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Momodora: Reverie Under the Moonlight: É indie, Mas…

por Raphael Batista
Momodora: Reverie Under the Moonlight: É indie, Mas...

Momodora: Reverie Under the Moonlight é o típico jogo que as pessoas avistam na PlayStation Store e, imediatamente, ignoram pelo visual clássico de 16 bits. Entretanto, aqueles que abrem mão de seus pré-julgamentos e apostam em uma proposta alternativa, definitivamente, vão se satisfazer com a essa produção de qualidade.

O título é do gênero ação-plataforma em 2D com características ágeis, semelhantes a Rogue Legacy, Super Metroid, Castlevania: Symphony of the Night.

Lançado em 2016 para o PC e recentemente para os consoles, Momodora: Reverie Under the Moonlight é o quarto jogo da série e, a seguir, você vai entender o porquê deste indie ser bom em suas premissas e garantir aos jogadores uma diversão equilibrada.

História aos trancos

Tratando-se inicialmente do enredo de Momodora 4, o jogador assume o controle da sacerdotisa Kaho, do vilarejo de Lun. Uma moça equipada com seu arco e flecha e sua folha de árvore para ataque (sim, uma folha).

O objetivo inicial é encontrar a rainha para esclarecer os motivos de aparições de seres malignos no vilarejo, assim em como todo o império. Porém, conforme Kaho aprofunda-se nos diversos cenários, ela percebe que há muito o que desvendar.

Neste quesito, o jogo peca por não fornecer informações que situem o jogador ao longo do progresso. Você sabe que precisa combater o mal e derrotar os inimigos, mas dúvidas são levantadas e não respondidas o tempo todo.

É chegando perto do fim do jogo que tudo começa a ser esclarecido. Apesar de não ser uma falha, acaba filtrando o objetivo do jogador ao básico. Como eliminar as ameaças para avançar. Até os momentos finais, não entendemos muito bem o porquê dos eventos e nem somos instigados a entendê-los.

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Próximo ao término da campanha, respostas são dadas às muitas perguntas feitas durante o jogo. Ao terminá-lo, conseguimos perceber o quadro geral dos acontecimentos.

A ideia do mistério é muito boa. Uma pena que não foi aplicada como deveria para que os jogadores possuíssem o desejo insaciável de compreender os eventos.

Uma jogabilidade conhecida

O ponto alto de Momodora: Reverie Under the Moonlight é, absolutamente, a fórmula bem sucedida da jogabilidade baseada em seu gênero.

Apesar de não possuir combos variados, em Momodora os controles respondem muito bem aos comandos, tornando assim agradável a aventura. A jogabilidade é a principal responsável pelo compromisso total do jogador com o título.

Existem os ataques básicos, utilizados pela folha. Os ataques pelo arco e flecha, que podem ser carregados para causarem um dano maior. Esquiva, pulo, e o uso de itens para garantir benefícios ou vantagens durante os combates são outros movimentos disponíveis.

Com esses recursos à disposição, é preciso enfrentar desde gosmas até bruxas ao longo da jornada de Kaho, além dos mais variados chefões como uma centopéia.

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Centopeia maligna. Espero que não tenha cem vidas.

A dificuldade é um fator que deve ser levado em consideração. Momodora 4 não é difícil em si, já que os inimigos são fáceis de reconhecer os padrões e matá-los. Entretanto, Kaho é bem frágil e qualquer ataque dos adversários causa um prejuízo considerável.

Portanto, jogá-lo como se joga hack ‘n slash, por exemplo, acarretará em consecutivas mortes. A sacerdotisa não pode levar danos frequentes. Por isso, é necessário utilizar as esquivas, ataques a distância e ataques leves para garantir a vitória.

A mecânica é muito bem implementada e funciona corretamente. Agrada tanto aos jogadores hardcores como os que desejam uma experiência mais casual.

Progressão não-linear

Uma característica peculiar do game da Bomb Service é progressão não-linear, apesar de não ser um jogo de mundo aberto.

A progressão é baseada no avanço de regiões. Estas podem ser passadas caminhando até os limites da tela, ou passando por portas e caindo por grandes descidas. Mas nem todo trajeto é o caminho correto.

Por muitas vezes, deparei-me com locais inacessíveis devido à falta de uma habilidade ou item necessário para ultrapassar os obstáculos presentes. Para tanto, foi preciso procurar rotas alternativas que me fizessem progredir.

Um dos objetivos do título é fazer com que o jogador explore inteiramente todo o mapa. Existem muitas salas e muitas fases a serem descobertas completamente.

A proposta é divertida e interessante, uma vez que o jogo não fornece informações detalhadas sobre a funcionalidade de determinado item coletado. É preciso utilizar o cérebro para refazer os caminhos feitos e entender onde aplicar o objeto no inventário.

Ao contrário do enredo, que é imprescindível uma progressão mínima para que o jogador não se perca, na jogabilidade a escassez de detalhes obrigam a criatividade e a lógica a trabalharem.

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HM… Momodora ou Castlevania: Symphony of the Night?

Nota: uma mapa praticamente igual ao Castlevania: Symphony of the Night.

Totalmente brasileiro

Apesar de não ser comum em jogos indies, Momodora 4 está totalmente localizado para o nosso país!

As falas das personagens, o menu de itens, o menu principal, todos os elementos encontram-se em PT-BR. A tradução é feita com maestria, sem a presença de quaisquer erros semânticos ou ortográficos.

Vale lembrar que no jogo não existe falas sonoras, apenas escritas. É através da linguagem escrita que o game progride.

Tal fator positivo deve-se também ao fato de um dos desenvolvedores ser brasileiro (que beleza!). Uma bela produção com participação de um dos nossos conterrâneos.

Uma aposta certeira

Momodora: Reverie Under the Moonlight é, indubitavelmente, uma aposta certeira para aqueles que desejam uma experiência alternativa, diante das propostas no mercado atualmente.

Em uma tarde, levando até 5 horas, é possível terminar a campanha. Claro, dependendo do ritmo de cada um pode-se levar mais ou menos tempo. A questão é a experiência descompromissada com o tempo, mas comprometida com a diversão.

Infelizmente, para os caçadores de platina, ela não está presente. Porém, realizar 100% das tarefas também será um belo desafio.

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O título é extremamente forte em sua jogabilidade, apresentando fluidez, precisão e diversão nas doses equilibradas. A dificuldade é um fator que evolui com uma curva de aprendizado justa, mas igualmente exigente.

O fator replay é interessante apenas para aqueles que desejam o total. Caso contrário, não há muito de novo a ser descoberto em uma nova jogatina.

O ponto fraco é a cadencia exagerada no progresso da história, desestimulando o interesse pelos acontecimentos em torno da sacerdotisa.

Um jogo que é totalmente recomendável pela experiência divertida, equilibrada e prazerosa.

VEREDITO: É Indie, mas… É (muito) legal!

O que há de bom:

  • Jogabilidade fluída
  • Desafios na medida
  • Necessidade da lógica
  • Exploração dos cenários longânima
  • Tradução excelente
  • Belo visual 16 bits

O que há de não tão bom:

  • Enredo exageradamente cadenciado
  • Gameplay breve
  • Fator replay interessante apenas para os 100%
Raphael Batista
Raphael Batista
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Jogando agora: Dragon Age: The Veilguard | LEGO Horizon Adventures
Formado em Teologia e apaixonado por PlayStation desde sempre. Jogos preferidos são The Witcher 3, Metal Gear Solid, God of War e Marvel's Spider-Man.