Tiny Tina’s Wonderlands: vale a pena?
Tininha assume uma mesa de RPG como mestra, e o casamento da improvisação com o gameplay deu certo
Tiny Tina’s Wonderlands, o spin-off de Borderlands, não conta uma história do universo da IP como se imagina. A Gearbox conseguiu surpreender ao deixar a Tininha como mestra da mesa do RPG de Bunkers & Bambambãs — o Dungeons & Dragons do mundo fictício da franquia — dar um toque de criatividade à narrativa.
A equipe do MeuPlayStation testou o game no PlayStation 5, mas mesmo com visuais cartunescos, a parte gráfica está bem trabalhada. O DualSense é bem aproveitado e fornece tanto resposta tátil quanto efeito nos gatilhos adaptáveis. Mas será que a aventura empolga, no final das contas?
Tiny Tina’s Wonderlands tem as pitadas de humor de Borderlands, um gameplay envolvente, mas algo saiu de controle na narrativa e na imersão. Vamos te explicar cada um dos pontos na review.
A história de Tiny Tina’s Wonderlands
Tina e seus dois amigos, Valentine e Frette, ficam presos em um local isolado, após a nave do trio ser “atingida por uma montanha” — obviamente, alguém ali não é bom piloto. Para passar o tempo, eles jogam sessões de RPG baseados no livro Bunkers & Bambambãs.
Tininha é a mestra das sessões e, se você já jogou Dungeons & Dragons com seus amigos, deve saber como isso funciona. Ela praticamente é responsável por toda a narrativa da jogatina, porque Tiny Tina’s Wonderlands é puramente um fruto da imaginação dela.
Basicamente os jogadores serão os Chefes do Destino, com a missão de derrotar o Senhor dos Dragões. A lore ficaria muito linear, mas não no controle de Tina. Os players terão de enfrentar todas as ideias malucas e improvisadas por ela durante o gameplay.
Ou seja, enquanto você estiver derrotando um dragão, um pônei chamado Rainha Rabo de Cavalo pode vir lhe ajudar a exterminar as ameaças. Ao mesmo tempo, um salgadinho caído no tabuleiro pode virar um obstáculo diferenciado graças à criatividade da mestra.
Depois de criar seu personagem, uma nova trama para derrotar o Senhor dos Dragões surgirá. O protagonista é o seu próprio avatar, Tininha dá ritmo aos acontecimentos, e Valentine e Frette seguem como espécies de conselheiros na aventura.
É um universo fictício dentro de outro? Sim. E demora para se acostumar com a ideia e entrar de cabeça na proposta. Contudo, quando Tina se empolga e os acontecimentos ficam interessantes, a imersão fica mais aceitável e o jogo fica menos estranho do que parece.
A Gearbox explorou bem o enredo, principalmente a irreverência dos personagens. Até mesmo as missões secundárias são legais, algumas são longas, mas valem a pena para se aprofundar mais na narrativa. Foram necessárias 19 horas para fechar as quests principais, com desvios.
A jogabilidade é envolvente
Desde o momento no qual criamos o nosso Chefe do Destino em Tiny Tina’s Wonderlands, as inspirações em Borderlands ficam claras. O game é em primeira pessoa, e os jogadores utilizam armas para causar dano nos oponentes, além de poderem ter talentos diferentes de acordo com seis classes distintas. Confira-as nas imagens abaixo:
As habilidades têm melhor aptidão a um tipo de atributo. Se você prefere jogar como um especialista em ataques corpo a corpo, o game distribuirá mais Pontos Heroicos em Força. Por outro lado, se o Chefe do Destino preferir magias, então, Inteligência será sugerida.
Esses Pontos Heroicos são obtidos ao subir de nível, e a progressão é justa em Tiny Tina’s Wonderlands. Além dos equipamentos alterarem bastante o poder de fogo, ao combinar seu conhecimento obtido com a build certa, a missão de chegar até o Senhor dos Dragões não é desafiadora — sim, o jogo é bem fácil e simples.
O Chefe do Destino fica mais forte de acordo com a distribuição das vantagens na árvore de talentos. Conforme progride na campanha, também será possível escolher uma Classe Secundária. Perto da metade do jogo, já dá para ter uma vastidão considerável de opções para enfrentar os lacaios do Senhor dos Dragões.
