Marvel’s Spider-Man 2 (PC): vale a pena?

Pouco mais de um ano após chegar ao PlayStation 5, onde foi bastante elogiado, Marvel’s Spider-Man 2 chegou ao PC com a promessa de uma aventura ainda melhor. Enquanto no console da Sony ele já se aproveitou de soluções como carregamento rápido e um bom suporte a Ray Tracing, a nova versão prometia ir além disso ao se aproveitar de hardwares mais recentes e flexíveis.

De certa forma, a Nixxes Software, que já havia trabalhado nos jogos anteriores da série, conseguiu entregar essa promessa. Ao mesmo tempo, uma série de problemas técnicos faz com que a adaptação seja uma das mais decepcionantes da história do estúdio — e a melhor maneira de aproveitar o game continua sendo o console de mesa.

Marvel’s Spider-Man 2 no PC é sobre escolhas

Durante os testes de Marvel’s Spider-Man 2 no PC, ficou evidente que ele se trata de um jogo sobre escolhas. Devo ligar o Ray-Tracing para melhorar o visual do game, com o risco de perder metade de seu desempenho? Vale a pena ter uma Nova York vazia para conseguir atingir os 60 FPS?

Vou realmente quebrar minha cabeça com esse sistema de mouse e teclado confuso, ou é melhor aceitar a realidade e investir logo em um gamepad? Esses são somente alguns dos exemplos de perguntas que o título gerou, que foram intercalados por momentos de frustração com bugs visuais e alguns pequenos glitches.

Enquanto os patches lançados até o momento garantiram que não tivemos os crashes relatados por muitas pessoas (e que parecem afetar mais quem usa hardwares da AMD), a sensação que ficou é a de um trabalho ainda incompleto. Mesmo depois de passar muito tempo nos menus de configuração ajustando detalhes, parece que não há uma configuração que realmente consiga manter o jogo estável.

Para a realização desta análise, foi usado como base um sistema que está um pouco envelhecido, mas ainda é mais do que suficiente para rodar a maioria dos jogos modernos na resolução 1440p em alta qualidade. Ele tem como base uma CPU Intel Core i9 9900K, uma GPU NVIDIA GeForce RTX 4080 e 32 GB de RAM, enquanto a instalação do jogo foi feita em um SSD M.2 com 1 TB de capacidade.

Nesse contexto, foi relativamente tranquilo atingir os 60 FPS a maior parte do tempo (mas com stutters frequentes em momentos aleatórios) usando uma mistura de configurações altas e outras médias. Infelizmente, embora o jogo traga descrições explicando quais áreas são afetadas por cada opção, na prática só dá para saber como elas impactam o jogo na base dos testes práticos.

Os principais “vilões” de Marvel’s Spider-Man 2 no PC não são Kraven ou Venom, mas sim questões como a densidade da população e do trânsito. No entanto, o grande adversário do título é o Ray Tracing: use qualquer opção além dos reflexos em uma GPU que não seja de alto desempenho e esteja preparado para ver sua taxa de quadros cair vertiginosamente.

O grande limitador de desempenho parece ser o consumo de VRAM — ou seja, esqueça usar aquela sua GPU com 8 GB para aproveitar o Ray Tracing —, que deve ser mantido controlado. No entanto, essa tarefa se torna um pouco difícil, dado que o game não tem um indicador claro dos recursos que estão sendo consumidos — logo, voltamos para as “escolhas” mencionadas anteriormente, bem como para os longos testes ajustando configurações individualmente.

Um port com problemas notáveis

O estado de Marvel’s Spider-Man 2 está longe daquele mostrado por The Last of Us: Part I em sua estreia, mas ainda há motivos suficientes para que não valha a pena investir nele no momento atual. O principal deles é que simplesmente não parece haver um meio de chegar aos 60 FPS de forma estável, por mais que se mexa nas configurações.

Enquanto é possível chegar a essa taxa de maneira relativamente simples, o game é marcado por quedas e subidas que podem acontecer em momentos aparentemente aleatórios. Enquanto é de se pressupor que os momentos mais “desafiadores de hardware” do título seriam em seus trechos de mundo aberto, muitas vezes são suas cenas mais contidas que derrubam o desempenho, mesmo que momentaneamente.

Também não ajuda o fato de que a resolução dinâmica, que deveria fazer ajustes automáticos para manter uma boa taxa de quadros, mostra sérios sinais de que não está funcionando corretamente. De forma semelhante, recomendamos passar longe do Ray Tracing Reconstruction — que não deixa o jogo notavelmente mais bonito e também destrói seu desempenho, a não ser que você tenha uma GPU top de linha.

Para completar, o título tem uma série de bugs visuais que não existiam na versão para PlayStation 5 e que incomodam. De certa forma, a adaptação parece até ser um elogio ao trabalho de otimização da Insomniac, que conseguiu um bom equilíbrio entre visuais e desempenho em uma plataforma limitada — algo que o PC, com todo seu poder a mais, parece não conseguir oferecer de uma maneira competente no momento atual.

Talvez seja melhor esperar

Dadas todas as críticas feitas à adaptação de Marvel’s Spider-Man 2 até o momento, pode parecer que o game está horrível no PC ou impossível de jogar — mas esse não é o caso. No entanto, a versão disponível atualmente é imperfeita e vai gerar muita frustração entre aqueles que são mais preciosistas.

É possível jogar a aventura do começo ao fim, mas isso significa ter que lidar com instabilidades de desempenho e alguns glitches que podem ser bem chatos. Eles vão desde questões complexas, como objetivos de missões que não aparecem (a não ser recarregando um save anterior), até a impossibilidade de fazer login na PSN — algo que não mudou em nossos testes mesmo após o lançamento dos primeiros patches.

Em resumo, quem não quiser ter grandes dores de cabeça e contar com um PS5 em casa ainda tem no console da Sony a melhor maneira de desfrutar de Marvel’s Spider-Man 2. Caso o PC seja sua única opção, o melhor a fazer no momento é aguardar por alguns patches — e quem sabe uma promoção — antes de investir seu dinheiro e tempo na adaptação.