Stellar Blade (PC): vale a pena?

Caso você conheça Stellar Blade, mas não tenha jogado o game por conta das polêmicas envolvendo a aparência da protagonista EVE, isso é uma pena. Isso porque o jogo da Shift Up, para muito além da caracterização de sua protagonista, é uma boa lição de como fazer um jogo de ação nos tempos atuais.

Enquanto ele “pega emprestado” partes de vários games e não seja 100% original, o resultado final agrada bastante. Muito disso é resultado da mistura entre um sistema de combate divertido e desafiador — meio soulslike/meio character-action — e uma história interessante, embora falhe em desenvolver bem seus personagens.

Mais de um ano depois de chegar ao PS5, o game estreou no dia 11 de junho no PC, com a promessa de entregar uma versão ainda melhor. E ficamos felizes em dizer com facilidade que essa é, sem nenhuma dúvida, a versão definitiva de Stellar Blade disponível atualmente.

Um ótimo exemplo de adaptação

Ao analisar a adaptação de Stellar Blade para PC, é até estranho lembrar que, tecnicamente, a Shift Up pode ser considerada uma “novata” no mundo dos games. Fundada em 2013, a companhia sul-coreana tinha em seu histórico somente três títulos antes da aventura de EVE, com seu principal foco estando direcionado ao mundo dos smartphones.

No entanto, sua relativa pouca experiência não a impediu de criar uma adaptação exemplar. Pode parecer estranho afirmar isso, mas é bastante aliviante conseguir rodar bem um jogo de 2025 sem a necessidade de usar upscalers — que estão presentes no lançamento, mas como um extra.

Usando uma máquina com uma CPU Core i9-9900K, uma RTX 3080 e 32 GB de RAM, foi muito tranquilo rodar o título em 1440p nativos com as configurações altas. Opções de configuração mais intensas só não foram usadas porque elas estouravam o consumo de VRAM da placa de vídeo (10 GB), o que provocava alguns stutters.

Quando os upscalers entram em jogo — sendo o melhor deles o DLSS da NVIDIA —, é para aumentar ainda mais o desempenho da experiência. Com essas configurações, consegui rodar o game facilmente a 120 FPS, sem que o consumo de CPU ou GPU chegassem próximos de seus níveis mais altos.

No entanto, é preciso destacar que o game não sustenta esse desempenho suave em todos os momentos. As estatísticas do RivaTuner e do Afterburner mostram que ele dá pequenas osciladas nas transições entre áreas e que o desempenho cai um pouco em áreas mais abertas, como as da cidade de Xion.

Felizmente, isso não significa que Stellar Blade sofre com stutters ou com momentos nos quais fica abaixo dos 60 ou 30 FPS. A oscilação é mais questão de “baixou de 120 FPS para 100 FPS” — o que indica um port que ainda não é 100% perfeito, mas que está muito a frente do que a maioria dos jogos recentes do mercado tem a oferecer.

Desempenho ajuda no gameplay de Stellar Blade

O desempenho aprimorado ajuda a tornar Stellar Blade ainda mais responsivo do que a versão PlayStation 5, que já tinha um desempenho muito competente. Caso você tenha um monitor capaz de trabalhar com altas taxas de atualização, os 120 FPS — ou mais, já que não há travas de frames — são um grande complemento à aventura.

O número maior de quadros por segundo torna os combates bastante prazerosos, especialmente na hora de desviar ou aparar ataques inimigos. Ao apertar um botão, nunca fica a sensação de que os comandos não respondem no momento certo, o que colabora muito para uma aventura que recompensa a precisão.

Assim, cabe inteiramente a quem está jogando a responsabilidade por conseguir ou não derrotar os Naytibas. Em outras palavras: em um bom PC, Stellar Blade dá menos desculpas para discursos como o de que “o game é injusto” ou de que você só perdeu “porque a máquina roubou”.

Nesse sentido, vale destacar o bom trabalho da Shift Up de criar uma experiência na qual nos sentimos ao mesmo tempo cada vez mais fortes, ao mesmo tempo que permanecemos fracos. As habilidades destraváveis de EVE fazem dela uma máquina de matar eficiente, e é bastante prazeroso usar seus desvios e contra-ataques avançados.

Ao mesmo tempo, os inimigos sempre batem bastante forte, especialmente no que diz respeito aos chefes. Isso fica especialmente evidente quando você entra arrogante em uma nova área, somente para errar o timing de um desvio e se ver humilhado por um grupo de inimigos comuns.

Stellar Blade no PC: vale a pena?

Embora não tenha apreciado tanto a história de Stellar Blade quanto o amigo Daniel, que fez o review da versão para PS5, sai positivamente surpreso após jogar a adaptação para PC. Para muito além do apelo visual da protagonista EVE, o game entrega uma experiência de ação bastante competente.

Os destaques são sem dúvida seu sistema de combate e o level design das fases, que sempre escondem alguns atalhos e pequenos segredos. Mesmo repletas de inimigos difíceis, elas estimulam muito a exploração ao oferecer algum pequeno upgrade, recurso importante ou um pequeno trecho da narrativa.

Mas, claro, nada disso seria bom o suficiente caso a versão PC fosse mal adaptada ou irreal em seus requisitos — o que destruiu a reputação do primeiro The Last of Us, por exemplo. Felizmente, esse não é o caso: se você chegou até aqui, já sabe que o port é exemplar e deve servir como referência para diversos outros estúdios.

Assim, fica a esperança de que a sequência, já confirmada para 2027, não demore tanto tempo assim para chegar aos computadores. Polêmicas à parte, a Shift Up provou que merece a confiança dos consumidores e que sabe trabalhar muito bem na otimização de seus trabalhos.