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The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me: vale a pena?

Capítulo final da primeira temporada da antologia é facilmente um dos melhores filmes de terror do ano

por André Custodio
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me: vale a pena?

Após três episódios focados no sobrenatural, a Supermassive Games decide voltar à realidade e apresentar uma história mais palpável. The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me, capítulo final da primeira temporada da antologia, explora o subgênero slasher do terror e revela uma trama inspirada em um dos mais icônicos serial killers do século XIX: Henry Howard Holmes.

Pouco conhecido entre o público mainstream, Herman Webster Mudgett tem mais de 200 mortes atribuídas e foi responsável por hospedar dezenas de visitantes no Hotel da Feira Nacional, o “Hotel dos Assassinatos”. Marcado pela frieza para cometer seus crimes, o infame estadunidense tinha todos os traços capazes de potencializar um bom antagonista em um game. Mas, pensando bem, será que tem mesmo?

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Eles precisam de mais

Produtores de um programa em ascensão, os integrantes da Lonnit Entertainment, estúdio documental inspirado em história de crimes reais, recebem um convite para visitar a mansão reconstruída de H.H. Holmes. O contato, realizado com um misterioso anfitrião chamado Granthem Du’Met, é realizado com desconfiança, mas acaba sendo visto com bons olhos pelo líder do grupo, Charlie.

Kate, Mark, Jamie e Erin recolhem seus equipamentos e se dirigem a uma mansão isolada, localizada em um local remoto separado do continente por um grande lago. Desde seus primeiros momentos, quando conhecem Du’Met e são apresentados às imediações do hotel, é revelada uma certa tensão, tanto por haver problemas entre a equipe quanto pela sensação de algo errado na casa.

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

É a partir daí que as coisas começam a dar errado. Prometendo a melhor temporada de todos os tempos, Charlie vê sua equipe se desequilibrar em meio a bandeiras vermelhas. E os sinais de alerta não param de acontecer; quando finalmente todos entram na mansão e descobrem existir resquícios do falecido assassino em série.

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Fonte: André Custodio

Logo, os hóspedes descobrem que são alvos de um jogo doentio de gato e rato. Imediatamente, a casa ganha vida e seus corredores, portas, janelas e cômodos começam a mudar de posição. Alguém está controlando a espinha dorsal da casa de algum local. Mas, se H.H. Holmes está morto, quem pode estar por trás de todo o sadismo?

The Devil in Me ou Scooby Doo para adultos?

É inegável que The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é uma fuga total pela tangente da franquia. A atmosfera é realmente perturbadora por ser um conceito mais real e familiar para os fãs, transmitindo a sensação de que tudo aquilo pode realmente acontecer (e aconteceu).

Assim como Scooby Doo, a história se confunde em dois planos principais: a luta pela sobrevivência e a descoberta do assassino. Infelizmente, pelo ritmo narrativo bastante subliminar da antologia, muitas vezes esses temas se confundem e há uma perda generalizada de foco, sobrando a ideia de “vou apenas jogar ver onde vai dar”.

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Porém, em relação à lore, The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é o mais completo e bem narrado da franquia. Enquanto nos outros games há uma plena sensação de falta de compreensão total, aqui vale destacar a importância dos registros e segredos espalhados pelo mapa.

Bom, mas nos outros jogos essa mecânica já não existe? Sim, mas no game mais recente ela é mais coesa. As informações normalmente são entregues entre curtos intervalos. Ou seja, quando se descobre um arquivo, por exemplo, o documento encontrado anteriormente ainda está fresco na mente.

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Claro, não há como comparar, narrativamente falando, The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me com Scooby Doo. Existem semelhanças de proposta, mas o game da Supermassive chama a atenção por ser essencialmente maduro. Não espere piadinhas, alívio cômico, cenas desnecessárias: a ação e o medo são elementos constantes.

Dessa forma, é possível afirmar, que o game se inspira em dois grandes fenômenos do horror gráfico nos cinemas: “Jogos Mortais” e “A Casa de Cera”. Além de trazer registros oficiais da história do assassino em série, o título adapta recursos visuais, fotográficos e práticos dos filmes, incluindo as cenas gore e e ambientação agressiva e decadente.

“Vai ter furo porque o roteiro quer”

Fãs de filmes de terror certamente já falaram ou ouviram falar bastante desse recurso de roteiro: a conveniência. Em termos mais práticos, é o famoso “furo narrativo”, onde as coisas acontecem muitas vezes sem justificativa e apenas porque o roteiro quer.

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me não escapa disso, apesar de ser em grau significativamente menor do que como ocorre em Man of Medan, por exemplo. Em algumas cenas, os furos são bem descarados, removendo a tensão do momento que poderia ser assustador.

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Tudo bem que não é recorrente, mas essa síndrome do protagonismo incomoda muito, especialmente nesse caso, onde os personagens são vulneráveis e inexperientes. Em um momento de perseguição, chega a ser inacreditável como os personagens principais escapam de um momento claramente sem quaisquer chances de se esconder.

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Outro detalhe em The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é o clichê. Para quem assistiu alguns filmes de “O Massacre da Serra Elétrica”, “Sexta-Feira 13” e “Halloween”, o ato final do jogo é bastante previsível, apesar de ser bem interessante por conta das técnicas de filmagem da Supermassive. Mas não dá para esconder uma certa frustração e o anticlímax.

