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Ovrdark: A Do Not Open Story: vale a pena?

Apavorante, incômodo e imersivo, Ovrdark é a prova de como se deve explorar o hardware de um dispositivo ao máximo

por André Custodio
Ovrdark: A Do Not Open Story: vale a pena?

Daqui a alguns anos, entusiastas de realidade virtual estarão preparando suas listas de “diamantes escondidos” no PlayStation VR2. E entre tantos games interessantes e revolucionários, um que com certeza merecerá sua posição de destaque é Ovrdark: A Do Not Open Story.

A sequência de Do Not Open chega para provar que o terror é o gênero com maior potencial de exploração em RV. Além disso, o título é um verdadeiro trabalho de oportunidade, com o estúdio NoxNoctis mostrando ser possível fazer algo bem feito e que utilize muito bem o hardware de nova geração.

Como todo projeto compatível com o headset do PS5, Ovrdark não escapa de algumas falhas. Mas será que elas impactam um conceito bem realizado e realmente assustador produzido pelo estúdio independente? Confira a análise completa do game.

Amizade e sacrifícios

Após sucumbir a uma pressão interna opressiva, o prestigiado zoólogo e epidemiologista Michael J. Goreng fica completamente preso em seu próprio pesadelo. Atormentado, ele vê sua sanidade desaparecendo aos poucos, gerando riscos de vida para sua mulher e filha.

Trancado em sua mansão e envolvido com eventos brutais, Goreng abandona tudo que o prendia à natureza humana. Com isso, seu colega e amigo, George Foster, decide ir atrás de Michael para descobrir se suas intenções duvidosas afetaram fatalmente outras pessoas.

Ovrdark: A Do Not Open Story
Fonte: André Custodio

Contra a vontade de sua namorada, o investigador parte em uma jornada para uma mansão abandonada e decadente. Lá, ele viverá um verdadeiro inferno, enquanto explora pistas e cômodos para identificar o paradeiro dos anfitriões. Uma aventura incerta e amedrontadora está prestes a começar.

Desenvolvido pela NoxNoctis Games, Ovrdark: A Do Not Open Story é uma sequência direta do horror psicológico Do Not Open. Totalmente adaptado para a realidade virtual, o jogo combina elementos de exploração, perseguição e jumpscares, com um grande foco em quebra-cabeças e no backtracking.

Ovrdark: A Do Not Open Story
Fonte: André Custodio

Todos esses aspectos funcionam muito bem em uma trama psicológica que apresenta poucos momentos de violência gráfica e de cenas chocantes. Além disso, o título é altamente atmosférico, sendo conduzido como se fosse um filme: atos bastante claros e trilha sonora à la montanha-russa.

Outro destaque fica para a excelente condução narrativa de Ovrdark. Coletáveis, documentos, missões e atividades contribuem bastante para o passado e presente da trama. Não há momentos de fuga do gênero: do início ao fim, o horror é muito opressor e regular.

Ovrdark
Fonte: André Custodio

A ambientação também contribui bastante com a imersão. Os cenários da mansão são lindíssimos, algo quase inédito para o PS VR2. Não seria exagero afirmar que, em termos visuais, o título perde apenas para Horizon Call of the Mountain. É um “mundo fechado” digno de aplausos.

Ovrdark conta com dublagem completa em inglês, ótimas e impactantes atuações, modelos de personagens bem trabalhados, imprevisibilidade nos jumpscares e um ritmo cinematográfico que se assemelha ao de um filme de terror tradicional.

Uns quebra-cabeças de horror

Jogadores dos clássicos survival horror da década de 1990 se identificarão instantaneamente com Ovrdark. O game traz diversos quebra-cabeças baseados em portas, segredos, estruturas e interações, reforçados por um sistema de backtracking que força a decorar os cômodos da mansão.

Tudo progride sem interrupções e em tempo real (com exceção na transição dos atos). Assim, os jogadores podem andar/correr livremente pela residência, enquanto buscam as melhores rotas de fuga para um possível momento de perseguição.

Ovrdark
Fonte: André Custodio

Ovrdark possui Michael Goreng como grande perseguidor, e ele não apenas corre atrás de George em alguns momentos, mas espreita. É muito legal vê-lo nos cantos, com os olhos brilhantes encarando o protagonista e esperando apenas um breve momento para atacar.

