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Outlast 2: Vale a Pena?

O medo do sangue tende a criar o medo da carne.

por Hugo Bastos
Outlast 2: Vale a Pena?

Outlast 2 traz algumas perguntas. Do que você tem medo, caro jogador? Do escuro? De monstros e fantasmas? De morrer afogado ou queimado? Dos sons desconhecidos da noite, quando não consegue dormir? Você já sentiu tanto medo quanto pode imaginar?

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Você sabe o que é medo, caro jogador?

Encarne a pele do jornalista Blake Langermann que, junto com sua esposa Lynn, investiga o assassinato de uma Maria Ninguém (Jane Doe). Conheça, após a queda do seu helicóptero, o pavor de estar preso em um lugar desconhecido, cercado de fanáticos e monstruosidades, que acreditam que o fim do mundo está próximo.

E assim, embarque em uma jornada de tensão sem fim, onde tudo e todos querem vê-lo morto. Onde o fim do mundo é anunciado sem trégua. E descubra que, não importa onde, ou como, não há monstro mais aterrador na face da Terra que o próprio ser humano.

A análise a seguir contém material retirado diretamente do jogo. Portanto, conterá imagens perturbadoras e linguagem pesada e inapropriada para pessoas sensíveis.

“Pois aquele que não crê, será condenado, e quemará”

Blake e Lynn Langermann estão investigando o assassinato improvável de uma desconhecida, de nome Maria Ninguém (Jane Doe). Dessa forma, estão sobrevoando o deserto do Arizona, em uma região chamada Supai. Mas algo acontece, o helicóptero cai, e apenas Blake se vê entre as ferragens.

Não muito tempo se passa, e logo ele percebe que ele está onde não deveria. E que provavelmente desceu ao inferno na Terra. O piloto é encontrado esfolado e crucificado, e sua esposa está desaparecida. Assim, o assassinato pode esperar. Sua missão é encontrar sua esposa. E nada mais importa a partir daquele momento.

A história se desenrola a partir de então, em um misto de ocultismo e fanatismo. Blake deve se infiltrar na cidade de Temple Gate, que acredita-se estar na “boca do inferno”, e resgatar sua esposa, que os residentes acreditam carregar o “filho do anticristo”.

Mas tal tarefa não será fácil. Blake deverá enfrentar os moradores locais, liderados pelo seu pregador lunático, “Papa” Sullivan Knoth. Deverá enfrentar seus fantasmas do passado, que tomam forma e o atormentam nos dias de hoje. Para no final, precisar vencer o pior de seus inimigos. Seus próprios demônios.

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A fé pode mover montanhas. Ou pode cegar e afundar no lago do desespero. Fonte: Captura de Tela.

Tudo isso, no entanto, acaba decepcionando ao final do jogo. A história. O alicerce. Em determinado momento, tais construções desmoronam, tal como o homem que constrói sua casa no deserto. Apesar de não tirar o brilhantismo da obra, visto que esta se desenvolve e se consolida, no fim, tudo o que sobre é sombra e pó do que realmente se pretendeu.

“E meu olho sangrava. Mas eu ganhei a verdadeira visão”

Visualmente, Outlast 2 não decepciona. Com gráficos detalhados, especialmente considerando-se que o jogo foi produzido utilizando a Unreal Engine 3, sua ambientação traz medo ao jogador.

Desde o início o jogo de luz e sombras já impressiona. A luz da lua pouco ilumina os cenários. As chamas das velas e lamparinas não é suficiente para trazer alento. A escuridão permeia quase todo local. E onde a luz consegue ferir as trevas, não há qualquer alento. Tudo se torna ainda mais assustador.

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Impressiona o fato de algo tão medonho poder trazer tanta beleza. Fonte: Captura de Tela.

A visão noturna da câmera torna tudo monocromático. Pessoas perdem a vivez, tornando-se seres sem alma. Seus olhos esbranquiçados apenas gritam em ódio e desejo de morte. Monstros se tornam ainda mais insuportáveis. O jogador acaba tendo que decidir se enfrenta a escuridão sem saber o que se esconde nela, ou se arrisca a descobrir.

E se arrepende amargamente…

Mas não importa o que decidir. Seja pela luz natural, seja pela sua máquina do ambiente moderno, nada familiar àquele mundo, formas bem moldadas serão reveladas. As pessoas, paisagens, casas, tudo é bem trabalhado. Tudo é pensado a dar sentido à história.

Apesar de os cenários parecerem repetitivos, deve ser levado em consideração que aquelas pessoas cegam-se à sua fé. E como um rebanho que segue cegamente a um pastor, seu comportamento será sempre direcionado. Ou seja: todos são iguais ali. E devem morar em lugares iguais. E odiar o que é diferente.