Com suas armas em mãos, atingir os esqueletos e demais criaturas em partes distintas do corpo entregam dano de forma diferente. Golpes ou tiros na cabeça causam acertos críticos, e eles ficam mais destrutivos de acordo com os itens e Pontos Heroicos distribuídos.
Uma coisa que pegou mal no gameplay de Tiny Tina’s Wonderlands foram os ataques básicos de curto alcance. Para desferir golpes com sua espada/machado ou qualquer arma de combate corpo a corpo, é necessário manter o botão R3 pressionado para acertar mais de uma vez os adversários, o que deixa a jogabilidade um pouco travada.
Mesmo com a possibilidade de trocar o comando de lugar, o melhor seria se tivéssemos maior controle sobre o ritmo dos ataques para conseguir golpear e sair com mais cautela. Porém, isso vai de cada um e pode ser interessante para quem testar.
Mas é mundo aberto?
Não é mundo aberto. Os jogadores precisam mandar bala nos oponentes em ambientes lineares, mas o mapa da mesa pode ser explorado também. No entanto, na transição do modo em primeira pessoa para a fase de exploração, a Gearbox apresenta um modelo mais simples do universo do RPG.
Com uma miniatura representando o seu campeão em Tiny Tina’s Wonderlands, é possível interagir com elementos limitados e ocorrem encontros casuais com tropas inimigas. Mas calma, a batalha não acontece no tabuleiro de B&B: uma área específica aparece e é necessário abater os adversários para prosseguir.
Isso traz um pouco mais de dinâmica ao jogo. Há tarefas secundárias espalhadas por todos os cantos e as missões principais podem ser alcançadas sem grandes problemas.
Ponto positivo: tem multiplayer local
O multiplayer online de Tiny Tina’s Wonderlands é bem-parecido com o de Borderlands. A sessão comporta até quatro jogadores de maneira cooperativa e é possível aproveitar o recurso em tela dividida. O multijogador local funciona bem e é divertido.
Tininha mandou bem no PS5
Tiny Tina’s Wonderlands é uma experiência satisfatória no PS5, muito por conta de explorar o DualSense de uma maneira simples, porém, eficaz. As armas interagem com os gatilhos adaptáveis e é possível sentir o peso dos projéteis de forma distinta. O feedback tátil também marca presença.
O desempenho do título é satisfatório. Durante as sessões no universo mágico de Tininha, não encontramos nenhuma falha no game — sem crashes ou problemas parecidos. Há pequenas quedas na taxa de quadro que são perceptíveis, mas nada prejudicial.
O excesso de improvisação e a repetição dos inimigos atrapalharam
Infelizmente nem tudo é perfeito em Tiny Tina’s Wonderlands. Mesmo com as improvisações de Tininha no comando do RPG, nem todas as sacadas trazidas pela Gearbox são tão boas assim e chegam a ficar forçadas em determinados momentos. Isso não tira o brilho da experiência, mas a produtora deveria ter dosado nesse aspecto.
Outro mal que assolou o mundo de Bunkers & Bambambãs foi a repetição. Mesmo com o arsenal de habilidades do Chefe do Destino, a jogatina se torna muito repetitiva. Na maioria do tempo é só mandar bala em esqueleto, até aparecer um chefe com mais HP aqui e outro ali. Faltou uma diversidade maior nos desafios.
Tiny Tina’s Wonderlands: vale a pena?
Antes do nosso veredito é bom destacar: o preço de R$ 350 na PS Store para jogar no PS5 é um ponto negativo, no entanto, se você pode investir essa quantia, é uma boa opção para se ter na biblioteca. Tiny Tina’s Wonderlands é divertido, uma experiência para ficar na primeira prateleira da Gearbox.
O tempo de jogo é consideravelmente bom e o número de classes pode ser convidativo a criar mais um personagem e se divertir com os amigos. Tininha manda bem na improvisação e apesar das repetições, uma sessão de Bunkers & Bambambãs com ela vale a pena.
Veredito
Tiny Tina's Wonderlands
Sistema: PlayStation 5
Desenvolvedor: Gearbox
Jogadores: 1-4
Comprar com DescontoVantagens
- Gameplay conquista rapidamente
- História nas mãos da Tina foi um acerto
- Bom uso do DualSense
- Multiplayer local é bem interessante
Desvantagens
- Muito repetitivo, nem o sistema de classes salva disso
- O excesso de improvisação em certos momentos foi forçado
- Ataques curtos são "travados"