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Metaphor: ReFantazio: vale a pena?

Envolvente e "absolute gaming", Metaphor: ReFantazio estabelece o estilo personalike em aventura medieval inesquecível

por André Custodio
Metaphor: ReFantazio: vale a pena?

Uma coisa não há como negar: a maratona de lançamentos da Atlus vem chamando a atenção nos últimos meses. Enquanto Persona foi reforçado com um remake e a elogiada expansão de Aigis, Shin Megami Tensei teve uma versão aprimorada de seu quinto jogo.

Sabemos bem o resultado de cada um desses games: todos super elogiados pela crítica e pelos fãs. E se as expectativas ainda não eram tão altas pela estreia de Metaphor: ReFantazio, a corrente de positividade por parte da comunidade mais fiel se manifestou e trouxe um resultado com o selo de qualidade da empresa.

Não é fácil apostar em uma propriedade original depois de estabelecer tão bem as franquias de JRPG. Mas felizmente, quando algo está em mãos competentes e regularmente inspiradas, as chances de acontecer contratempos são praticamente mínimas.

Começa a corrida pelo trono

O rei está morto. Assassinado em seu próprio quarto. O príncipe, seu sucessor, foi alvo de um atendado e, amaldiçoado, está impedido de assumir o que é seu por direito. Mas uma notícia surpreendente abala o reino de Euchronia.

Nos céus, uma figura semelhante ao antigo monarca surge. E como se representasse seus próprios desejos, ele anuncia: o novo rei será eleito pelo povo. A partir de agora, quem estiver interessado em sentar na cadeira deve conquistar, pela diplomacia ou força, apoio.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

Eis então que, em meio a figuras da Igreja, da infâmia e da cultura local, um inesperado elda decide competir pela glória máxima. E motivado pelas mais puras razões envolvendo vingança e igualdade, ele abalará os países de Euchronia de forma nunca vista.

Metaphor: ReFantazio é um JRPG baseado em batalha por turnos e ambientado em um universo de fantasia. O título segue a fórmula da franquia Persona, introduzindo um amplo foco narrativo e mecânicas de vínculos sociais.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

O título também estabelece o personalike como potencial novo estilo de jogo. Os melhores recursos da franquia aparecem no jogo, mas de forma adaptada e enriquecida através de um mundo profundo e de um ótimo desenvolvimento de personagens.

Além disso, fãs das histórias dos demônios podem esperar missões secundárias mais coerentes. Como a aventura exige que os jogadores se tornem reis por meio de ações altruístas, ajudar habitantes de Euchronia em diversos tipos de problemas faz muito sentido.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

Outro destaque fica por conta da campanha. A história principal de Metaphor: ReFantazio leva facilmente mais de 70h para ser batida. Mas surpreendentemente esse tempo não passa de forma árdua: o excelente ritmo narrativo e o gameplay ajudam significativamente.

Mundo original e narrativa sobre temas delicados

O universo de Metaphor: ReFantazio é belíssimo. Os visuais do game são apresentados em três modelos gráficos: cell-shading no estilo Naruto Ninja Storm, animações em 2.5D em momentos centrais da história e belas cenas inspiradas em animes.

E falando em anime, não há como negar que Attack on Titan contribui muito para a criação do mundo. Diversas referências podem ser encontradas ao longo da campanha, mas as inúmeras pitadas de originalidade deixam a experiência mais imersiva.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

São tribos, elementos de metodologia, colecionáveis e vários arquivos integrados à jogabilidade de Metaphor: ReFantazio. Até mesmo as informações tutoriais são reunidas na bela biblioteca de More, personagem misterioso e fundamental para a progressão.

Em entrevista exclusiva, o diretor do game, Katsura Hashino, comentou sobre as bases envolvendo a introdução do mundo. E nesse aspecto, há uma exploração profunda de temas delicados que adaptam não apenas o nome, mas o conceito por trás de sentimentos.

Metaphor: ReFantazio
André Custodio

Entre eles, estão: melancolia, ansiedade, medos e traumas. A exposição de cada sensação gera poderes absolutos nos personagens principais de Metaphor: ReFantazio, permitindo que entidades conhecidas como Arquétipos deixem o casco.

Saem os demônios, entram os Arquétipos

Caso fosse preciso resumir o que seriam os Arquétipos de Metaphor: ReFantazio, a resposta mais fácil é: os equivalentes aos demônios. Essas representações das ansiedades e dos medos são as versões realmente poderosas de cada personagem da equipe.

A forma como eles são apresentados na campanha é impactante, mas o gameplay adiciona camadas e camadas de profundidade. São pouco mais de duas dezenas de Arquétipos, cada um contendo estatísticas, vantagens, fraquezas e adaptações.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

Forma uma equipe pensando nessas entidades é essencial, pois agora eles podem atacar em conjunto, gerando poderes maiores conhecidos como sinergias. Além disso, há como adicionar habilidades personalizadas aos heróis e evolui-los.

