenários e com os inimigos. Não é preciso relembrar que os visuais mudaram, mas o design em si das regiões permanece o mesmo.

Os jogadores viajarão por áreas selvagens, lugares de gelo, um território rodeado por lava e muitos outros pontos. São locais já vistos no game de 1995 que reaparecem neste e trazem uma sensação de nostalgia.

O mesmo vale para os inimigos. Não há muita variação durante o gameplay. Eles ficam mais fortes dependendo da progressão, mas chega um momento onde a rotação chega ao fim, ficando só uma diferença de cores entre as criaturas.

Square Enix, brilha

Embora o núcleo principal de Trials of Mana tenha sido resgatado sem maiores alterações, também é evidente as mudanças propostas pelos desenvolvedores. Começando pela jogabilidade, o estilo 2D foi deixado de lado para uma ótima perspectiva em três dimensões.

O jogo é um action-RPG, ou seja, os jogadores controlam os personagens em um combate em tempo real. É um estilo bastante parecido com novo FFVII. É possível alternar entre os membros da party, executar movimentos especiais, aplicar magias, usar itens, realizar ataques básicos e esquivar.

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O combate é simples e divertido!

O 3D favorece bastante nos combates, traz mais diversão e protagonismo. No entanto, o próprio gênero carrega problemas inerentes do estilo como, por exemplo, dificuldade de posicionar a câmera em um ponto favorável em algumas situações com inimigos maiores.

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Tem horas que resta apenas torcer estar acertando o alvo.

Apesar dos pesares, os combates seguem um ótimo padrão de qualidade. É um pouco repetitivo e, às vezes, torna-se desnecessário, mas os confrontos contra os chefões são muito divertidos e vale a pena passar pelos inimigos mais fracos até chegar no grande desafio. Destaque para o capítulo cinco, com uma sucessão de batalhas incríveis.

Um dos detalhes mais legais do gameplay de Trials of Mana é o elemento estratégico. É possível configurar o comportamento dos membros da party na hora dos combates. Atribuir funções de suporte ou ofensivos, ajustar a frequência de magias e habilidades especiais. As opções não são profundas, mas o suficiente para personalizar de um modo satisfatório.

E, por fim, há uma grande surpresa. A campanha de seis capítulos possui em torno de 20 a 25 horas no modo normal. No entanto, a Square Enix adicionou um belo endgame. Sem spoilers, mas envolve personagens conhecidos da trama e classes exclusivas, dando uma vibe de novidade ao jogo e atribuindo mais horas para serem investidas.

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O mapa é digno de muita exploração e propício para encontrar os poucos colecionáveis.

Trilha sonora e visuais dignos

A trilha sonora do original Trials of Mana já era divertida. Cada cenário contava com temas específicos que embalavam o ritmo de action-RPG. O remake não ficou para trás e conseguiu melhorar a sonoplastia. Os novos arranjos trouxeram melhorias para a experiência em conjunto. Não fique surpreso se você se flagrar cantarolando as canções do game.

A equipe usou diversos recursos, como uma flauta transversal e instrumentos de corda, para produzir sensações únicas. Em ambientes mais claros, como praias, é possível perceber uma batida mais calma, simulando as ondas dos mares. Em regiões escuras ou gélidas, a guitarra com distorção assume o controle das emoções. Um belo espetáculo.

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Um jogo que tem um estilo bonito.

Mas mesmo não contando com visuais de cair o queixo, a otimização deixa um pouco a desejar. Houve um momento de muita intensidade visual onde o PlayStation 4 – padrão – chegou a travar. Além disso, várias das texturas demoram a carregar por vezes.

Outro acerto

Vivemos dias difíceis e Trials of Mana é uma daquelas experiências que nos trazem esperanças de dias melhores. Ainda que o enredo não seja lá muito inovador e sem reviravoltas, as interações de personagens e evolução são ótimas.

O gameplay também não fica devendo em nada. Leve, descompromissado e sem complicações, entrega diversão, momentos de muita ação, fantasia e desafios na medida certa.

Este é um remake que quem não se acomodou no sucesso. Traz a essência do original, aposta em novidades e cria uma experiência divertida capaz de atrair novos fãs para a série e agradar a ala mais veterana. Outro acerto da Square juntamente com Final Fantasy VII Remake.

Na dúvida, você pode baixar uma demo gratuita de Trials of Mana na PlayStation Store para testar o game.

Veredito

Trials of Mana
Trials of Mana

Sistema: PlayStation 4

Desenvolvedor: Square Enix

Jogadores: 1

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80 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Evolução visual
  • Trilha sonora criativa
  • Jogabilidade descomplicada
  • Conteúdo inédito
Desvantagens
  • Câmera em posições complicadas
  • Desempenho sofrível em batalhas intensas
  • História clichê
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: GTA V | Prince of Persia: The Lost Crown
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.