Throne and Liberty: vale a pena?

Ao longo dos anos, os MMORPGs ganharam muito espaço no cotidiano dos jogadores que preferem jogar online com os amigos. World of Warcraft e Ragnarök Online marcaram época no PC no início dos anos 2000, depois foi a vez de Final Fantasy XIV chamar atenção nos consoles… Tem espaço pra mais? Óbvio.

A Amazon Games traz uma tentativa ousada para dividir as atenções com Final Fantasy XIV nos consoles e não, não estamos falando de New World, não. Throne and Liberty é o MMORPG da vez, com tudo o que gostaríamos de ver em um jogo nos anos 2000 — com o adicional de ter os gráficos dos hardwares atuais.

Nos divertimos em Throne and Liberty no PS5 ao longo das últimas semanas e provamos uma sensação de liberdade e imersão que fazem dele uma boa opção no gênero. 

Começando a sua aventura em Solisium

Logo ao criar seu personagem em Throne and Liberty, o player é apresentado ao estado atual da crise do universo onde está prestes a entrar. Você chegará a esse mundo como mais um dos responsáveis por proteger crianças que perderam seus pais na guerra.

Nesse local, Yann Junath, ex-membro da Legião de Arkeum, e Clay Cartair, um curioso mago com alta capacidade intelectual, trabalham ao lado de outras figuras importantes, como o sentinela Benny e a instrutora Lottie para cuidar desses órfãos. 

Obviamente, esse não é um local pacífico, senão, não seriam necessários tantos guardiões, certo? Logo ao chegar aos arredores dessa vila especial, você fica sabendo da ameaça de Kazar, a encarnação da maldade, que pretende aniquilar tudo e todos para dominar o mundo.

Calanthia, uma das leais servas de Kazar, consegue penetrar as defesas do lugar e invoca uma legião de monstros. Enquanto as crianças são protegidas por Junath e Cartair, você está chegando para reforçar a linha de frente — e passa por um curto tutorial para entender como o jogo funciona.

Após enfrentar Calanthia, sua aventura começa a ficar sob o seu controle. 

Throne and Liberty não se joga, se descobre!

Throne and Liberty é um MMORPG, ou seja, não conte com mecânicas hack’n slash durante o gameplay. Tal como os jogos do gênero para PC, há um sistema de lock-in nos autoataques e você só aperta o botão necessário para causar dano e outro de se movimentar pelo mapa, caitando ou esperando brechas nas investidas dos alvos.

R2 e R1 são os ataques básicos. L1 é a defesa. Os analógios servem para se locomover e reposicionar a câmera e você tem acesso a uma roda de habilidades localizada na parte debaixo da tela, onde é possível observar combinações como R2 + O para soltar poderes especiais.

A configuração básica é essa, mas ela é muito variável ao longo da sua aventura. Como dissemos no início da análise, o sistema de gameplay de Throne and Liberty entrega bastante liberdade, algo a ser elogiado na construção da proposta, afinal de contas, basta trocar a sua arma e pronto: você tem acesso a novas skills.

Essas habilidades são trocadas e aprimoradas no menu do personagem. Fica a critério do jogador escolher um equipamento, que pode ser uma espada com escudo, arcos e outras opções, para partir dali e optar por uma abordagem para fortificar.

Quer ser um jogador de arco e flecha? Fortaleça as habilidades de arqueiro, que ativarão sempre quando um Arco Longo for equipado. Pretende jogar com uma espada gigante? Deixe suas aptidões com as Montantes mais calibradas. Há também Balestras, Varinhas e Tomos, Cajados e Adagas para você pegar.

Outra coisa interessante: o player pode carregar todas essas alternativas na mochila e consegue ativar duas delas por vez durante os confrontos. Isso significa que há como alternar sua estratégia de ataques à distância para outra onde as investidas são feitas com maior proximidade sem grandes contratempos.

Agora chegamos a uma parte do gameplay que talvez seja um pouco difícil de explicar. Em World of Warcraft, por exemplo, temos uma classe chamada de Druida. Esses seres conseguem se transformar em outros animais e utilizam seus poderes para explorar ou combater perigos encontrados na exploração.

