Neva: vale a pena?

Recorrentemente, as discussões sobre games e arte tornam a aparecer nas redes sociais. E por mais que elas sejam tópicos imortais, nunca se chegou a um consenso: essas duas esferas funcionam juntas? Jogos podem alcançar esse patamar quase transcendental?

Não há como negar que todas os games têm aqueles títulos considerados masterpieces. E por “n” motivos — cada pessoa tem suas próprias razões para considerá-los algo acima do padrão. Mas alguns deles conseguem se tornar quase consenso.

Nesta semana, os desenvolvedores de Gris retornam ao mercado com o lançamento de Neva. E quem jogou o primeiro game já deve ter um certo hype para a próxima aventura da Nomada Studio. Mas deixe-nos lhe contarmos: você não está preparado para isso.

O mal tem um plano para a natureza

Alba, uma poderosa e determinada guardião da natureza, se junta a um filhote de lobo para conter o avanço das trevas. Após experimentar um evento traumático, ela e sua dupla embarcam em uma jornada brutal, onde sua força de vontade será testada.

Uma entidade maligna corrompe os seres vivos e converte suas mentes em algo amaldiçoado. Enquanto isso, cenários viram paisagens desoladas e sombrias, preservando suas belezas por trás de geleiras, ruínas, névoa e catacumbas.

Mas enquanto seu lar ainda existir, Alba e o filhote Neva combaterão a opressão e salvarão o máximo de almas possível. Quanto mais seus laços se fortalecem, melhor eles enfrentam situações perigosas. Mas se a esperança acabar, isso será o suficiente?

Neva é uma aventura narrativa, com foco em jogabilidade e baseada em elementos metroidvania. Em pouco mais de 5h, jogadores explorarão a campanha principal completa, que se passa em diferentes estações do ano.

O título combina mecânicas de quebra-cabeças e combate, com habilidades sendo destravadas ao longo do tempo. Essas vantagens acompanham a evolução dos laços entre os protagonistas: quanto mais se progride na jornada, mas poderosas são as técnicas.

Assim como os jogos metroidvania, Neva possui exploração por vários caminhos, backtracking, abertura de atalhos e sistema de progressão de habilidade. Porém, como o título é concentrado na experiência, esses elementos são muito menos punitivos.

E como também há foco narrativo, não há árvore de habilidades, formação de build, coleta de itens utilizáveis e mais. Todas as interações ocorrem com alguns coletáveis e com fontes que recarregam vida, caso você perca HP em combate e armadilhas.

Desafio impossível de lhe estressar

Neva possui diversas seções inspiradas em games como Ori and the Blind Forest. Eventos mais centrais exigem que Alba e o logo fujam enquanto são perseguidos por monstros ou por fenômenos da natureza, por exemplo.

Enquanto isso, há algumas áreas cheias de armadilhas que exigem saltos no momento e no espaço exatos. As ações podem assustar em um primeiro momento e parecerem impossíveis, mas a precisão dos comandos contribui bastante com um gameplay de ritmo.

A jornada poderia ser um pouco maior, mas você conclui a história e percebe que tudo foi contado de forma objetiva e condensada. Dessa forma, fica a sensação de que todos os atos narrativos e mecânicas foram muito suficientes.

Neva também possui trechos sombrios devido ao seu conceito, mas os visuais e a trilha sonora garantem uma experiência suave e pouco opressora. Como se trata de um jogo sobre esperança, o tempo todo isso é transmitido por meio do level design e de outras técnicas.

O combate é extremamente responsivo e convincente. Alba basicamente ataca com uma espada, se esquiva e salta. Tudo muda quando o lobo entra em ação: agora, você pode utilizá-lo para atacar outros monstros, prendê-los, acertar à distância e causar mais dano.

As batalhas contra chefes também são destaques à parte. Suas apresentações são lindíssimas, enquanto as cenas de encerramento do combate chamam a atenção pelo forte fator emotivo e por fazerem sentido em um mundo onde é preciso salvar a natureza.

Visualmente belíssimo

O trabalho visual da Nomada Studio é surpreendente. Os mapas possuem forte inspiração minimalista, mas a combinação de estética, efeitos ambientais, plano de fundo e cenários dinâmicos deixa tudo hipnotizante.

Não há outra palavra para classificar a arte de Neva além de linda. Desde os minutos iniciais da campanha, é possível perceber que a aventura será emocionante. Não demora para o game se mostrar como algo especial e único.

Essas sensações culminam com trechos cinematográficos de planos longos, direção de arte absurda, trilha sonora original muito emocionante e condução narrativa onde cada elemento é proposto de forma sensível.

Assim como Gris, Neva se prova como uma jornada inesquecível. E dadas as proporções, até mais que o título anterior. Há algo muito profundo nesse jogo e sobre o qual dificilmente você encontrará palavras para resumir.

Vale lembrar que ele vem com suporte completo ao DualSense: som pelo autofalante do controle, gatilhos adaptáveis e feedback tátil. Enquanto isso, o hardware do PS5 suporte 4K e até 120 FPS, assim como tempos de carregamento bem rápidos.

Neva: vale a pena?

Respeitoso, visualmente absurdo e impactante, Neva é uma experiência madura que lhe fará refletir sobre muitas coisas. Todos os elementos e técnicas de desenvolvimento conversam muito bem se fortalecem por uma narrativa única e com reviravoltas.

O título da Nomada Studio chega como um dos melhores jogos indie de 2024. Ele é a prova de como os resultados são óbvios quando se faz algo com carinho, mas sem deixar de lado o que os gamers querem: um título forte, com muita identidade e jogabilidade sólida.

Neva é uma aventura de plataformas que ficará na sua lembrança por muito tempo. Belos gráficos feitos à mão, combate e exploração profundas e história compacta que não ocupará excessivamente seu tempo.

O game será lançado nesta terça-feira (15) para PS4, PS5, Xbox Series, Nintendo Switch e PC.