E o jogo? Funciona?

É possível afirmar com tranquilidade que The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é o melhor título da série. Devido à inovação de Until Dawn, o projeto de 2015 ainda se supera em relação à captura de movimentos e inovação, mas a nova aposta do estúdio entra no top 3 de narrativas interativas.

Sua história funciona bem como conjunto independente, tanto pela forma como é contada quanto pela abordagem mais realista, mas o grande destaque do jogo fica por conta dos aspectos técnicos e mecânicas de gameplay.

Charlie, Kate, Mark, Jamie e Erin revelam melhorias consideráveis nas expressões faciais e na movimentação geral. Tudo isso, combinado com novos recursos de exploração, torna a experiência mais profunda e assustadora.

imagem de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

No game, os personagens podem se esgueirar, saltar, se equilibrar por passarelas, escalar degraus e locais de altura, se esconder e ativar ferramentas de inventário. Elas incluem um conjunto de câmera com flash, tripé e lente, uma chave de fenda, um kit de captura de áudio (fenomenal, aliás), um cartão para abrir gavetas, uma lanterna e outros recursos.

Essas habilidades deixam a jogabilidade mais dinâmica. Agora, os QTE (eventos de ação rápida) não ocorrem apenas com os botões do controle, mas também com os itens de inventário. Dessa forma, é importante saber gerenciá-los e ficar sempre de olho no menu direcional localizado no canto inferior esquerdo.

As ações in-game estão bem mais variadas e há a sensação de liberdade constante. Apesar de ocorrer 80% dentro de uma casa, The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me possui muitos caminhos alternativos, segredos (incluindo os marcantes quadros de Premonição) e coletáveis.

gameplay de The dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Além disso, o título está facilmente mais apavorante que seus antecessores. Jogá-lo com um som alto no modo “Barra de Som” ou utilizar um headset de potência média ou superior garante momentos tensos e bons jumpscares.

Essas implementações surgem como uma resposta aos primeiros sinais de deficiência. Tudo bem que o game foge do ponto comum e busca renovar com uma jogabilidade mais dinâmica, mas esse fórmula de filme interativo precisa ser constantemente ajustada, principalmente quando se pretende levar a franquia como algo de longa data.

Também vale a pena mencionar a existência de três modos de dificuldade, recursos de acessibilidade para QTEs e a seleção de capítulos. Em relação à campanha principal de The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me, a duração é de aproximadamente 7h, variando para até 9h caso haja uma exploração dedicada.

O Curador está de volta na franquia para conversar com o jogador após cenas críticas e oferecer pistas de como proceder nos próximos eventos. Em relação ao misterioso personagem, a novidade fica por conta de uma espécie de “loja in-game”, onde é possível trocar moedas conhecidas como óbolos por dioramas exclusivos.

gameplay de the dark pictures anthology: the devil in me
Fonte: André Custodio

Problemas de otimização devem incomodar

É preciso abrir um grande parêntese para falar sobre os problemas de otimização. No PlayStation 5, as coisas não vão muito bem para o game e há alguns pecados técnicos cometidos pela Supermassive.

As transições entre cenas em The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me ocorrem com uma tela preta, mesmo sem uma mudança de ambiente. Além disso, vez ou outra surgem telas de carregamento inexplicáveis, com alguns casos durando de 2s a 4s e travando ações que exijam reflexos, como em QTE.

As telas pretas são frequentes, mas o carregamento aparece vez ou outra durante a montagem. Em um título narrativo lançado como experiência cinematográfica e fluida na nova geração de consoles, é inaceitável ver problemas de otimização como esses.

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me: vale a pena?

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me é um dos melhores filmes de terror do ano e é obrigatório não apenas para fãs da franquia, mas para quem curte cinema. A trama slasher surge em sua forma mais madura, com personagens motivados, níveis assustadores e um bom equilíbrio em relação aos jumpscares.

Entusiastas mais críticos certamente se incomodarão com os clichês e convenientes e devem reclamar de um final previsível. Porém, caso a experiência seja vista como um todo, é um título visualmente bonito, com um design de arte atraente e capturas de movimento realistas, apesar dos pontuais problemas de otimização.

Na PS Store, o game de terror está custando R$ 199,50, com direito a uma avaliação gratuita para todos os jogadores. Ainda é um preço satisfatório para um game recém-lançado, de categoria AAA e com um grande fator replay.

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me está disponível para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series e PC.

Veredito

The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me
The Dark Pictures Anthology: The Devil in Me

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Supermassive Games

Jogadores: 1 a 5

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79 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Melhores animações e expressões faciais da franquia
  • História objetiva
  • Aspectos técnicos alcançam seu ápice
  • Novas mecânicas de gameplay implementadas
  • Atmosfera macabra que faz jus ao terror slasher
  • Fator replay estimulante por meio de escolhas e desbloqueáveis
Desvantagens
  • Muitos problemas de otimização
  • Clichês e furos narrativos causam uma certa previsibilidade
  • Fórmula apresenta os primeiros sinais de deficiência
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metro Awakening, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.