The Thing Remastered: vale a pena?

Considerado um clássico cult dos cinemas, O Enigma do Outro Mundo se tornou referência não apenas no terror visual, mas também na ação. Com uma ação equilibrada e muitas bizarrices, o clássico de John Carpenter acabou ganhando espaço em outras mídias.

Em 2002, a Computer Artworks mostrou como era possível adaptar elementos das telonas para os games e levou The Thing para a geração do PS2. Logo, a legião de fãs da década de 1980 retornou e teve a oportunidade de reviver o horror em formato interativo.

Mais de 20 anos depois, o título ressurge das cinzas, agora pelas mãos da empresa que virou especialista em dar uma nova vida aos clássicos: a Nightdive Studios. E mesmo sendo bastante nichado, o game recebeu aquele tratamento que jogos antigos sonham em ter.

Quase todos estão mortos

J.F. Blake, líder de uma equipe de resgate das Forças Especiais dos EUA, recebe a tarefa de descobrir o que aconteceu em Outpost 31. Sua missão é dada logo após relatos de desaparecimentos no local, onde a equipe científica teria sido dizimada de forma violenta.

Chegando nas terras gélidas da Antártida, ele descobre algo inimaginável: uma estranha forma de vida alienígena se estabeleceu no local. E agora, ela tomará conta dos corpos dos poucos sobreviventes para começar a se infestar pelo mundo.

A última esperança de Blake é salvar quem ainda está com vida, mas tendo cuidado: qualquer um pode estar infectado. Derrotar a forma de vida original deve ser a única solução efetiva, mas o caminho para a sobrevivência não será nem um pouco fácil…

The Thing Remastered é a versão atualizada do clássico cult de terror lançado originalmente em 2002. O título conta com melhorias significativas na qualidade de vida, com destaque para a resolução, mecânicas de jogo e sistemas de áudio.

Totalmente dublado em inglês, o game não possui localização em português do Brasil para menus ou legendas. Felizmente, são poucos textos coletáveis e diálogos em animações, apresentados em uma campanha que pode levar de 4h a 7h para ser concluída.

Além disso, The Thing Remastered traz uma aventura linear, com pequenos desvios a serem explorados. Eles podem conter zonas de salvamento manual, munições e itens úteis, documentos coletáveis ou, até mesmo, perigos ainda maiores.

Combate melhorado — e muito!

The Thing Remastered se beneficia bastante das mecânicas de jogos mais recentes. O título não consiste em um over-the-shoulder tradicional, mas sim em uma experiência centralizada de ação com câmeras que se alteram a depender do ambiente.

Isso não quer dizer que o jogo possui perspectiva fixa; aqui, você pode mexer à vontade. Porém, a ideia cinematográfica da Nightdive Studios funcionou muito bem, especialmente por contribuir em áreas de corredores ou salas estreitas.

O tiroteio em The Thing Remastered no geral é muito eficiente. Existem vários tipos de armas, desde lança-chamas a lança-granadas, munição limitada, explosivos e muito mais — você pode ser totalmente criativo enquanto avança pela campanha.

Além disso, o sistema narrativo do game incorpora um recurso de esquadrão eficaz. Em certos momentos, é possível recrutar aliados ao fornecer armas, munição ou kit médico. A partir disso, ele lhe seguirá e pode reagir a ordens, como parar ou ajudar a abrir portas.

Mas essa funcionalidade é uma faca de dois gumes. Não ficar atento ao comportamento dos aliados pode causar problemas no futuro, pois infecções não identificadas os transformarão em criaturas bizarras. Então, a cada combate duro, faça um teste de sangue.

The Thing Remastered também possui mecânica de fogo amigo que pode fazer seus próprios parceiros voltarem contra Blake. Ao lado de muitos danos ambientais, armadilhas, estilhaços de explosões e efeitos congelantes de clima, tudo se torna uma ameaça.

Mais difícil por escolhas que não são dos devs

Linear e bastante direto, The Thing Remastered oferece todos os recursos necessários para a sobrevivência. A exploração bem feita pode lhe render munições extras e escapatórias em momentos de maior aperto, mas às vezes o sistema não lhe ajudará.

Durante a experiência, será possível esbarrar com bugs de progressão e falhas visuais. As últimas, em especial, são comuns e se relacionam mais a efeitos técnicos, como reflexos, popping de objetos e problemas na iluminação.

A inteligência artificial dos inimigos também complica um pouco. Não há uma coerência entre o dano sofrido mesmo pela mesma variedade de inimigos, com alguns ataques causando hit kill e outros nem coçando o dedo do pé.

Já o comportamento deles é imprevisível, mas claramente de forma não proposital. Problemas de desenvolvimento tornam os monstros e humanos inimigos meio lesados, fazendo-os fugir da batalha, entrar em salas sem sentido, dar uma volta na sua frente e mais.

De fato, a solução para o game é simples: atire em tudo que aparecer. O tiroteio é satisfatório e cadenciado, com algumas armas garantindo mais impacto e melhores resultados que outras. Encontre seu estilo ideal e evite ficar sem balas.

The Thing Remastered: vale a pena?

The Thing Remastered é mais um bom trabalho da Nightdive Studios. A desenvolvedora melhorou bastante a experiência original, impedindo que a sensação de datado permaneça mesmo em momentos mais desafiadores da aventura.

Aprimoramentos visuais, de áudio e de jogabilidade são apenas algumas das novidades de um jogo que não merecia, mas acabou ganhando uma nova vida. E com certeza fãs do filme clássico e do game de 2002 devem se sentir representados.

A estética retrô permanece, assim como o conceito de ser um “jogo velho”. Essas questões, somadas aos problemas na inteligência artificial e bugs de progressão frustrantes, podem prejudicar a aventura em alguns momentos, mesmo diante de uma campanha curta.

Além disso, The Thing Remastered não é um jogo barato. Em relação a tudo que o game oferece, R$ 160 não é um preço nem um pouco atrativo. Realmente está acima da média e recomendamos apenas se aparecer alguma promoção de 40% off ou mais.