Já em Throne and Liberty, todo mundo é um pouco… Druida de maneira geral.

Os jogadores contam com uma mecânica onde ao correr conseguem se transformar em um lobo. Em seguida, aprendem a se transformar em uma águia para percorrer maiores distâncias do alto. A mecânica é mal introduzida e não tem muito nexo.

Todas essas funções mencionadas acima já fazem dele um MMORPG de respeito, porém, a coisa fica ainda melhor. Throne and Liberty tem masmorras gigantes para serem exploradas — solo ou multiplayer. Os desenvolvedores também investem na adição de eventos para manter a comunidade engajada.

Isso sem falar nos chefões que são encontrados em raids. Esses confrontos costumam ter uma escala ainda maior e precisam de forte presença da comunidade para se obter sucesso.

Junto disso, há também um sistema interessante de guerra entre guildas que envolve roubo de recursos em castelos. Esse não foi possível explorar com tanta profundidade, porque não encontramos uma guilda durante a jogatina.

O jogo consegue amarrar bem os três principais pilares de um jogo online com elementos RPG: gráficos bonitos, facilidade para entender o gameplay e exploração de alto nível.

A facilidade para entender o gameplay passa muito pela simplicidade do sistema de habilidades e classe. Essa parte é essencial para quem gosta de criar outros personagens, testar builds e se desafiar a avançar de outras formas na jogatina.

Já os gráficos que são dignos de elogio, de certa forma, estão atrelados também à exploração. De nada adiantaria ter essas mecânicas de se transformar em outros seres caso as experiências não valessem tanto a pena.

Descer por um vale como uma águia ou virar um lobo pode até ser algo “rotineiro” depois das primeiras vezes em Throne and Liberty, porém, o valor desses momentos está no ambiente e em como eles são introduzidos.

Falando em momentos, esse jogo também tem aquele tempero de “você é especial”. Ao longo da sua jornada, o seu personagem consegue interagir com os fragmentos da Estrela de Syaveth. Esse recurso é essencial para entender seus poderes, como é sugerido na narrativa.

Voltando à exploração, os mapas também contam com turnos de noite e dia, deixando até as missões mais repetitivas de encontrar e falar com um NPC aqui e ali menos maçantes. Inclusive, esse é apenas um dos problemas do jogo, e o mais leve por sinal.

Poderia ser, mas não é o MMORPG perfeito

Throne and Liberty parece o MMORPG definitivo para quem busca uma opção gratuita no PS5, mas tem suas falhas. As interações do jogador com o ambiente não funcionam tão bem assim. É preciso usar quadrado para acessar determinados locais e pegar certos itens.

O mesmo botão de interação aciona os ganchos, espalhados pelos cenários no estilo Monster Hunter, muito útil para alcançar lugares mais elevados na exploração. Assim como nas demais situações, ele acaba tendo um certo atraso para ser ativado, quebrando um pouco a imersão.

Outro problema são as quedas de FPS em momentos de maior tensão no gameplay. Throne and Liberty sustenta gráficos e momentos muito admiráveis ao longo da jornada, entretanto, quando muitos jogadores aparecem na tela, essa otimização se perde um pouco.

Fechando, a NCSoft precisa rever a ferramenta de criação de personagens. A função de enviar uma foto e o jogo personalizar o rosto sozinho não funciona com determinados tons de pele. Longe de rotular a falha do recurso como algo pejorativo, afinal de contas, uma simples atualização deve ser capaz de corrigir isso.

Throne and Liberty: vale a pena?

Um MMORPG gratuito, cheio de coisas para serem feitas e muitos momentos épicos para acontecer durante o gameplay? Ele vale a pena, mas ainda pode melhorar.

Throne and Liberty inclui gráficos lindos, mas com tantas quedas de FPS, sua otimização precisa passar por ajustes. Além disso, talvez, os jogadores de console estranhem um gameplay mais “paradão” por causa da mecânica de ataque automático.

Apesar disso, no geral, a NCSoft e a Amazon acertaram. Agora, as empresas precisam cuidar bem da comunidade que já se forma, para mantê-los ativos e engajados no gameplay.