Esse sistema de sobrevivência traz um amplo nível de interação com o headset. Michael entende qualquer movimento como uma ameaça. Assim, se os jogadores mexerem os controles ou a cabeça (headset), certamente se tornarão vítimas fatais.

Ovrdark
Fonte: André Custodio

O nível de ameaça é descrito por uma vibração nos controles Sense. Quanto maior for o instinto de Goreng, maior será a possibilidade dele atacar. Assim, é preciso esperar um pouco sem se mover, até que o vilão fuja e deixe o ambiente seguro para ser explorado.

Vale lembrar que, por ser um jogo single-player, as cenas são scriptadas. Ainda assim, não há como negar que as tecnologias e os momentos de tensão funcionam muito bem e deixam tudo muito incômodo, especialmente com sons ambientes, efeitos de iluminação e a própria escuridão.

Ovrdark
Fonte: André Custodio

Enquanto busca chaves e peças de quebra-cabeças em Ovrdark, George não estará a salvo. Além disso, há alguns eventos por tempo, onde é preciso concluir uma atividade antes que armadilhas mortais sejam acionadas.

Nada que o tempo não resolva

Alguns problemas de física em realidade virtual podem prejudicar a resolução dos puzzles em certo momento, mas nada que seja uma fatalidade. Os tempos de carregamento são muito bons e o jogo já está “preparado” para a morte. Assim, não há um problema muito grave, apesar de precisar ser mencionado.

Ovrdark também traz algumas falhas de colisão, principalmente quanto se segura algum item, como a lanterna. Isso fica nítido, por exemplo, quando uma porta é aberta: há uma diferença clara se peso com as mãos nuas e com as mãos portando um objeto.

Ovrdark
Fonte: André Custodio

Outro caso estranho é um raro desaparecimento de itens do inventário. A equipe do MeuPlayStation passou por isso duas vezes, e ambas foram quando o console ficou em modo de repouso com o game ainda aberto. Para contornar, foi necessário salvar, voltar para o menu principal e carregar o arquivo.

Felizmente, essas falhas não atrapalham o desempenho geral e não resultam em crashes ou travamentos, como há em outros games. Além disso, o título tecnicamente é repleto de virtudes, contando com renderização foveated dinâmica (via rastreamento ocular) e alta resolução de texturas.

Ovrdark
Fonte: André Custodio

A NoxNoctis implementou muitos efeitos de partícula nos cenários, um sistema de iluminação impressionante e físicas realistas de objetos na mansão. Há também opções de acessibilidade para movimento, como rotação em graus ou na tradicional câmera em 360 graus, e suporte para legendas.

Ovrdark: A Do Not Open Story: vale a pena?

Ovrdark é a prova viva de como se deve explorar o hardware do PS VR2. Com visuais incríveis, um horror de ótima qualidade e uma campanha de 5h de duração, o título é uma aventura single-player obrigatória para entusiastas de realidade virtual e que ainda traz vibes de Resident Evil 7.

Platinadores encontrarão um alto fator replay para obter todos os troféus, enquanto a mansão é um cenário único que merece ser apreciado mesmo sem compromisso. Além disso, o game conta com momentos interessantes de reviravoltas e encontros chocantes.

Na PS Store, o título custa R$ 159,90 e sai por um preço um pouco maior do que os jogadores estão acostumados a encontrar. Porém, mesmo esse custo resulta em um bom investimento, pois o terror é bastante divertido e é interessante de ser apresentado para outras pessoas.

Ovrdark: A Do Not Open Story está disponível para PS VR2 e PC VR.

Veredito

Ovrdark: A Do Not Open Story
Ovrdark: A Do Not Open Story

Sistema: PlayStation VR2

Desenvolvedor: Nox Noctis Games

Jogadores: 1

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82 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Atmosfera de terror muito bem construída
  • Excelentes efeitos de iluminação dinâmica
  • Renderização foveated bastante confortável
  • Visuais da mansão são realmente deslumbrantes
  • Terror na medida e sem apelações para jumpscares
  • Bom tempo de campanha para um game em RV
  • Mecânicas interativas muito divertidas
  • Dublagem em inglês e sistema de áudio bem realizados
  • Ótimo uso dos recursos do PS VR2 (headset e controles)
Desvantagens
  • Falhas na física interativa podem atrapalhar timing de eventos
  • Alguns bugs de colisão
  • Casos estranhos de desaparecimento de itens
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Diablo IV, Sprawl, Trombone
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.