Sunderfolk: vale a pena?

Sunderfolk, o RPG tático inaugural da Secret Door, publicado pela Dreamhaven, chega com uma proposta que desafia convenções: trocar os controles tradicionais dos console por um aplicativo de smartphone.

Ambientado nas encantadoras Sunderlands, onde a vila de Arden é habitada por animais falantes e mágicos, o game coloca os jogadores no comando de seis heróis carismáticos que unem forças para combater forças sombrias em uma experiência à la jogo de tabuleiro.

Com gráficos carismáticos, mecânicas cooperativas profundas e uma abordagem quase revolucionária de controle, Sunderfolk se estabelece como um título surpreendente, mesmo enfrentando algumas barreiras que podem dividir opiniões — e afastar pessoas.

O bem contra o mal

No mundo místico das Sunderlands, uma terra encantada onde animais falantes e mágicos convivem em harmonia, está a vila pacífica de Arden, um refúgio idílico habitado por essas criaturas antropomórficas.

No entanto, a tranquilidade de Arden é ameaçada por grupos sombrios que começam a se espalhar e ganhar força, trazendo caos e destruição, e colocando em risco o que dá vida à região: o cristal que brilha eternamente.

Para enfrentar essa ameaça, seis heróis se unem em uma missão para deter o avanço do mal antes que ele consuma as Sunderlands. Juntos, esses heróis embarcam em uma jornada épica, desvendando os segredos por trás da escuridão que ameaça seu lar.

Sunderfolk é uma aventura fantasiosa que apresenta uma típica batalha do bem contra o mal. Um grupo de heróis bonzinhos se coloca à disposição para conter criaturas das sombras, usando seu carisma e poderes para isto.

Com uma campanha que pode durar até 40h, o game traz fortes inspirações nos jogos de tabuleiro e em RPGs de mesa como D&D, mas com identidade própria e elementos cooperativos que funcionam muito bem, mesmo abdicando totalmente dos controles tradicionais.

Isso mesmo: para jogar Sunderfolk, basta baixar o aplicativo de smartphone. Compatível com dispositivos Android e iOS, o app se transforma em um tabuleiro repleto de opções e chama a atenção pela intuitividade, agilidade e estabilidade.

Através dele, os jogadores controlam os movimentos dos personagens em batalha, as ações ofensivas, escolhas de cartas e uso de itens úteis. Enquanto isso, ele também permite gerenciar o deck antes de embarcar nas missões e interagir com NPCs e pontos de interesse.

Essa ideia se junta a populares party games do mercado, como os da Jackbox Games e da Wish Studios. Porém, Sunderfolk oferece ainda mais profundidade por meio de uma interface riquíssima em opções, onde o celular ou tablet viram o próprio monitor/TV.

Nesse aspecto, é importante reforçar os riscos corridos pelos desenvolvedores. Com a atual geração cada vez mais dependente de celulares, isso pode afastar quem fica mexendo nas redes sociais regularmente ou quem não quer ver sua bateria esgotada.

Porém, no geral, não há como negar que a experiência é bastante agradável e intuitiva. Sunderfolk fica muito mais divertido com o uso do aplicativo e parece reinventar a roda com o modelo de gameplay, estando longe de ser algo cansativo.

Escolha seu caminho e tudo mais

As inspirações no RPG de mesa se refletem em vários elementos de Sunderfolk, mas especialmente na personalização. Enquanto cumprem missões, interagem com NPCs e fortalecem as barreiras de Arden, basicamente tudo pode ser escolhido.

O título dá a oportunidade de renomear personagens principais, estabelecimentos comerciais, habilidades únicas, armas e, até mesmo, inimigos. Enquanto isso, esse sistema também se estende ao combate, com interações em tempo real que se tornam muito divertidas.

Outro aspecto fica por conta da seleção de missões e da integração entre personagens. Pelo celular, um jogador pode controlar até quatro heróis e tem acesso a um recurso de Correio, onde trocas de itens podem ser facilmente realizadas entre os guerreiros.

Já o ritmo das missões ocorre por meio da vila principal. Após preparar seus guerreiros com um baralho de decks, armas e relíquias, você parte para o combate, devendo selecionar entre objetivos secundários e principais.

