Project CARS 3: vale a pena?
Série faz uma mudança brusca no estilo do jogo na tentativa de atingir um público maior
“Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi”. Um trecho de uma crônica de Sarah Westphal nos ajuda a entender um pouco de Project CARS 3.
Parece um jogo que não se posiciona muito e tenta a agradar a todos, mas pode decepcionar seus seguidores mais fieis. Desta vez, o estúdio decidiu apostar em um projeto grande, mas direcionado aos jogadores nem tão interessados em simulações e realismos exagerados. Mesmo com derrapadas, consegue cruzar a linha de chegada, mas não belisca o pódio.
Project CARS 3 abandonou boa parte dos elementos que fizeram da série um sucesso – gráficos de ponta, jogo mais próximo de uma simulação, corridas bem focadas em regularidade – para se enveredar em terrenos já dominados por DiRT, GRID e até mesmo Forza Horizon.
Se você encará-lo como uma experiência arcade, pode até gostar, mas se as suas expectativas vierem na linha dos antecessores, vai ficar desiludido. A terceira entrada da franquia é bem mais acessível. A jogabilidade é bem menos descompromissada, os eventos são desbloqueados com facilidade e as recompensas em dinheiro in-game não demoram a acumular.
Esta é a maior qualidade do jogo. É fácil de jogar. Você até escolhe os níveis de ajuda que quer (assistência de direção, assistente de freio, ABS, controles de tração e estabilidade), porém não é nada comparado com os dois primeiros, onde era mesmo bem importante domar a máquina e saber suas características.
A quantidade de carros e eventos também agrada. O modo carreira é parecido com que os jogadores já conhecem de outros carnavais. Comece com um carro simples, vença as primeiras corridas e vá progredindo para outras mais desafiadoras.
O recurso funciona bem e a progressão é consistente. Aliado a isso, há uma ótima quantidade de carros e meios para evoluídos. Por outro lado, esta mesma evolução é um tanto quanto esquisita e não estimula tanto.
Cada carro tem seu nível de XP e, de acordo com as vitórias, ele evolui. O que possibilita o desbloqueio de itens de melhorias. Comprando as peças, seu bólido pode ir de uma “classe B”, para uma “classe C”, por exemplo.
Isso faz com que você possa usar seu carro em diferentes competições. Por outro lado, se você quiser desequipar peças, terá de pagar algumas moedas. Também é possível desbloquear corridas avançadas apenas desembolsando uma graninha, isso porque o sistema não privilegia só a vitória.
Cada evento pode contar com objetivos diferentes além do pódio: fazer uma volta limpa, dominar uma curva, etc. E o desbloqueio “pago” facilita ainda mais para quem só quer correr. E você percebe mesmo que a Project CARS 3 deixou a simulação de lado quando se depara com eventos do tipo “marcar pontos”, onde o objetivo é destruir placas de pontos.
Mas nem tudo é arcade. Há pequenos elementos para tornar – tentar – as competições mais limpas. Se você cortar caminho, é punido, corridas em chuva são mais difíceis, seu carro nem sempre é compatível com as provas.
Por outro lado as coisas não estão bem implementadas. Seus competidores, por barbeiragem, podem te jogar para fora da pista e você será punido. A inteligência artificial está bastante desequilibrada. Ora é muito competitiva, em outros facílima de vencer. Às vezes você colide com um adversário a 250 KM/h e seu engenheiro de equipe diz que você está fazendo uma corrida limpa. Oi?
Os visuais também decepcionam. Você certamente se lembra o quão bonitos eram os dois primeiros. Project CARS 3 não está no mesmo nível. Há bastante serrilhados, cenários sem vida, circuitos sem inspiração, texturas que não carregam e problemas de renderização no PS4 “padrão” empobrecem a jogatina. Nem parece um jogo de fim de geração.
Boas opções
Algo que não se pode reclamar é a robustez do pacote. O modo carreira tem dezenas de competições e é bem amplo, favorecendo e incentivando o uso de carros diferentes. Apesar de algumas restrições quanto ao uso de certos modelos, faz sentido ter corridas só para carros de determinados países, por exemplo.
Destaque para as provas GT, onde as competições ficam mais acirradas e exigem um pouco mais de experiência dos pilotos. Elas são bem divertidas e recompensadoras.
Há ainda eventos, disputa com rivais o modo online. Este último também precisa de ajustes, mas funciona.
Project CARS 3: vale a pena?
A Slightly Mad Studios ficou no quase. Optou por se distanciar dos aspectos de simulação, ficando quase um arcade completo, mas não se decidindo. Talvez o jogo funcionaria melhor se viesse como um spin-off ou até mesmo um subtítulo que o distinguisse.
Apesar de um bom modo carreira, completo com excelentes variedades de pistas e carros, ficou devendo bastante nos visuais, nos sistemas de IA e punições e más traduções para o Português do Brasil.
E nessa de tentar agradar a todos, pode perder parte dos fãs fieis e ainda assim não conquistar o espaço de GRID, DriveClub, Need for Speed Heat e DiRT.
Veredito
Project CARS 3
Sistema: PlayStation 4
Desenvolvedor: Slightly Mad Studios
Jogadores: 1 jogador
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- Modo Carreira robusto
- Muitos carros e pistas
- Mais acessível para novatos
Desvantagens
- Visuais aquém do desejado
- Inteligência artificial ruim
- Sistema de punições desbalanceado
- Falta identidade ao jogo