Os Arquétipos aparecem a partir de grandes picos de emoção, mas podem ser utilizados por outros personagens por tabela. Dessa forma, as formações de build em Metaphor: ReFantazio se enriquecem muito, aliando-se a uma tonelada de armas e armaduras únicas.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

Assim como ocorre em Persona, o game também inclui sistemas de combate conhecidos por fãs. Vários poderes resgatam nomes consolidados pela franquia de JRPG, enquanto outros poderes aparecem como algo inédito.

Tudo isso, aliado à excelente trilha sonora, à grande variedade de inimigos, às lutas visualmente impressionantes contra chefes e a batalhas mais dinâmicas e aceleradas, torna a experiência mais satisfatória em relação ao que é visto em Persona e Shin Megami.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

Além disso, a Atlus adicionou uma ferramenta de hack ‘n’ slash para atordoar inimigos fora da batalha. Os movesets desse modo são convenientes e se ajustem às armas, exigindo que os jogadores conheçam seus movimentos (e dos inimigos) antes de aplicá-los.

Outra novidade no JRPG inclui a possibilidade de reiniciar batalhas a qualquer momento e já dentro do combate. Toda a memória de vantagens e fraquezas permanece e permite explorar novas abordagens, trocando os membros da equipe para obter benefícios.

Tempo que passa rápido

No geral, a experiência da campanha de Metaphor: ReFantazio é muito funcional. Pessoas mais exigentes não “passarão pano” para alguns furos duvidosos de roteiro, mas a história sabe onde quer chegar e instiga a todo instante.

A abordagem no jogo é bastante madura e lembra um pouco o que foi feito em Shin Megami Tensei V: Vengeance, mas agora em um mundo medieval mais estilizado.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

E assim como nas franquias que lhe inspiraram, Metaphor: ReFantazio possui links sociais com diversos personagens e NPCs, missões secundárias, objetivos secretos, atividades envolvendo atributos do Protagonista e uma tonelada de conteúdos narrativos.

Enquanto isso, o calendário retorna, mas de forma menos punitiva. Não é necessário gerenciar rigorosamente as limitações do dia, mas entender mudanças climáticas e horários conscientemente podem lhe oferecer mais benefícios.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

Metaphor: ReFantazio também inclui atividades paralelas para aprimorar separadamente estatísticas de vida e de mana. Além disso, o Trotador reserva interações que, se bem aproveitadas, deixarão sua equipe ainda mais poderosa.

É, de fato, um sistema de progressão rico que expandirá bastante o tempo da campanha, especialmente se você desejar obter a platina ou alcançar o máximo possível do jogo. E lembrando: há apenas um final. Dessa forma, as escolhas impactam apenas as recompensas.

Metaphor: ReFantazio: vale a pena?

Profundo, inspirado e extremamente rico em conteúdos, Metaphor: ReFantazio é mais um acerto da Atlus. Seja você fã ou não de JRPG por turnos, é impossível não se encantar pelo mundo de Euchronia e pelos seus bem desenvolvidos desdobramentos sociais.

O título é assertivo em relação às discussões humanas e se aproveita de elementos de jogabilidade de Persona para expandir as alternativas de exploração narrativa. E tudo isso apresentado por três estilos gráficos e textos e menus em português do Brasil.

Metaphor: ReFantazio é muito recomendado e surge como um dos grandes lançamentos de 2024. Ótimo custo-benefício, ele lhe renderá dezenas e dezenas de horas de jogabilidade, com conteúdos principais, paralelos e de endgame.

Metaphor: ReFantazio
Fonte: André Custodio

O título está com pré-venda disponível em mídia física e sai por R$ 350 em preço cheio. É muito fácil afirmar que você precisar ficar de olho nessa aventura medieval. Uma aposta certeira que vale a pena investir cada segundo do seu tempo.

Metaphor: ReFantazio será lançado em 11 de outubro para PS4, PS5, Xbox Series e PC.

Veredito

Metaphor: ReFantazio
Metaphor: ReFantazio

Sistema: PlayStation 5

Desenvolvedor: Atlus

Jogadores: 1

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91 Ranking geral de 100
Vantagens
  • Mundo envolvente e original
  • Visuais belíssimos com três estilos de animação
  • Excelente ritmo narrativo com missões secundárias coerentes
  • Variedade gigantesca de armas, equipamentos e builds
  • Adapta os melhores elementos da franquia Persona
  • Sistema de rastreamento de masmorras muito funcional
  • Mecânicas de ação em tempo real muito convincentes
  • Ótimo desenvolvimento de personagens
Desvantagens
  • Conveniências narrativas poderiam ser menos óbvias
André Custodio
André Custodio
Redator
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Jogando agora: Metaphor: ReFantazio, Until Dawn
Fã de jogos de terror e desbravador de soulslike vez ou outra. Consegui me livrar de FIFA por motivos pessoais (ruindade) e hoje me sinto uma pessoa melhor. Também curto platinas, mas não vou atrás de algo que me tira do sério.