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O horror assumirá várias formas. Fonte: Captura de Tela

“Os ouvidos dos ímpios devem ser arrancados.”

De nada adianta tais recursos visuais, se os ouvidos não são estimulados como devem. E mais uma vez, o título se consagra brilhantemente. Você os ouvirá rezando. Você os ouvirá chegando. Você os ouvirá cantando.

Mas você não os verá, até que seja muito tarde.

O jogo, então, se transforma em uma corrida frenética por sua vida. E até que tudo passe, a música ambiente transmite a sensação de desespero. E quando a calmaria chegar, o jogador não terá paz. O ambiente se tornará opressor. Qualquer som se tornará suspeito. E não haverá paz.

Os personagens expressam sentimentos verdadeiros. Raiva, orgulho, soberba. Medo, desespero, pânico. Até mesmo o silêncio da morte pode ser ouvido. A Red Barrels conseguiu neste jogo transmitir uma sensação opressiva de tensão poucas vezes vista. E isso a torna digna de ser reconhecida.

“Com as minhas mãos, eu os comandarei. Em nome do Senhor”

Outlast 2 não é um jogo para fracos e homens de pouca fé. Blake Langermann não é um lutador. E como tal, ele não pode enfrentar seus inimigos em combate direto. Uma vez visto, ele deve escolher entre fugir, ou se esconder.

Ou morrer.

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Suas súplicas não serão ouvidas esta noite. Fonte: Captura de Tela.

Blake pode apenas contar com sua câmera, seu instinto de sobrevivência e sua vontade de salvar sua esposa. Mas ele se move de forma estranha. Seus saltos não são realistas. Seu andar não se assemelha a alguém que está com medo. E ele corre como se estivesse no parque, e não em uma cidade tomada pelo culto ao apocalipse.

Sua ferramenta também não é confiável. A bateria é drenada de forma muito mais intensa que no primeiro jogo. Baterias extras podem ser complicadas de se encontrar. Então, entre a luz e a escuridão, o jogador deve decidir como avançar.

Ao fugir dos inimigos, Blake precisa pode passar por janelas e se esconder em baldes e armários. Mas por vezes, os controles não serão preciso, e a morte será inevitável. E por ser um jogo onde a furtividade deve imperar, os seus inimigos o vêem com uma facilidade sobrenatural.

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Enquanto você observa seu inimigo, outro inimigo o observa na escuridão. Tenha extrema cautela. Fonte: Captura de Tela.

Junte isto à aleatoriedade constante dos inimigos e tem-se uma frustração crescente. Por vezes, a fé e convicção do jogador serão testadas. Ele não saberá o que fazer, e ficará vagando a ermo, com a possibilidade de ser atacado a qualquer momento. Até que a solução se fará na sua frente, para que ele continue avançando.

Mas tais “problemas” contribuem para a atmosfera de terror do jogo. Não haverão certezas. Exceto que a morte virá para todos.

“E eu vi a besta. E ela tinha forma humana”

Outlast 2 se consagra como um dos melhores jogos de terror dos últimos tempos. A localização em nosso idioma prova que, quando uma empresa deseja, ela pode mesmo fazer um trabalho primordial. Os documentos não contam com legendas. São traduzidos diretamente dentro do jogo.

Aliás, fora as vozes em inglês, todo jogo encontra-se na nossa língua. O que, para os homens de muita coragem, significa entender tudo o que se passa ao seu redor, e se horrorizar com a capacidade humana para o mal.

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“Você rouba as almas dos homens, e os faz seus escravos!”
“Talvez o mesmo possa ser dito de todas as religiões…”
Fonte: Captura de Tela.

E para os verdadeiros homens de fé, a platina deste jogo torna-se o caminho do Messias. Troféus extremamente desafiadores o farão perceber o que é a verdadeira tormenta. Terminar o jogo no modo Insano, sem recarregar as baterias da câmera, sem dúvidas, será o teste dos testes. E somente aquele que acreditar conseguirá alcançar a graça da vitória.

O mais novo título da Red Barrels se consagra entre tantos grandes expoentes dos jogos do gênero. Sem dúvidas, um jogo que continuará a “atormentar” o jogador mesmo após este desligar o console.

“E assim deve ser, para sempre”.

Hugo Bastos
Hugo Bastos
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Jogando agora: Nada no momento.
Hugo Bastos e revisor do Meu PS4, apreciador de uma boa comida, e de platinas difíceis. E viciado em Rogue Legacy, OlliOlli2, Dead Cells, e não dispensa uma boa noite de jogatina.