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Still Wakes the Deep: vale a pena?

Com visuais de ponta e foco narrativo, Still Wakes the Deep é uma história de terror que assusta e emociona muito

por André Custodio
Still Wakes the Deep: vale a pena?

Jogos de terror costumam ser oito ou 80: vezes eles se engasgam em premissas do gênero, enquanto em outras eles fogem da caixa e trazem algo mais original. E não só isso: fãs da categoria costumam ser exigentes e se atentam a diversos aspectos que a circulam.

Mas, entre tudo isso, algo não tem como ser negado: a satisfação em encontrar algo potente é sempre única. E caso você esteja procurando um que reviva essas sensações, Still Wakes the Deep, da The Chinese Room, é um jogo completo.

Inspirado no terror cósmico, o game marca o retorno da desenvolvedora ao horror mais de dez anos após o lançamento de Amnesia: A Machine for Pigs. E bom, ele claramente mostra que o estúdio não desaprendeu como criar uma experiência única.

Era só mais um dia de trabalho…

Caz McLeary é apenas um eletricista em uma estação petroleira localizada no norte dos mares escoceses. Em um dia infernal, ele é chamado para conversar com o gerente da instalação, apenas para saber que está envolvido em problemas com a polícia.

Sob risco de demissão, ele cumpre suas últimas tarefas em alto-mar. É então que um estranho som vem das profundezas do oceano, e logo em seguida um estrondo. A plataforma parece colapsar, tudo vai da paz para uma completa catástrofe… Mas não apenas isso.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Algo entrou em Beira D e está levando os trabalhadores à loucura. Agora, cabe ao Caz lutar por sua vida, evitar a destruição completa da plataforma e manter algo poderoso em sua mente: o desejo de ver sua família mais uma vez.

Still Wakes the Deep é um jogo de terror cósmico, inspirado nas histórias criadas por H.P. Lovecraft. Desenvolvido pela The Chinese Room, ele oferece uma perspectiva em primeira pessoa e conta com um grande foco narrativo.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Sua história é impactante e muito bem conduzida. O título constantemente oferece monólogos e diálogos, intercalando entre eventos de animação in-game e de gameplay em tempo real. Além disso, toda a ação ocorre em plano-sequência, ou seja, sem saltos temporais.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Nesse aspecto, a The Chinese Room tratou quase com perfeição. A história é realmente muito boa e profunda, fazendo jus ao conceito interpretativo do horror cósmico. São vários momentos emocionantes, assim como cenas perturbadores e cinematograficamente belas.

Outro destaque narrativo em Still Wakes the Deep é a localização em português do Brasil para menus e textos. Esse suporte garante uma experiência bastante compreensiva e direta, visto que a condução realmente funciona como um filme.

Aspectos técnicos surpreendem bastante

Desde os primeiros minutos, Still Wakes the Deep surpreende pelos visuais absurdos dos ambientes. Logo no começo da campanha, é possível perceber que os cenários interiores são ricos em detalhes, em termos de sombras, iluminação, reflexos e densidade.

Excetuando algumas falhas nas texturas, o jogo é muito bonito. Quando você acessa as instalações externas, o impacto é ainda maior, pois ver as dimensões de uma imensa plataforma petroleira em alto-mar é surreal de imersivo.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Esses detalhes rodam em 60 FPS e sem qualquer tipo de falha na performance. Há uma espécie de borrão de movimento, mas bastam poucos instantes para perceber que ele não incomoda em absolutamente nada, pois o ritmo de gameplay é cadenciado.

A partir do segundo ato, quando os eventos da história ganham contornos dramáticos, a ambientação se torna ainda mais incrível, com os mapas se enchendo de cores e ganhando ares claustrofóbicos. Não há como saber o que lhe espera à frente.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

O ar cósmico de Still Wakes the Deep é muito pesado. Locais escuros e uma plataforma completamente enevoada são exemplos de um bom incômodo gerado na campanha. E com um alto nível de imersão, é impossível não se preocupar com o destino dos personagens.

Nesse aspecto, também há uma outra crítica: os designs de personagens poderiam ser melhores. Enquanto as dublagens são elogiáveis, as expressões faciais deixam a desejar e não fazem jus aos outros detalhes da tela. Felizmente, isso não impacta tanto.

Gameplay simples, mas longe de ser filme interativo

Mesmo com foco narrativo, Still Wakes the Deep é muito mais jogado do que assistido. Não há como comparar proporções entre esses aspectos. A campanha é linear e dura entre 6h a 8h, com alguns elementos de história escondidos em caminhos alternativos.

Os confrontos contra as criaturas se dividem em dois eixos: fugas scriptadas e progressão em esconderijos. Não há combate direto: a única forma de sobreviver é correr ou usar objetos espalhados pelas áreas para distrair os inimigos.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Outro detalhe que estende esses confrontos é o incômodo visual. O design dos monstros é único e perturbador e eles estão sempre em movimentos aleatórios. Além disso, eles falam constantemente, seja chamando seu nome ou tendo devaneios particulares.

Enquanto isso, a exploração vai além. Caz corre, se abaixa, esgueira, salta, interage com equipamentos e portas e nada. E por falar em nadar, as missões embaixo d’água são um espetáculo a parte no sentido de tensão e realismo.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Como a progressão do game é linear e baseada em cenários complexos em detalhes, o caminho poderia ser difícil de se determinar. Mas vá por nós: o avanço é extremamente orgânico e intuitivo, mesmo com corredores, túneis, encanamentos, portas e outras passagens.

E caso você se perca, os mapas trazem as polêmicas marcas amarelas, que conduzem Caz para o caminho certo. Porém, a The Chinese Room lançará uma atualização posteriormente para tornar esses marcadores opcionais através das configurações.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Ah, e Still Wakes the Deep também traz suporte aos recursos do DualSense. Praticamente todas as ações são transmitidas através do feedback tátil.

Still Wakes the Deep: vale a pena?

Com um alto nível de excelência, Still Wakes the Deep é um jogo de terror feito por quem entende do gênero. Impactante, profundo e perturbador, ele se destaca pelo grau de maturidade e por conversar muito bem com o conceito do cósmico.

A The Chinese Room fez um ótimo trabalho técnico e trouxe um jogo visualmente agradável e apreciativo. Os eventos de gameplay são intensos e se aproveitam de um incrível sistema de áudio (dublagem e sons) para criar uma atmosfera única.

Still Wakes the Deep
Fonte: André Custodio

Still Wakes the Deep é bastante recomendado para quem busca jogos de terror objetivos e caprichados. O preço de R$ 174,50 na PS Store é justificado em especial caso você curta platinas, pois são vários troféus perdíveis.

E se você tiver assinatura PS Plus ativa, melhor ainda: há um desconto de 10% no preço cheio. Fãs de horror narrativo não irão se decepcionar com essa experiência e certamente se lembrarão por bastante tempo, após assistirem ao ótimo final.

Veredito

Still Wakes the Deep
Still Wakes the Deep

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: The Chinese Room

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
86 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Atmosfera de terror muito imersiva
  • Excelentes mecânicas de jogabilidade
  • Visuais de cenários com altíssimo qualidade
  • Design dos monstros apavorante e incômodo
  • Ótima integração com os recursos do DualSense
  • História envolvente e emocionante
  • Localização em português do Brasil para menus e textos
  • Um dos melhores sistemas de áudio na nova geração de consoles
Desvantagens
  • Visuais dos personagens poderiam ser melhores
  • Algumas falhas em texturas
André Custodio
André Custodio
Redator
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Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.