Review

Sprawl: vale a pena?

Brutal e com excelente jogabilidade, Sprawl peca por acelerar demais, mas sem perder seu brilho à la DOOM

por André Custodio
Sprawl: vale a pena?

A franquia DOOM, em especial seus clássicos, criou basicamente uma fonte infinita de inspiração. Nas últimas décadas, diversos estúdios lançaram games tendo base tudo que foi proposto pela série da id Software, apesar de nem todos alcançarem o sucesso.

Sprawl dá continuidade a essa tendência, mas com um charme que merece certa atenção. Combinando estética retrô com efeitos e jogabilidade modernizados, ele é aquele refresco que certamente faria o criador do Doomguy se orgulhar.

Ouça as vozes de sua mente

Envolvida em um conflito com forças governamentais, Seven deve lutar por sua vida. Renomada super soldado das operações especiais, ela assume uma verdadeira guerra de uma única pessoa contra a Junta, mas algo em sua mente torna o caminho menos solitário.

Guiada por uma voz misteriosa, ela deve se vingar da traição e expor os segredos escondidos em Spire. Para isso, a guerreira utilizará toda sua proficiência em armas e lâminas, eliminando exércitos de máquinas antes que chegue ao seu limite.

Sprawl
Fonte: André Custodio

Sprawl é um FPS baseado em velocidade, movimentação e loop de jogabilidade. Além de incorporar elementos de parkour, ele tem o hardcore como seu conceito central, exigindo que os jogadores repitam fases e arenas algumas vezes.

Assim como nos clássicos DOOM, Quake e Unreal Tournament, o título não possui sistemas de progressão: todos os bônus em munição, armadura e vida são encontrados na forma de loot. E além desses recursos, há a adrenalina — ou simplesmente bullet-time.

Sprawl
Fonte: André Custodio

Em termos de visão geral, Sprawl tem uma campanha totalmente linear, levando entre 7h e 8h para ser concluída. Não há modos adicionais ou nível de dificuldade — apenas uma história única localizada em português do Brasil para menus e textos.

O título também traz recursos de acessibilidade, mas apenas os já tradicionais (como sensibilidade e outras funcionalidades). Dessa forma, ele pode ser considerado o que chamam de projeto de “tiro único” (ou “one-shot”, como é conhecido nos EUA e Japão).

Frenético e muito, mas muito desafiador

Aqui, começam as primeiras diferenças com DOOM e Quake. Sprawl é um jogo focado na velocidade. Não espere ter tempo para mirar, pois a grande quantidade de balas e de inimigos lhe cercará constantemente.

A variedade de adversários é satisfatória e suas combinações exigem o uso de armas e estratégias distintas. Porém, um é obrigatória independentemente de sua abordagem de preferência: não pare de se mexer.

Sprawl
Fonte: André Custodio

Acertar pontos fracos e explorar os cenários rende pontos de adrenalina. A partir dessa mecânica, você pode desacelerar o tempo e ativar o bullet-hell, permitindo acertar mais alvos em locais corretos e melhorar a eficiência de seu ataque.

Além disso, Sprawl conta com um sistema muito bem feito de correr pelas paredes. Esse recurso não é punitivo e garante até três ou quatro saltos em um mesmo local sem perder a corrida. Assim, os cenários ganham mais em termos de profundidade.

Sprawl
Fonte: André Custodio

O level design tem seus problemas. O game não indica para onde é preciso ir ou o que é necessário fazer. Isso é mais uma razão para você não parar de correr — relutar para pensar qual caminho seguir pode determinar sua morte em poucos instantes.

O título também tem um ar de desbalanceamento, apesar disso ser contornável. As munições acabam rápido e a lâmina só é eficaz caso os inimigos entrem em estado de atordoamento. Mas isso a Maeth fez questão de reforçar: Sprawl é um jogo hardcore.

Jogo futurista que merece sua atenção

Na onda de jogos futuristas como Ghostrunner, Cyberpunk 2077, The Ascent, Citizen Sleeper e outros, Sprawl merece um lugar nessa prateleira. Tanto em termos de ambientação quanto em atmosfera, o título é muito bem feito.

Seus visuais são densos e com alto nível de profundidade. A mistura de estética retrô com efeitos neon adicionam um charme único, ainda mais em trechos onde se é possível observar leve uso de ray tracing.

Sprawl
Fonte: André Custodio

A trilha sonora também agrega bastante ao cenário. Em momentos mais “tranquilos”, ela reproduz batidas cyberpunk, enquanto em momentos de maior intensidade há apelo para a eletrônica e outros subgêneros.

Sprawl: vale a pena?

Sprawl é um ótimo jogo de tiro futurista. Sem conceito cyberpunk funciona muito bem com as mecânicas ágeis de jogabilidade, apesar do alto nível de dificuldade e de alguns problemas no level design tornarem a experiência frustrante em certas horas.

Sua proposta single-player não se apega a uma campanha curta. Você gastará boas horas tentando derrotar hordas de inimigos, explorando documentos e coletáveis e conhecendo as funcionalidades. Além disso, sua história também é muito bem contada.

Sprawl
Fonte: André Custodio

Na PS Store, Sprawl sai por apenas R$ 80. Esse preço já garante um ótimo custo-benefício, especialmente para quem curte jogos de tiro desafiadores e retrô. Caso você não tenha muitas habilidades ou preferência pelo estilo, recomendamos uma promoção.

Mas no geral, o game cumpre muito bem o que propõe e traz um charme único. Certamente é mais um lançamento de 2024 que merece elogios pela objetividade e por ser divertido, mesmo diante de limitações.

Veredito

Sprawl
Sprawl

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Maeth

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
76 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Mecânicas modernizadas e muito fluidas
  • Boa variedade de armas
  • Tempo de campanha satisfatório
  • Excelente trilha sonora
  • Gameplay desafiador e instigante
  • Efeitos técnicos muito bem produzidos
Desvantagens
  • Carência de recursos de acessibilidade
  • Problemas no level design
André Custodio
André Custodio
Redator
Publicações: 8.086
Jogando agora: Diablo IV, Sprawl, Trombone
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.