Pizza Possum: vale a pena?

Assim como nos videogames, os gambás têm uma estratégia única de jogo: quando se sentem ameaçados, atuam como mestres da esquiva e do escape, desaparecendo em um instante. Eles são tão velozes quando se trata de alimentação, que sequer Pizza Possum consegue acompanhar.

É isso mesmo: o novo jogo da Raw Fury é super divertido e faz uma boa bagunça, mas em um piscar de olhos não deixa nada sobrando na mesa. Dito isso, vamos logo começar esse review, antes mesmo que as palavras fedam a queijo e atraiam criaturinhas indesejadas.

Em uma cidade pitoresca, o cheiro estava irresistível…

Tudo era sol e calor em uma bela cidade no mediterrâneo. Um rei sentava em seu trono para comer uma pizza gigantesca, cozinheiros transformaram edifícios e portos em zonas gourmet e habitantes viviam em harmonia enquanto tivessem comida em suas mesas.

Até que certos indivíduos ameaçam a estabilidade do reino… Uma dupla insaciável de gambás faz uma jura: “nós iremos roubar todas as pizzas do rei e devorá-las até nos tornarmos os maiores”. E agora, seus dias são dedicados a transformar a cidade em um completo caos.

Pizza Possum é uma aventura sem muito propósito ou profundidade. No game, os jogadores comandam até dois gambás e devem atravessar uma série de zonas enquanto acumulam calorias (pontos) e desbloqueiam o próximo nível. O objetivo? Chegar na região comandada pelo rei.

Cada área tem seus próprios detalhes, apesar de estarem conectadas a um único mapa. E é isso mesmo: o game possui apenas uma única região limitada por águas profundas e intransponíveis.

A partir daí, é o famoso “salve-se quem puder”. Os gambás não podem parar de correr enquanto se alimentam, abrem regiões bloqueadas e se direcionam para a próxima — sempre evitando serem pegos pelas autoridades, pois isso reiniciará toda a campanha.

Roguelite que acaba na primeira sílaba

Pizza Possum tenta ser um roguelite, mas no fim é apenas um jogo bastante cíclico. O objetivo central é conseguir coletar três coroas do rei. Como uma é obtida assim que a pizza gigante é devorada, é necessário fazer o mesmo processo três vezes. Reforçando: o mesmo processo.

Em uma primeira run, já é possível decorar todo o caminho. Por via das dúvidas, basta ir sempre para o norte, pois não existe rotação de mapa ou qualquer ferramenta de visualização — a câmera é completamente fixa e não permite movimentação da área em destaque.

De início, isso pode causar uma estranheza e frustração, já que se trata de um jogo run ‘n stealth onde é importantíssimo identificar os passos dos cães de caça. Mas como só há um mapa no jogo, é muito fácil decorar a posição dos inimigos em poucos minutos.

Mas não espere moleza: Pizza Possum traz uma dificuldade gradativa. Na primeira run, os inimigos são lentos e em pouca quantidade. Na segunda, alguns começam a aparecer repentinamente de portas fechadas. Na terceira, alguns ficam incrivelmente velozes e sua distribuição praticamente multiplica.

Além disso, há checkpoints em cada zona. Porém, eles são completamente inúteis a partir da segunda run, pois caso você seja capturado, todas as coroas anteriores são perdidas e é necessário começar tudo do zero.

Gambás tunados e muito bem preparados

Disparado, o melhor recurso de Pizza Possum fica por conta dos power-ups. O sistema de progressão é muito bom e estimulante: após uma certa quantidade de pontos obtidos, um poder especial é destravado. E apesar das runs serem resetadas, todos os pontos ganhos são cumulativos.

Para escapar dos predadores, os gambás podem utilizar bombas de gás, placas de proibido, energéticos para aumentar a velocidade e ossos para atrair a atenção dos cães. A caixinha com gatos também é bem legal e consegue prender a atenção de inúmeros inimigos ao mesmo tempo.

Esses power-ups estão escondidos em caixas de madeira ao redor da cidade. Porém, enquanto os blocos se encontram sempre no mesmo lugar, as recompensas são aleatórias a todo instante. Então vale muito a pena aproveitar todos os recursos e dominar o funcionamento de cada um deles.

Ah, e a taxa de aparecimento é infinita. Comidas e caixas de madeira reaparecem segundos depois de serem devoradas ou destruídas pelos personagens. Esse certamente é o grande destaque de gameplay de Pizza Possum.

E não se esqueça de aproveitar os arbustos. Os comandos de ação são muito precisos e essa mecânica ajuda bastante na hora de diminuir o medidor de procura dos inimigos.

Cooperativo que garante boas risadas

Pizza Possum está muito longe de ser um jogo frustrante. O título é extremamente agradável, simples e descompromissado, e certamente a física meio estabanada garante boas risadas durante toda a campanha.

Agora, em comparação com o single-player, tudo muda no cooperativo. Os personagens podem se ajudar, atrair a atenção dos inimigos e até mesmo multiplicar os ganhos de pontos através de uma área maior de alcance.

Nesse aspecto, vale a pena ressaltar: Pizza Possum não possui cooperativo online. Para se aproveitar o multiplayer, é necessário ter dois controles e se reunir diante do mesmo console, pois a experiência é essencialmente local.

Pizza Possum: vale a pena?

Pizza Possum é quase um party game para quem busca um game sem qualquer tipo de exigência. Simples nos comandos e com um conceito agradável, o título é capaz de atrair tanto o público infantil quanto os barbados.

Há alguns problemas graves a mencionar, como a ideia de ter apenas um modo de jogo. O fator replay é muito pobre depois que se obtém todos os power-ups. Além disso, em 30 minutos é possível terminar as três runs necessárias para se conquistar as coroas.

Dito isso, Pizza Possum é uma experiência divertida, mas que não vale um grande investimento — seu preço na PS Store de R$ 37,90 até justifica isso. Extremamente curto, com pouquíssimos conteúdos e estimulante até certo ponto, ele seria um projeto ideal para um plano de assinatura.