Parcel Corps: vale a pena?

Lançado neste mês para consoles e PC, Parcel Corps chamou a atenção por combinar experiência de bike em mapas no estilo Sunset Overdrive. E com os aplicativos de entrega tão presentes em nossas vidas, por que não fazer um adaptação desse ofício para os games?

Nesse caso, a pergunta mais adequada seria “por que fazer?”. O game da Billy Goat Entertainment é facilmente uma das maiores disparidades do ano entre conceito e prática e oferece uma aventura totalmente diferente do que é mostrado trailers ou gameplays.

Felizmente, preparamos um review completo de Parcel Corps para lhe ajudar antes de decidir se investirá quase R$ 200. Quer saber se o título trará um bom retorno para seu bolso? Continue com a gente e saiba tudo sobre essa simulação em mundo semiaberto.

O mercado de entregas está competitivo

Quando o mercado de entregas entra em ascensão repentina, três grandes corporações disputam o domínio pelas ruas de New Island. E em meio a crises globais nos mais diversos setores, é preciso manter um negócio com excelência e torná-lo estável.

Convidado para fazer parte de uma dessas companhias, você deve trabalhar o máximo possível e percorrer distritos com sua bicicleta. Mas cuidado: Rich Villainé, CEO da companhia de exploração de petróleo Polar Petroleum PLC, fará de tudo para impedi-lo.

Você sucumbirá diante da concorrência e de uma indústria extrativista emergente ou salvará o mundo com entregas pontuais? Corra, pois pequenos e grandes empreendedores dependerão dos seus serviços para sobreviverem.

Parcel Corps é uma aventura esportiva em mundo semiaberto baseada em loops de jogabilidade. Sua campanha, que dura de 10h a 15h, exige que os jogadores destravem distritos a partir de acordos com empresas locais, a fim de expandir seus negócios e provar seu valor.

Cada interação com os extravagantes NPCs ativa uma entrega que deve ser concluída em poucos segundos. Porém, a cidade oferece condições ideais para que se explore trechos horizontais e verticais. Você fará sua própria rota, contanto que o tempo seja respeitado.

New Island traz um universo orgânico, com diversos veículos em ruas e pedestres andando por lojas e praças. A todo instante, você deve evitar ser atrapalhado pelo que estiver no caminho, pois qualquer erro será determinante para o cumprimento da missão.

Loop de jogabilidade interminável e muito cansativo

Cada entrega em Parcel Corps exige que o protagonista vá de ponto A até B. Às vezes, essa rota é realizada duas ou três vezes para um mesmo NPC, com um maior tempo limite garantido pelo personagem.

Em relação às atividades, basicamente se tratam de entrega de encomendas. O que muda é apenas a primeira interação com o empresário, pois ele lhe dá responsabilidades diferentes (assustar pombos, colar cartazes, quebrar drones) para assinar o contrato.

Infelizmente, o gameplay de Parcel Corps é bastante repetitivo e se prende a esse loop do início ao fim. O ciclista pode realizar manobras, fazer grinds, saltar e andar em paredes, mas com o tempo isso fica sem graça devido à baixa variedade de movimentos.

Além disso, problemas sérios na qualidade de vida atrapalham muito a experiência. As chances de falhar em missões são altas e após isso, você deve assistir a animações de reanimações longas, constantes e que prejudicam o ritmo acelerado.

Em especial após o terceiro mapa, quando a dificuldade se torna mais acentuada por incluir elementos agressivos de plataformas, a aventura fica muito estressante. E como isso não bastasse, Parcel Corps também é afetado por sérios problemas de otimização.

Um verdadeiro playground de bugs

Parcel Corps traz claras inspirações em jogos sandbox da década de 1990, mas se limita a isso para entregar uma experiência quase medíocre. Ele é fortemente afetado por falhas na otimização, assim como por outras funcionalidades que deixam tudo ainda pior.

Do início ao fim, o título engasga e apresenta quedas consideráveis de FPS. Além disso, há erros críticos de colisão ambiental, uma câmera travada e sem ajuste de sensibilidade, telas pretas em casos de falhas nas missões e muito mais.

Tecnicamente, Parcel Corps é um game incompleto — e não precisa ser especialista em jogos para perceber isso. Há virtudes, como uma bom grau de aprendizado e a jogabilidade criativa, mas o brilho é perdido em poucos minutos quando os problemas aparecem.

Além disso, o game não possui uma história convincente, personagens carismáticos ou algo real que lhe faça querer jogar até o fim. Tudo funciona como um grande esboço de um projeto promissor, mas que perde brilho pela falta de capricho.

A localização em português do Brasil para menus e textos salva um pouco no entendimento do “bruto” narrativo, mas no final parecem apenas informações jogadas, com algumas cenas aleatórias em live-action e animações com artes inspiradas em cel-shading.

Parcel Corps também conta com uma ferramenta de criação de personagens, suporte online e Modo Foto. Assim, jogadores podem disputar com amigos de todo o mundo a fim de dominarem suas bicicletas e melhorarem o desempenho na campanha.

Parcel Corps: vale a pena?

Parcel Corps não vale a pena e, se não pode ser considerado um dos piores jogos do ano, deve ser lembrado como uma experiência muito frustrante. A falta de carinho e de capricho técnico são nítidas e prejudicam bastante o gameplay ágil em bicicletas.

A ausência de conteúdos mais variados e funcionais tornam o gameplay repetitivo, impedindo que alguém passe horas a fio com o controle na mão. O mundo semiaberto é relativamente interessante por sua organicidade, mas a vida ali dentro é superficial.

Na PS Store, o título está custando R$ 187,90. Esse valor cobrado pelos desenvolvedores é muito caro e não corresponde ao que de fato é oferecido: uma aventura sem graça, lotada de falhas técnicas, irritante após o terceiro mapa e preocupante no sentido de qualidade.

Parcel Corps está disponível para PS5, Xbox Series e PC.