Review

Shadows of the Damned Hella Remastered: vale a pena?

Remaster pobre e pouco justificado quase se perde totalmente, mas acidez de Garcia Hotspur e experiência divertida ainda salvam

por André Custodio
Shadows of the Damned Hella Remastered: vale a pena?

Shadows of the Damned pode ser um game pouco conhecido na atualidade, mas ele precisou de poucos meses após chegar ao PS3 para se tornar quase um clássico cult. E quem jogou na época lembra muito bem: a história de Garcia Hotspur era bastante promissora.

Com potencial para se tornar uma franquia, o título acabou sendo esquecido pela Grasshopper Interactive e entrou no triste limbo dos arquivados. Mas só até agora. A aventura demoníaca retorna neste ano em uma versão remasterizada e com novidades.

Apesar disso, não há como ignorar a pergunta: Shadows of the Damned tinha o suficiente para ser revivido? Ou sendo um pouco mais polêmico: o título era o suficiente para retornar após quase 15 anos desde sua estreia? Há muito a ser discutido.

O fato é que Garcia Hotspur e Johnson são uma baita dupla e têm uma química impressionante. E assim como em 2011, eles estão prontos para abalar os andares do inferno, mesmo que isso os obrigue a assumir “certos sacrifícios”.

O Inferno de Dante… mas sem Dante

Garcia Hotspur nunca foi um homem comum. Expert com armas de fogo, postura bastante profissional, confiança até mesmo exagerada e um desejo absurdo por sangue. Ele precisou apenas de uma faísca para que tudo isso se intensificasse.

Após ter sua amada sequestrada por um ser estranho, o herói revela sua identidade como caçador de demônios. E ele irá até as profundezas do inferno para recuperar sua mulher, nem que isso signifique exterminar brutalmente o Lorde.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Ao lado de uma caveira falante capaz de se transformar em inimagináveis equipamentos, Hotspur acabará com legiões de monstros, entrando cada vez mais na escuridão e impedindo que o sofrimento eterno passado por Paula seja, de fato, eterno.

Shadows of the Damned é um game de ação, com narrativa linear e foco na experiência de jogo. Sua história é bem desenvolvida e interessante até certo ponto, mas alguns elementos acabam ofuscando isso para o bem, como o carisma dos personagens.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

O título possui um esquema de jogo semelhante a games como Resident Evil e The Evil Within: câmera over-the-shoulder, tiroteio com os gatilhos e movimentação em 360º. Surpreendentemente, o remaster não aparenta ser datado, mesmo com melhorias discretas.

Shadows of the Damned também inclui modos de dificuldade, vários tipos de armas, coletáveis de lore, quebra-cabeças ambientais e animações em CGI — tudo em uma aventura que pode levar pouco mais de 8h para ser concluída.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Infelizmente, assim como houve na época do PS3, não há localização para português do Brasil. E por Hella Remastered ser, como o nome já diz, um remaster, essa falta de suporte se torna algo ainda mais frustrante. Tanto tempo depois e ainda sem PT-BR? Bom…

Apesar disso, quem não jogou o game original encontrará uma jornada consistente, divertida e redonda, que mesmo sendo muito brutal em termos de violência gráfica e blasfema, é bastante descontraída e acessível.

O inferno é seu palco para a brutalidade

Em vez de ser um game direto, Shadows of the Damned traz uma estrutura de missões. Elas se dividem em capítulos, com alguns deles exigindo uma progressão mais exploratória e outros sendo baseados em lutas contra chefes ou contra mini hordas de inimigos.

Você escolhe como eliminará seus adversários. Isso porque o game possui uma ação muito satisfatória e sólida, com três armas transformáveis (em três variantes), muitos recursos espalhados pelo mapa (munição) e sistema de mutilação à la Dead Space.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Tendo isso em mente, você decide se irá eliminar os monstros com headshots, arrancar suas pernas e depois pisoteá-los, separar seus braços e deixá-los sem ação ou simplesmente explodir grupos maiores com bombas e barris.

Essas mecânicas em Shadows of the Damned se tornam mais imersivas com o suporte ao DualSense oferecido pelo remaster. Ele não é completo, mas as funcionalidades de feedback tátil e de gatilhos adaptáveis são bastante eficientes.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Como os quebra-cabeças são simples e o jogo consiste basicamente em atirar e sobreviver, vemos uma ação descompromissada e direta — basicamente um prato cheio para o que muitos gamers estão procurando hoje em dia. Mas cuidado ao afirmar isso.

Um game problemático e injustificado

Sem entrar nas discussões sem nexo do “ser necessário”, é possível afirmar que Shadows of the Damned Hella Remastered não se justifica. Mas isso em um sentido de não se provar — algo que só fica claro se você jogá-lo do início ao fim.

A remasterização chega com um New Game+ que transfere upgrades e gemas, mas que não permite alterar a dificuldade da primeira campanha. Além disso, a impossibilidade de remapear comandos dá uma sensação de datado para alguns deles.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Terminar o game rende cinco trajes alternativos, mas só isso não poderia “vender” um jogo como remasterização. Há muitos problemas de qualidade de vida que se tornam mais evidentes quando se compara com o jogo original.

Shadows of the Damned Hella Remastered claramente tem suporte à resolução em 4K, com texturas melhoras especialmente na modelagem dos personagens. Mas a ambientação e as cenas em CGI ainda são muito parecidas com as originais — parecidas até demais.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Já em termos de performance, o buraco é quase onde Garcia Hotspur deve chegar para alcançar Paula. São muitos problemas de performance. Muitos. O jogo constantemente perde FPS, principalmente em ambientes fechados e com riqueza de efeitos técnicos.

Curiosamente, o combate não é prejudicado. Mas durante a exploração fica evidente como o jogo engasga. E isso do início a fim, com algumas fases sofrendo de forma bastante regular, até.

Shadows of the Damned Hella Remastered: vale a pena?

Shadows of the Damned Hella Remastered mantém a leveza, o carisma e a diversão do game original, utilizando conceitos agressivos, violentos e blasfemos em uma experiência satírica lotada de alívio cômico.

Seu tiroteio é consistente e funciona bem ao lado de uma progressão funcional, agradando em termos gerais mesmo sem grandes avanços em comparação com o título de 2011. Infelizmente, os problemas podem ofuscar muitas dessas virtudes.

Quedas de FPS, falta de melhorias nítidas, sem suporte para português do Brasil e ausência de recursos de qualidade… são falhas que levariam qualquer nota para baixo. Mas apenas se o game fosse caro, algo que Shadows of the Damned Hella Remastered não é.

Shadows of the Damned
Fonte: André Custodio

Na PS Store, o game está em pré-venda por R$ 124,50 — preço bastante honesto tendo em vista o que o jogo entrega. Caso você não seja tão conservador em seus gastos, pode ir sem medo. Esse valor compensará. Mas caso você seja mais paciente, espere um desconto.

Shadows of the Damned Hella Remastered será lançado em 31 de outubro para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Nintendo Switch e PC.

Veredito

Shadows of the Damned Hella Remastered
Shadows of the Damned Hella Remastered

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Grasshopper Manufacture

Jogadores: 1

Comprar com Desconto
62 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Tiroteio continua divertido
  • Bom tempo de campanha
  • Suporte aos recursos do DualSense
  • Texturas e modelos de personagens levemente melhorados
Desvantagens
  • Não há diferenças gráficas significativas em relação ao jogo original
  • Falta de localização em português do Brasil
  • Muitas quedas de FPS
André Custodio
André Custodio
Redator
Publicações: 7.867
Jogando agora: Awaken: Astral Blade, Diablo IV
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.