Cada um deles também possui estilos determinados: enigmas exigem que os jogadores observem rotas de fuga inspiradas em quebra-cabeças; exploração faz novas áreas dos mapas serem abertas; sobrevivência é o modo de Hordas e batalha já diz tudo.

Até chegar ao chefão de um dos três Atos de história, você determina quais missões quer cumprir, qual estilo prefere e de que forma abordará cada uma delas, pois as combinações de ações e builds são infinitas.

Combate estratégico que brilha, mas não sem desafiar

Sunderfolk tem um sistema de combate excelente. As opções de gameplay são variadas e muito bem definidas, permitindo que os jogadores explorem ao máximo a capacidade de cada um dos personagens principais.

Corpo a corpo, magias, suporte, controle de campo, ataques em raio… cada herói se ajusta a atribuições específicas. Mas o que acontece caso você não goste delas? Simples: personalize absolutamente tudo.

O título oferece uma grande variedade de cartas de técnicas para cada personagem, mas garante que apenas uma quantidade limitada delas seja utilizada. Dessa forma, esse gerenciamento adiciona profundidade e identidade, pois você testará qual a build ideal.

Além das técnicas de combate, há vantagens passivas obtidas pelo viciante sistema de progressão. Evoluir de nível em Sunderfolk é muito legal e dá uma bela palha do que seria jogar RPGs de mesa novamente: a simples ideia da descoberta e da recompensa.

Outro ponto que vale reforçar diz respeito à grande variedade de inimigos. O game apresenta constantemente novas variantes, que vão desde versões mais poderosas de ameaças menores, até chefes e monstros surpreendentes.

Quanto maior a dificuldade da missão, mais esses inimigos se misturam, obrigando que sua equipe tenha sinergia. E a partir daí, cabe a você definir a abordagem: é melhor ir direto para o objetivo da missão ou vale a pena explorar os mapas para ganhar itens e dinheiro?

O tabuleiro é seu mundo e você determina os próximos passos. Ajuste-se constantemente, conheça seus aliados e adversários e saiba como é possível aproveitar as oportunidades do gameplay para ter sucesso.

Mas vale reforçar: definitivamente Sunderfolk não é um jogo fácil. A curva de aprendizado é baixíssima, mas as missões podem demorar, pois inimigos aparecem com frequência e causam dano quase desbalanceado, mesmo jogando em níveis mais fáceis.

Estabilidade: tudo que sonhamos

Quando se fala em jogos via app, desconfianças começam a tomar conta das pessoas: será que o programa é pesado? Haverá problemas de desconexão? Os recursos funcionam bem ao serem integrados no game? Para todas essas perguntas, as respostas são boas.

O aplicativo de Sunderfolk é lindo e excelente. Ele não consome muita bateria do celular, conecta quase instantaneamente via QR Code ou matchmaking e tem recursos ricos e bastante intuitivos.

Relacionar as ações do celular com o que está acontecendo em sua tela ou monitor é algo bastante simples e eficaz. No geral, Sunderfolk é a melhor experiência integrada entre ecossistemas, quando falamos de jogos de videogame.

Sunderfolk: vale a pena?

Sunderfolk é uma excelente experiência de RPG de mesa/RPG tático por turnos/jogo de tabuleiro. Carismático, localizado em português do Brasil para menus e textos e com ótima dublagem, ele chama a atenção por ser algo bastante divertido e agradável.

Ideal para jogar em sessões com amigos, o título da Secret Door é leve, mas poderoso em substância: são muitas opções e abordagens de jogo, permitindo que cada jogador desbrave as terras de Sunderlands da sua maneira (mesmo estando um ao lado do outro).

Por ter esse modelo de negócios, Sunderfolk automaticamente já conta com Passe de Amigo. Isso quer dizer que basta uma pessoa ter o game: após isso, os outros jogadores baixam o app gratuito no celular e aproveitam, sem restrições, todos os conteúdos.

Sem microtransações, sem DLCs e com uma aventura de até 40h, o game é super recomendado. Caso você passe pelas barreiras do desequilíbrio inicial e consiga se desvincular das redes sociais por algumas horas, viverá uma jornada cooperativa mágica.